Alguns filmes nós gostamos, outros amamos, e ainda existe a categoria daqueles que temos de nos segurar na poltrona para passar vergonha de levantar ao final e aplaudir. Digo isso, pois essa foi sem dúvida alguma a sensação que tive ao acabar "O Jogo da Imitação", pois até sabia das 8 indicações ao Oscar, mas fui singelamente assistir ao filme tendo visto o trailer apenas uma vez e sem saber ao certo o que esperar dele, então fui pego com uma história tão boa, tão bem montada e trabalhada pela direção, com atuações incríveis e fascinantes, cenografias precisas e sem exageros, uma trilha sonora que nos prende do início ao fim, que não tem outra forma de expressar todos os sentimentos que o longa transparece senão com uma salva de palmas. Incrível em tudo, e perfeito demais, nunca esperava que uma pré-estreia de 2 semanas pudesse me deixar tão feliz.
O filme, baseado na história real do lendário criptoanalista inglês Alan Turing, considerado pai da computação moderna, narra a tensa corrida contra o tempo de Turing ao ser convocado para liderar uma equipe no projeto Ultra, a fim de descobrir os códigos de guerra nazistas e, dessa forma, ajudar os aliados a vencerem a Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, Turing precisa esconder sua homossexualidade, considerado crime na época.
Alguns conseguem aprender com o tempo e fazer bons roteiros, outros já acertam em cheio no primeiro filme, e com Graham Moore a sorte lhe sorriu monstruosamente, pois ao adaptar o livro de Andrew Hodges: "Alan Turing: The Enigma", não apenas fez uma história fascinante como ficou milionário instantaneamente ao vender os direitos pra Warner pela bagatela de 1 milhão, mas pela forma contextual que conseguiu agradar em cheio envolvendo e não apenas desenvolvendo a trama, o valor foi até pouco, já que ficou muito boa a adaptação, vamos torcer para ganhar o Oscar e assim começar mais do que com o pé direito. O diretor norueguês Morten Tyldum chegou agora em Hollywood e trabalhou com um orçamento monstruoso para criar impecavelmente nuances precisas tanto para que os atores sobressaíssem como para a história criada ficasse ainda mais perfeita, e isso não é uma coisa fácil em dramas históricos, pois como muitos conhecem o que ocorreu realmente, qualquer loucura fora do contexto poderia queimá-lo de uma forma que nem voltando para a Noruega conseguiria fazer algo, mas muito pelo contrário, o que acabou fazendo nesse longa lhe dará diversos outros filmes bons, pois mostrou serviço com uma eficiência ímpar. E para fechar com chave de ouro, o diretor que é editor também, juntou-se com a William Goldenberg para fazer uma montagem que vai sendo desenvolvida aguçando toda a curiosidade do espectador em querer saber mais, mesmo não atrapalhando nem o contexto da cena que está sendo mostrada, muito menos do filme no todo, ou seja, daqueles filmes que quando acontece o que todos estão esperando, acabamos vibrando junto com os personagens, e isso também garantiu ao editor a indicação ao Oscar.
Falar da atuação é sempre algo que acaba sendo marcante, pois as vezes já somos fãs de algum ator, outras vezes apenas nos simpatizamos com ele, e Benedict Cumberbatch já vem nos conquistando há algum tempo com suas ótimas interpretações, seja no cinema com sua cara mesmo, seja através da computação gráfica ou até mesmo na TV com ótimas séries, mas o que fez aqui dessa vez com seu Alan, foi algo muito além de tudo que já fez, conseguiu incorporar um personagem real com uma vivacidade e emoção que acabamos vidrados no que faz, torcendo mesmo fronte a suas loucuras para que consiga tudo e mais um pouco, ou seja, perfeito demais e a torcida pelo Oscar ao menos minha é dele. Keira Knightley é daquelas atrizes que sabem o que está fazendo quando entra em cena, e mesmo com poucas cenas, o resultado expressivo de sua Joan lhe garantiu ao menos uma indicação ao Oscar, claro que provavelmente não irá ganhar, já que as demais candidatas estão ótimas também, mas conseguiu trabalhar expressões fortes nas cenas mais precisas, e isso vale demais. Mathew Goode faz um Hugh perfeito em diversas cenas e surpreende trabalhando mesmo com um pouco de arrogância no seu personagem, mas ainda assim suas cenas fortes são excelentes. Mark Strong aparece 2 ou 3 vezes como o agente do MI6 Menzies e conseguiu mandar muito bem também na dinâmica do personagem. Charles Dance faz uma interpretação dura, mas bem interessante com seu Denniston e claro que os fãs de Game Of Thrones esperariam até mais presença dele em cena, mas por ser alguém que vai contra o protagonista, no filme foi bom que ficou longe dele, mas sempre que aparecia fazia de tudo para impressionar. Allen Leech consegue dar nuance para um personagem que parecia bobo, mas ao decolar seu John faz tudo tão bem trabalhado que com o fechamento da história mostrando a forma que foi contada conseguimos ter ter uma surpresa expressiva dentro do personagem. Temos muitos bons atores e ficar falando de cada um seria alongamento demais do texto, mas para finalizar vale a pena destacar Rory Kinnear que fez de seu detetive mais do que apenas um simples personagem, mas um ouvidor/espectador da história como nós mesmo fomos, já que está tomando depoimento do protagonista sobre tudo que ocorreu.
Outro ponto fascinante e que também garantiu uma indicação é a direção de arte, pois com uma cenografia bem trabalhada e ambientada para que a Guerra fosse colocada não como algo forçado que já vimos em diversos filmes, mas na medida correta para desenvolver a história que está sendo contada ali, os acertos acabaram ficando bem montados e determinaram o fluxo da história, a máquina construída é assustadora, mas caiu bem demais com todos os demais elementos cênicos e assim o resultado acabou envolvendo junto da boa atuação que usou cada um dos elementos nas cenas com precisão cirúrgica para que ambos se destacassem. As diversas imagens de arquivos foi um acerto bem colocado dentro da trama, mas alguns podem até reclamar da falta de textura nessas imagens, ao diferenciar totalmente do que é usado no restante do filme, e assim a fotografia mesmo estando impecável acabou pesada para compensar esses detalhes, e infelizmente mesmo estando envolvente nos sombreamentos acabou fora das indicações, mas ainda assim o trabalho de Oscar Faura foi visto com primor técnico.
A trilha de Alexandre Desplat sempre cai bem com qualquer filme, mas aqui nos envolve de uma maneira que é impressionante de ouvir e sentir, pois a cada momento dramático do filme o misto entre silêncio, barulho das engrenagens da máquina e a orquestra tocando forma algo que fica repetindo em nossa mente sempre que lembrarmos do longa, e isso é muito bacana, ou seja, mais uma excelente indicação para o compositor no Oscar.
Enfim, até me repeti demais para dizer o quanto adorei o longa, e pelas torcidas que farei para que ganhe muitos prêmios, para quem não contou as 8 indicações no texto aqui estão elas: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção, Melhor Edição, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Direção de Arte (ou Design de Produção) e Melhor Trilha Sonora. Claro que antes do Oscar temos também o Bafta para torcer já que no Globo de Ouro acabaram esquecendo de premiar quem valesse a pena mesmo. Já falei demais, e estou parecendo aqueles tietes que tentam pôr na cabeça das pessoas que um filme é ótimo, mas disse aqui, então mais do que recomendo o longa para todos sem exceção, claro que aqueles não são muito fãs de dramas talvez fiquem meio com o pé atrás pelo ritmo da trama, mas posso garantir que todos vão gostar com certeza. O longa estreia somente daqui duas semanas oficialmente, mas permanece em pré-estreia em diversos cinemas, então corra e aproveite essa oportunidade que a Diamond Films nos proporcionou. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã estou de volta com mais estreias que vieram para o interior, então abraços e até breve.
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