Passados mais de 2 anos, cá fui eu novamente conferir uma ópera ao vivo no UCI Cinemas, e assim como me deslumbrei com "Aída", o resultado aqui com "Os Contos de Hoffmann" não foi diferente. Claro que as canções dessa produção não são tão conhecidas como foi naquela época, mas ainda assim, ver os tenores mandando ver em francês com uma super produção cênica de figurinos coloridos e bem contextualizados foi de um agrado só, e como disse da outra vez, por conhecer o quão duro é produzir um cenário, ver eles montando tudo do próximo ato tão rapidamente entre um intervalo de 20-30 minutos com as entrevistas, é algo que não tem preço e agrada demais.
A sinopse completa da ópera é essa:
Prólogo: Taverna de Luther em uma cidade alemã. O poeta Hoffmann está apaixonado por Stella, a cantora da ópera. Lindorf, um rico conselheiro que também a ama, interceptou um bilhete que ela escreveu para Hoffmann. Lindorf está confiante de que irá consegui-la só para si. Entrando com um grupo de estudantes Hoffmann canta uma balada sobre um anão desfigurado, chamado Kleinzach. Durante a música, sua mente traz vagas lembranças de uma linda mulher. Quando Hoffmann passa a enxergar Lindorf como seu rival, os dois homens trocam insultos. A Musa de Hoffmann, que assumiu a aparência de seu amigo Nicklausse, os interrompe, mas o encontro deixa o poeta com a sensação de que um desastre se aproximava. Ele começa a contar as histórias de seus três últimos amores...
Ato I: O excêntrico inventor Spalanzani criou uma boneca mecânica chamada Olympia. Hoffmann, que acha que ela é filha de Spalanzani, se apaixonou por ela. Coppélius, o ex-sócio de Spalanzani, vende a Hoffmann um par de óculos mágicos, através dos quais ele consegue enxergar Olympia como um ser humano. Quando Coppélius exige sua parte nos lucros que os dois inventores esperavam obter com a boneca, Spalanzani o entrega um cheque sem valor. Convidados chegam, e Olympia cativa a multidão com uma deslumbrante apresentação de uma ária, a qual é interrompida diversas vezes para que o mecanismo da boneca seja recarregado. Inconsciente disso, ao assistí-la através de seus óculos, Hoffmann fica encantado. Ele declara seu amor e os dois dançam. Olympia rodopia cada vez mais rápido conforme seu mecanismo gira fora de controle. No meio do tumulto, os óculos de Hoffmann são quebrados. Coppélius, ao descobrir que o cheque não tinha valor, retorna furioso. Ele agarra Olympia e a despedaça enquanto os convidados zombam de Hoffmann por ter se apaixonado por uma máquina.
Ato II: Antonia canta uma triste melodia de amor, repleta de memórias de sua já falecida mãe, uma famosa cantora. Seu pai, Crespel, a levou embora na esperança de terminar seu relacionamento com Hoffmann, e implora para que ela pare de cantar: ela herdou o coração fraco de sua mãe, e o esforço poderia colocar sua vida em risco. Hoffmann chega e Antonia se junta a ele, cantando, até que ela quase desmaia. Crespel volta, alarmado com a chegada do charlatão Dr. Miracle, que cuidou da esposa de Crespel no dia de sua morte. O médico afirma que ele pode curar Antonia, mas Cresppel o acusa de ter matado sua esposa, e o põe para fora. Hoffmann, ao ouvir a conversa, pede para que Antonia pare de cantar, e ela aceita, ainda que relutante. No momento em que ele vai embora, Miracle reaparece, incitando Antonia a cantar. Ele invoca a voz de sua mãe, que afirma querer que a filha reviva a glória de sua própria fama. Antonia não consegue resistir. Sua cantoria, acompanhada pelo violino que Miracle toca freneticamente, fica cada vez mais intensa, até que ela desaba. Miracle, friamente, a declara morta.
Ato III: A cortesã veneziana Giulietta junta-se a Nicklausse em uma barcarola. Em meio a uma festa, Hoffmann zombeteiramente exalta os prazeres da carne. Quando Giulietta o apresenta ao seu amante atual, Schlémil, Nicklausse alerta o poeta quanto aos encantos da cortesã. Hoffmann nega possuir qualquer interesse nela. Tendo escutado, o sinistro Dapertutto exibe um diamante grande, com o qual ele irá subornar Giulietta para roubar o reflexo de Hoffmann para ele - assim como ela roubou a sombra de Schlémil. Quando Hoffmann está prestes a partir, Giulietta o seduz até que ele confesse seu amor por ela. Schlémil retorna e acusa Giulietta de tê-lo trocado por Hoffmann, que percebe, horrorizado, que perdeu seu reflexo. Schlémil desafia Hoffmann a um duelo, e é morto. Hoffmann pega, do corpo de seu rival morto, a chave para o quarto de Giulietta, mas encontra o cômodo vazio. Ao retornar, ele a vê deixando o palácio nos braços do anão Pitichinaccio.
Epílogo: Ao terminar de contar suas histórias, tudo o que Hoffmann quer é esquecê-las. Nicklausse declara que cada história descreve uma característica diferente de uma mulher: Stella. Chegando à taverna após sua apresentação, a cantora encontra Hoffmann bêbado e vai embora com Lindorf. Nicklausse resume a aparência dela chamando-a de Musa, e diz ao poeta que ele deve encontrar consolo em sua capacidade criativa.
Com a história em mente já dá para ver que é algo bem trabalhado, que cantado em francês tem um âmbito ainda mais expressivo e interessante nas vozes de Vittorio Grigolo com Hoffmann, Kate Lindsey como A Musa, Erin Morley fazendo Olympia, Hibla Gerzmava dando sua voz para Antonia e Stella, Christine Rice fazendo Giulietta, e Thomas Hampson sendo Lindorf e outros três vilões.
O primeiro ato junto com o prólogo é a parte mais bacana da ópera, nos divertindo e agradando bastante com muitos figurantes cantando também junto. O segundo ato é o mais lento e chega até cansar um pouco, mas ainda assim é bem belo pela tonalidade da iluminação. Enquanto o luxo domina no terceiro ato que ao voltar diretamente sem intervalo para a taverna dá um show de sincronismo e acaba envolvendo magicamente todos os espectadores da plateia.
Com uma cenografia cheia de detalhes, a equipe técnica fez milagres e encheu nossos olhos com panos subindo, fundos infinitos e muita iluminação diferenciada o que dá um tom perfeito para o que o diretor preparou. Assim sendo, repito, ver num cinema todo esse aparato, e ainda por cima poder conferir as montagens cênicas entre um ato e outro é de uma grandeza ímpar e vale muito a pena.
A orquestra regida por Yves Abel trabalhou com uma partitura interessantíssima e cheia de nuances para dar a tonalidade dos tenores, e assim nos envolver do início ao fim.
Bem é isso pessoal, mais uma vez agradeço aos amigos do UCI Ribeirão, principalmente o projecionista Geraldo, pelo convite para conferir esse espetáculo e com toda certeza recomendo que vejam as demais dessa temporada, ou aguardem o próximo ano, já que infelizmente essas óperas acabam passando apenas uma vez nos cinemas UCI, mas a cada 15-20 dias tem uma nova, então não deixem de ir. Fico por aqui agora, mas ainda pretendo conferir mais um longa hoje que amanhã falo o que achei, então abraços e até breve.
Não consegui puxar o trailer para cá, mas pode ser visto aqui: http://www.metopera.org/video/2014-15/la-boheme/watch/les-contes-dhoffmann-trailer/3993366369001
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