A Entrevista

2/01/2015 10:36:00 PM |

Claro que o filme mais polêmico do ano passado iria passar nos cinemas! Alguém tinha essa dúvida ainda? Agora se foi ou não uma jogada de marketing bem atrapalhada não temos como falar, mas o resultado que "A Entrevista" causa em quem gosta de comédias escrachadas cheias de piadas sujas e escatologias soltas é de causar crise de risadas e mais ainda pensar se algum chefe de estado realmente se sentiu ofendido com as piadas ser condenado por burrice, pois mesmo que a ficção fale mal do seu país através de zombarias, quantas vezes já não atacaram outros lugares? Ou seja, quem quiser rir bastante de um besteirol, esse é o filme que deve ser visto com certeza.

O filme nos mostra que cansados de fazerem entrevistas apenas com celebridades, um famoso apresentador de um popular programa de televisão e seu produtor decidem buscar uma linha mais série de jornalismo. Eles conseguem marcar uma entrevista com o ditador Kim Jong-un, da Coreia do Norte. Sabendo disso, a CIA decidem convocar os dois sujeitos para um plano para assassinar o ditador. A coisa só complica um pouco quando o apresentador começa a se identificar com os dramas vividos pelo governante.

A história embora tenha diversos percalços no meio que não são tão bem feitos, principalmente nas cenas finais aonde partiram pra dedos cortados e sangue voando inutilmente, consegue ser bem pensada e divertida a ponto de fazer rir pela situação, algo que Seth Rogen não conseguia fazer a muito tempo em seus filmes, onde sempre era necessário quase que desenhar a piada para que o público risse, o que aqui felizmente ocorreu com uma quantidade menor de casos. Claro que em alguns momentos ficamos falando: "ele não tá fazendo isso", mas na sequência encaixa algo tão bem com o que faz, que o jeito é rir, e se a proposta que ele queria era de fazer algo engraçado, finalmente saiu do papel um acerto, já que o anterior "É o Fim" foi ridículo, ao ponto de não ter graça em quase nada. Sua direção junto do parceiro Evan Goldberg foi acertada em diversos pontos, pois soube segurar as piadas certas nos momentos certos, trabalhando com a câmera e com o texto simultâneos, não deixando que um exagerasse ou devorasse o outro, e assim o filme passa tão rápido que nem parece ter quase duas horas.

No quesito atuação Seth Rogen e James Franco já devem quase ter casado, lembrando um pouco a dupla Sandler e Schneider que estavam sempre juntos em filmes e na vida real, mas como disse pra um amigo, a parceria depois de certo tempo ou atrapalha ou começa a funcionar muito bem, e aqui com brincadeiras envolvendo duplas famosas do cinema numa das cenas iniciais, mostrou que ambos estão muito bem conectados e vão nos divertir mais vezes com esse estilo de filme, o jeito agora é aguardar qual vai ser a próxima polêmica que vão se enfiar. Franco é o tipo de ator que topa qualquer roteiro, e daqui a pouco vai estar pior que o Nicolas Cage aparecendo até em filme de churrasco de aniversário de família, mas ao menos consegue fazer boas caretas e se encaixar nas situações que o filme pede, seu apresentador é completamente caricato e com certeza muitos apresentadores se enfureceram por ele copiar a maioria deles, mas se é assim mesmo, qual o problema, acaba sendo um acerto pra ele. Rogen atuando, dessa vez acredito que teria sido melhor ficar apenas atrás das câmeras como roteirista e diretor, pois não conseguiu dar sua cara para o personagem, faltou uma dinâmica melhor e expressões melhores para um produtor, e assim acaba decepcionando um pouco, embora sua cena após o tigre foi embora completamente pejorativa, uma das mais divertidas. Se eu fosse Randall Park, aí sim ficaria preocupado com a reputação, já que sua fisionomia ficou muito semelhante com o líder coreano, e ao trabalhar expressões e sacanagens em cima do personagem ficou divertido, mas completamente abusivo para um chefe de estado, mas se a ideia era divertir, acertou bem. Diana Bang fez uma marqueteira do governo coreano, meio bobinha demais, em alguns momentos achei que fosse chamar mais atenção, mas apenas funcionou como encaixe para as piadas. Os demais apenas são coadjuvantes, alguns com mais de uma fala, mas nada que chamasse muita atenção, somente Lizzy Caplan tem alguns momentos acertados como uma agente da CIA, principalmente na cena do tigre, mas que depois acaba quase evaporando.

No quesito visual, dessa vez gastaram bem para construir, ou ao menos computadorizar, misseis, foguetes e outros apetrechos da Coréia do Norte, além de conseguir um tanque e muitas coisas para serem destruídas, então ao menos nesse quesito souberam aproveitar bem com cenografia e elementos para serem usados tanto como um fundo rico quanto servir de base para as piadas, ou seja, um bom trabalho da direção de arte. A equipe de fotografia também trabalhou bem dando nuances mesmo nas menores salas, para que os personagens sempre estivessem num plano hábil e correto para chamar atenção e fazer sua cena de forma interessante e divertida, o que agradou bastante, sem apelar para cores chamativas e efeitos fora demais da realidade.

Outro ponto bem acertado foram as trilhas sonoras escolhidas, que encaixaram bem demais nos momentos que foram colocados, inclusive com versões diferentes das originais para dar o charme na cena que aparecem. Os destaques claro vão para "Fireworks" da Katy Perry em duas versões e "Wind of Change" do Scorpions.

Enfim, tinha tanta certeza que iria odiar o filme, que fui ao cinema preparadíssimo para voltar com 20 pedras na mão falando mal dele, pois não é o estilo de comédia que gosto de ver, mas não ria tanto de um besteirol assim desde acho que os filmes do Leslie Nielsen, então felizmente funcionou para descontrair no Domingo, e com certeza recomendo ele para quem gosta do estilo piadas sujas sendo bem encaixadas na história. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda falta um longa que estreou por aqui nessa semana para conferir, então volto a postar assim que conferir ele. Então abraços e até mais galera.


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