Alguns filmes que vem como continuação nos deixam tão confusos que dificilmente conseguimos entender se realmente é uma continuação, um reinício de franquia ou um prequel (quando nos mostram algo que aconteceu antes do filme original). Digo isso de "A Mulher de Preto 2 - Anjo da Morte", pois mudou o elenco inteiro, mudou direção, mas manteve a base inteira da história, a casa e claro o fantasma, e como não falaram nada sobre essa dúvida, é mais fácil interpretar da forma que desejar e assistir o filme como algo único que agrada por ficar mais tenso devido ao tema embasado agora nas loucuras de guerra juntamente com problemas familiares, justificando melhor até casos de ver coisas, o que não é o caso aqui, mas se justificaria melhor, porém ocorreu um dos defeitos mais significativos do gênero, que é o exagero da falta de iluminação para tentar pegar o público desprevenido, e isso faz com que tenhamos de forçar demais nossa vista para conseguir ver qualquer coisa que seja na maioria das cenas, e de certa forma isso ao meu ver é muito ruim para uma produção.
O filme nos mostra que durante a Segunda Guerra Mundial, um bombardeio destrói a cidade de Londres, forçando diversas crianças a buscarem abrigo em cidades menores da Inglaterra. Edward é uma destas crianças traumatizadas, que acaba de perder os pais e não pronuncia uma palavra sequer. Ele é acolhido pela governanta Jean e pela professora Eve na Mansão do Pântano. O abrigo está caindo aos pedaços, mas serve como refúgio ao pequeno grupo. Aos poucos, no entanto, uma série de acontecimentos assustadores passam a afetar os novos hóspedes.
Com uma história mais convincente que o primeiro longa, e uma primeira metade lotada de informações interessantes sobre o desenrolar da trama, nem parecia tanto que o diretor queria assustar o público com a falta de iluminação, e dessa forma o que o diretor praticamente estreante Tom Harper nos entrega é um roteiro bem desenvolvido e cheio de possibilidades para ter mais continuações ou montagens possíveis em cima da história, mas por ser baseado no livro de Martin Waytes, talvez precisem abusar mais da criatividade num próximo. Outro ponto satisfatório da direção de Harper, é que ele não trabalhou com tantos sustos desnecessários, claro que isso está presente na trama, mas ele soube dosar bem o drama psicológico com as cenas mais escuras, para que na hora dos pulos desprevenidos, tivessem motivos interessantes e bem colocados. O único erro que insisto que é falha de três pessoas é o excesso de escuridão, que tanto o diretor errou em não cobrar mais da equipe de fotografia, quanto na edição poderiam clarear mais as cenas, já que com certeza não foi filmado 100% com as luzes apagadas, e aí erraram ao colocar filtros escuros demais para dar tensão e acabou não funcionando do jeito que desejavam.
No quesito atuação, novamente eu entro no assunto de até que ponto crianças não ficam traumatizadas após fazer filmes de terror? Dá desespero só de pensar em alguns filmes do gênero com crianças morrendo de formas estranhas e assustadoras, isso num futuro com certeza vai influenciar. Dito isso, as caras de assombro que Oaklee Pendergast faz é algo muito forte e junto o fato de não dizer praticamente nada durante o filme todo é mais tenso ainda, ou seja, o garotinho fez muito bem seu papel de Edward e se não virar um maluco pode ainda fazer mais bons filmes do gênero, já que também saiu muito bem no seu filme anterior "O Impossível". Phoebe Fox trabalhou bem a ingenuidade da personagem Eve, misturando os problemas que lhe foram atribuídos com expressões bem trabalhadas, e isso fica interessante de ver na tela, mas poderia se assustar melhor em algumas cenas, pois a convicção acabou exagerada demais, e acredito que isso não era o que queriam passar para ela, sendo mais dócil e assustada que crente de que tudo é verdadeiro. Pelo contrário Helen McCrory mesmo aparecendo pouco, conseguiu mostrar a dureza de sua Jean, que é explicada numa cena curta e impõe sua rigidez logo de cara, o que acaba sendo didático até demais, mas funcionou ao menos para não deixar a atriz como alguém estranho dentro da trama, não acreditando em nada, mas também quando assusta, exagera demais na forma expressiva, e isso poderia ter sido dosado. Jeremy Irvine até foi lhe entregue um papel bacaninha, com história para ser contada e tudo mais, mas seu Harry serviu mais como um galã clichê para salvar a mocinha do que para mostrar a expressividade do rapaz, e isso é um defeito muito grande que poderia até ser repelido. As demais crianças e adultos que aparecem fazem o tradicional, aparecendo em sustos e sendo crianças bonitinhas quando precisam, e assustadoras também quando é necessário, mas o destaque do elenco figurativo vai para Ned Dennehy que como um velho cego acaba assustando bastante, e o negativo dessa vez cai para a mulher do título que teve uma participação bem sem graça, já que no outro filme tinha ela mais vezes e participando das ações, aqui são mais os vultos.
No conceito visual tivemos muitos elementos aparecendo para dar a cenografia algo tenso e assustador, mas que foram quase nada usados para o filme, tirando um ou outro que sempre surgia na mão do garotinho, e olha que se formos a fundo vamos ver que tinha toneladas de objetos no cenário para servir para a trama, mas preferiram usar apenas de adorno cenográfico. E falando em cenografia, a vila ficou muito bem desenhada e Londres destruída vista de cima foi algo que empregaram com uma classe como ninguém jamais viu, claro que ao mostrar a cena das pessoas saindo do bunker já está batida demais em uns 10 filmes iguaizinhos, então está na hora de pensar algo melhor. No quesito fotográfico todos já sabem da minha reclamação desde o primeiro parágrafo, que é a falta de luz, pois poderiam usar tranquilamente o tom preto puxando para a escuridão total, mas vamos iluminar melhor para termos contraluzes interessantes e desenvolver sombras melhores.
Enfim, embora tenha gostado mais da história desse que do primeiro, é fato que esse assusta menos e tem mais defeitos, então quem curtir uma boa história por trás da trama vai ficar bem feliz, enquanto quem desejar pular mais de susto com um filme de terror, vai achar o longa fraco. Portanto essa é a dica para decidir se confere ou não o longa no cinema, se curtir sustos, não vai ser um longa que vai ficar tão feliz com o que verá, mas se gostar de história onde tem trabalho psicológico a chance de curtir é boa. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas ainda faltam 2 filmes para conferir nessa semana, então volto mais tarde com um novo post. Abraços e até breve.
PS: Ao chegar em casa estava com a nota 8 na cabeça para o filme, mas fui achando tantos defeitos conforme fui escrevendo que foi sendo rebaixada a nota até chegar no 6.
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