Quando observamos um estilo diferente de filme, às vezes ficamos contentes com o que é mostrado, outras vezes ficamos apenas pensando no que o roteirista ou diretor queriam nos passar. Sabemos que no passado, os filmes de sequestro com ideologias monetárias eram bem planejados e tinham todo o cuidado peculiar com figurinos e armações, mas na maioria das vezes os planos eram completamente sem nexo algum, e isso acabava de certa forma engraçado e acabava entretendo o espectador, daí algum grande fã desse estilo imagina que se fizer algo desse estilo nos anos atuais talvez vá ganhar destaque e agradar também, mas devemos sempre lembrar que por trás de uma ideologia simples, existiam excelentes roteiristas no passado, e se um filme desse estilo não for bem arquitetado, a chance dele se tornar completamente chato é altíssima, e infelizmente isso foi o que acabou acontecendo com "Sem Direito a Resgate", que até tem um desfecho bem bacana, mas para chegar até ele, seus 98 minutos parecem intermináveis.
O filme nos mostra que Mickey Dawson é sequestrada e seu rico marido, que está com a amante se recusa a pagar o resgate exigido pelos criminosos. Com isso, os sequestradores terão que se planejar para encontrar outra forma de receber o dinheiro desejado.
O grande problema do filme é sua semelhança com diversos outros filmes, porém sem o brilhantismo que outras produções tiveram, e mesmo o roteirista Elmord Leonard conseguindo desenvolver bem o romance no qual foi adaptado, o longa tem diversos problemas de ritmo que o diretor Daniel Schechter não soube resolver, tanto que não é de se assustar se for pesquisar sobre o longa e ver que assim como muitas produções brasileiras, o filme foi lançado para festivais em 2013, saindo em circuito comercial somente no final do ano passado, ou seja, não conseguiram enxergar potencial nele, aqui não sei como será no final de semana, mas na sala aonde fui assistir só tinha eu. Outro problema do filme, além da falta de potencial, é a dinâmica entre os protagonistas, parece que todos estão atuando sozinhos, como se tivessem debatendo seus textos apenas com o diretor, não interagindo entre eles, e essa desconexão é algo que pode parecer absurda de ver num filme, mas ela acabou deixando um trabalho certamente monstruoso para a equipe de edição que tentou ao máximo amarrar as pontas, mas se vê furos à cada virada de câmera.
Sobre as atuações, como acabei de falar é até difícil ver alguma tentativa dos atores em se destacar para chamar ao menos atenção, todos parecem em alguns momentos até estar fazendo seus papéis, mas não de forma que seja considerada interpretativa. Jennifer Aniston, que também jogou um pouco de dinheiro na trama como produtora executiva, faz de sua Mickey uma daquelas mulheres que qualquer um que sequestrar vai saber que não vai ganhar nem R$100,00 quanto menos U$1 milhão, já sendo o desânimo em pessoa, e isso acaba não envolvendo nada na trama, faltou a pessoa se debater, querer algo a mais, mas não entrou nem estado de choque para falarmos que estava desesperada com o que lhe podia ocorrer, ou seja, podemos considerar esse como sendo um dos seus piores papéis. John Hawkes parece ter uma motivação tremenda em conseguir seus objetivos como Louis, claro que sua aproximação com a vítima é evidente e aconteceria normalmente da forma que foi, mas em momento algum vemos algo mais trabalhado, parece que necessitávamos da história anterior ao início do filme para engatar a trama, ou que ele demonstrasse mais sua vida de crime. Yasiin Bey foi quem mais tentou pelo menos ser expressivo com seu Ordell, mas como diz o ditado, uma andorinha só não faz verão, e suas expressões, trejeitos e tudo mais pareciam dar um gás na trama, mas já saia do seu momento e falhava tudo. Isla Fisher é um mulherão, isso não temos como negar, e teve até que uns diálogos bem trabalhados, mas só, faltou ser a amante fatal, ou será que pensam em fazer um segundo filme, espero que não, mas ao menos sua Melanie agradaria mais como vítima. Tim Robbins trabalhou bem, o marido beberrão Frank no começo, mas com o "desaparecimento" do personagem dentro da trama, seus momentos subsequentes só foram feitos de caronas sem motivos. O personagem Richard de Mark Boone Junior chega em alguns momentos ser assustador, e é um dos poucos que daria para desenvolver uma tremenda história, mas só serviu de guarda mesmo, já que a história era outra aqui. E para fechar o desastre Will Forte tentou ser cômico com seu Marshall, mas não temos nada na história que acabe servindo seus atos engraçados, claro que como a história era algo mais longo, talvez tivessem momentos bem interessantes com ele, mas ficou fajuta sua atuação e seu personagem.
O visual da trama foi todo trabalhado para se passar bem nos anos determinados, mas em diversos momentos, acabamos ficando perdidos se ali é um trabalho artístico mesmo com os elementos cênicos característicos, ou se o exagero na coloração avermelhada apenas está nos enganando, principalmente por a maior parte das cenas se passar sempre dentro dos ambientes, até mesmo o clube de tênis não temos nada fora para contextualizar. Claro que não vemos erros técnicos com esse quesito, mas poderiam ter trabalhado mais para que o recheio do bolo agradasse e chamasse atenção já que a cobertura dos atores não agradou tanto mesmo sendo grandioso. O destaque artístico ficou para os equipamentos nazistas que o personagem Richard coleciona, e isso como disse poderia ser uma história paralela excelente. A fotografia forçou nuances como disse, pois temos iluminação sempre suja ou avermelhada, e isso funciona para dar o tom de época, mas com em diversos momentos, a edição trabalhou de forma a maquiar erros nessa situação, e isso ficou falso demais.
Enfim, um filme cansativo que não conseguiu passar nem a essência que foi idealizado, muito menos uma nova história envolvente para que o público consiga tirar suas próprias conclusões dela. Não tem como recomendar o filme para ninguém, mas quem não tiver o que assistir ao menos vá para que a distribuidora que é das pequenas e não decepcionou nenhuma vez mandando sempre seus filmes para o interior na data exata da estreia continue assim. Fico por aqui agora, mas ainda temos muitos filmes que vieram para o interior nessa semana para comentar, então abraços e até breve.
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