A história nos mostra que Nicky é um experiente mestre trapaceiro que se envolve romanticamente com a golpista novata Jess. Enquanto ele ensina a ela os truques do negócio, Jess acaba se aproximando demais e ele termina a relação abruptamente. Três anos mais tarde, essa antiga paixão - agora uma talentosa femme fatale - aparece em Buenos Aires no meio das altas apostas de um circuito de corrida de carros. Durante o esquema mais recente e perigoso de Nicky, ela promove uma reviravolta em seus planos, deixando o calejado vigarista fora de seu jogo.
O trabalho feito pela equipe de montagem em cima do roteiro é algo tão interessante de acompanhar, que mesmo sendo algo linear, voltando em alguns momentos para explicar a maioria dos golpes, consegue ser bem inteligente, e isso é algo raro nas comédias atuais, de forma que os diretores e roteiristas, Glenn Ficarra e John Requa, foram precisos na condução do filme para que ele não cansasse. Digo isso de cansar pelo fato de que em diversas cenas temos alguns pontos calmos em que podemos respirar, afinal se o longa fosse todo como foram as cenas iniciais era capaz de na metade do longa estarmos pedindo um respiro, e assim com essas pequenas pausas dramáticas, conseguimos raciocinar e desenvolver para onde cada golpe está indo. Como os diretores iniciaram suas carreiras com um filme também sobre golpes, "O Golpista do Ano", podemos dizer que já estão aptos no estilo, mas ainda foram mais espertos também ao contratar um ladrão verdadeiro, Apollo Robbins, para coreografar as cenas de roubo, o que deu ainda mais veracidade para a trama, não que sem ele não conseguiriam, mas é tão impactante as cenas de furtos, que a vontade que dá é de bater a mão no bolso para ver se nossa carteira ainda está lá.
Outro fator muito bem desenvolvido foi na direção de atores, pois todos na produção já tiveram seus altos e baixos, fazendo filmes extremamente ruins, outros brilhantes, mas aqui encontraram um eixo bem pautado para que não houvessem erros, e isso ficou muito bom de acompanhar. Will Smith conseguiu divertir, ter dinâmica e ainda assim interpretar muito bem seus diálogos, o que raramente acontece tudo junto, pois ou corre, ou atua ou incorpora na maioria dos seus filmes, e aqui o seu Nicky precisou de todas as características para ser envolvente e acertado, e dessa forma mostrou que o velho Will pode estar voltando a forma antiga que gostamos de ver. Margot Robbie, além de linda, colocou carisma em cima de sua atuação e fez de sua Jess, uma personagem que em diversos momentos parece singela, mas não abre o olho pra ver o que pode fazer com você, trabalhou bem na medida do possível, e a cada cena parecia melhorar mais ainda. Rodrigo Santoro é o ator brasileiro que mais faz filmes lá fora na atualidade, e isso prova que ele tem talento, afinal a maioria dos papéis são oferecidos para quem tem as características necessárias para o papel e passam por testes na maioria das vezes, e o seu Rafael Garriga embora não seja um personagem tão presente na trama consegue ter boas nuances e agradar na forma mostrada, talvez se quisessem um latino mais impactante no papel a opção seria outra, mas ele fez bem também e entregou uma boa atuação. Gerald McRaney inicialmente parecia ser apenas mais um personagem bobo, mas com o andar da trama, a sua atuação vai ficando mais intensificada e o seu Owens acaba tendo uma participação bem significativa e interessante, o que agrada bem tanto pelo que o ator fez, quanto pelo personagem, ou seja, um trabalho bem colocado, pois poderia entregar o jogo logo de cara se errassem em alguma vírgula. E outro que mandou muito bem na atuação é Adrian Martinez que deu a seu Farhat, um ar cômico maravilhoso e extremamente divertido, o ator sempre faz papéis pequenos, mas bem colocados, e aqui foi de uma valia incrível. E outro que vale destacar mesmo com sua cena sendo bem pequena, mas extremamente bem feita é BD Wong com seu Liyuan, não tem como não cair o queixo após a explicação de sua cena, e o ator ajudou muito para que tudo resultasse bem na forma de atuar.
A produção do filme foi muito bem desenvolvida com cenários escolhidos na medida para que cada golpe tivesse luxo cenográfico e os atores apenas desenvolvessem as cenas, e dessa maneira, a equipe artística teve um trabalho monstruoso para que cada locação ficasse ambientada de maneira luxuosa, e lotada de elementos cênicos para que cada um manuseasse e nos surpreendesse com cada ato, ou seja, um filme bem rico em detalhes que são usados felizmente para tudo. A fotografia também trabalhou com cores leves e claras para dar nuance e desenvoltura para os atores, e isso é legal de acompanhar, pois nas cenas aonde os tons escuros dominaram é justamente as que mais cansam ou se estendem para o respiro que falei no início.
Enfim, um filme muito bem feito que até possui alguns defeitos, mas que no geral agrada bem mais do que incomoda. Além claro de como já falei surpreender demais com as reviravoltas na trama por conta dos golpes, ou seja, dá para quebrar a cabeça muitas vezes. É engraçado que não vi nem no começo nem no final legendarem o nome da trama para "Golpe Duplo", aparecendo apenas "Focus" que é o nome original e revela bem menos do que o nacional, aí quem sabe pode ser que tenham se arrependido do nome, mas ninguém saberá realmente isso. Recomendo com certeza conferir o filme assim que for lançado na semana que vem, 12/03, pois é divertido e bem interessante. E claro que deixo aqui o agradecimento especial ao pessoal do Shopping Iguatemi Ribeirão Preto por conseguir mais essa pré-estreia para convidados, que com a sala lotada, foi notável que todos gostaram do que viram, então o resultado é provável que agrade o público ao estrear. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho os longas que estrearam nessa semana para conferir, então abraços e até breve com novos posts.
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