Meu Nome é Paulo

3/15/2015 01:02:00 PM |

É interessante observar como os filmes cristãos andam sendo feitos no mesmo ritmo industrial que muitos blockbusters nos EUA e isso é algo que pode ser ao mesmo tempo bom, pois quem sabe podem desenvolver melhor algumas passagens da Bíblia que outros diretores mais malucos não conseguiriam, mas também pode ser uma bomba gigante, já que na maioria dos casos estão preferindo arrebanhar pessoas para a religião, exagerando em personagens que nem precisariam ser tão forçados, mas acabam desenvolvidos para pregar a religião. Com "Meu Nome é Paulo", ao menos deram mais ação para a história do apóstolo Paulo de Tarso, que aqui acabaram não traduzindo o sobrenome americano ficando Paul Cambio, e assim com uma trama policial inicialmente bem ágil e cheia de história para ser contada, acaba de uma forma simplória e sem empolgar nem os fiéis que foram conferir, ou seja, não sei se lá fora foi tão bem para já ter no IMDB até o segundo em pré-produção, mas aqui não acredito que irá chamar muito a atenção, pois como só vieram cópias dubladas, alguns cinemas estão vendendo o longa como se fosse nacional.

O filme nos mostra que cego pelo ódio, Paulo (Andrew Roth) fará de tudo para chegar até Pedro, seu inimigo e líder dos seguidores do "Caminho". Paulo está determinado a encontrar e matar quantas pessoas forem necessárias para chegar até ele. No entanto, um acidente acaba o levando para uma jornada de autodescoberta e redenção.

A história é bem simples e até chama atenção por não situar uma época em específico, mas a forma moldada para caber dentro da proposta religiosa incomoda um pouco, pois o filme não necessitaria de ser totalmente embasado na filosofia da igreja, mas como as roteiristas e o diretor optaram fazer dessa forma, o resultado acaba até sendo cansativo e piegas demais. Claro que existirão alguns que vão adorar, falar que realmente Paulo era, é e será dessa maneira, que a conversão é a melhor cura e por aí vai, mas de certa forma o curta do diretor estreante em longas Trey Ore acabou virando um filme bem desenvolvido que soube ser favorável ao que pregava, porém repito, com uma história sem muito a que ser mostrado sem ser seguir ou não o tal "Caminho" e a busca por Pedro pelos fiéis e pelos governantes, não vai fazer com que alguém que não siga determinada religião mude de lado, muito menos goste de algo feito somente para isso. Então é um filme com público determinado, que comercialmente pode até ter uma certa rentabilidade, mas se mostrassem os dois lados da moeda, talvez agradaria um público maior e envolveria mais. Talvez o diretor aprenda a lição no próximo já que está previsto pra 2017, "Meu Nome é Paulo II" então veremos o que irá acontecer até lá.

Assim como ocorre em Bollywood, os atores desse gênero de filme fazem dezenas de filmes que acabam nem passando por outros países, sendo vistos claro apenas pelos seguidores da religião através de vendas direcionadas, e um ou outro acaba aparecendo nos cinemas, dessa forma quem for pesquisar um pouquinho sobre o protagonista Andrew Roth pode até se assustar com a quantidade de filmes que o ator já atuou e você nunca viu, e não podemos dizer de forma alguma que o que ele fez em cena é ruim, pois foi expressivo, fez boas interpretações, mas a mudança da água pro vinho de seu personagem é um erro gritante na concepção do roteiro, e isso chega a beirar o amadorismo de certa forma, mas como o ator não tem culpa do texto que lhe é entregue, o que fez foi algo bem trabalhado com seu Paulo. De início não tinha entendido o motivo de tanto destaque na personagem Patricia, mas depois ao descobrir que seu nome é Vanessa Ore, roteirista do filme e com algum parentesco com o diretor, o qual não consegui descobrir, fica tudo mais claro, pois a dramaticidade da atriz é fraca e o personagem só tem a ligação com o protagonista pelo garoto do início da trama, e mais nada importa o que faz no filme, então fez o personagem se destacar no texto e não agrada. Dos demais, a maioria acaba tão de passagem pela tela que não temos envolvimento quase que nenhum com eles, e isso acaba sendo um pouco ruim, pois poderiam utilizar alguns personagens mais fortes no próximo filme, já que pensaram nisso, por exemplo nas cenas dos "vilões" usaram atores sempre com expressões tão fracas que já até esqueci seus nomes para citar, e olha que não passou nem um dia que vi o filme, ou seja, totalmente nulos.

O visual da trama é interessante, pois ao não determinar a data em que ocorre os eventos puderam trabalhar com uma cenografia seca nos planos abertos, e nesses momentos é que o foco fica interessante, mas ao entrar para as cenas em locais fechados o problema é gigantesco, pois o orçamento não ajudou muito e temos desde panos feios enfeitando a cenografia sem servir para nada, como cortinas estranhas na sala dos vilões, e no abrigo dos seguidores do "Caminho", a simplicidade ficou boa já que pregam a pobreza, mas falharam ao exageram no nada em cena. A fotografia trabalhou com sombras em boas proporções, o que é legal de ver, iluminando principalmente quem deveríamos observar, mas na cena da conversa do protagonista com uma voz ficou meio absurdo demais.

Enfim, é um filme que talvez pessoas mais religiosas achem excelente e venham reclamar com minha crítica, mas para quem for ver o filme apenas como um entretenimento a garantia é de grande decepção. Outra sugestão é para que as distribuidoras se não forem mandar legendado, ao menos avise os cinemas que o filme é americano e dublado, pois falar que é nacional é querer abusar da inteligência do público. Hoje a sala estava bem vazia na hora que fui, diferente do outro do mesmo estilo que vi ano passado, então não posso garantir que será um sucesso com as pessoas religiosas também, mas se depender do que vi, não consigo recomendar não para ninguém. Bem é isso pessoal, para fechar a semana ainda terei dois longas da Mostra Golpe Sulamericano do Sesc, então abraços e até breve.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...