A maioria que lê meus posts sabe que gosto muito do gênero de suspense/terror, principalmente quando um longa não fica preso à cenas lotadas de sangue desnecessário, agora se conseguir prender a atenção com muita tensão envolvendo a cada cena passada, o longa pode ter a maior quantidade de defeitos que ainda vou defender ele como um grande filme. E como fazia tempo que não via um longa aonde a psicopatia domina tão fortemente de não conseguirmos, ou melhor até imaginarmos tudo que aconteceria, mas ainda assim temer, "O Garoto da Casa ao Lado", fez todos na sala ficarem apreensivos e pularem da poltrona com algumas cenas, ou seja, além de um bom filme tenso, ainda garante algumas risadas com o restante do público. Claro que o longa possui inúmeros defeitos técnicos, mas ainda assim vale a pena com certeza por não forçar a barra com sangue voando para todo lado e muito menos não manter a ideologia formada desde a primeira cena.
O filme nos mostra que após ser traída pelo marido, a professora Claire Peterson está em vias de se divorciar. Ela vive sozinha com o filho adolescente, até perceber que um jovem acaba de se mudar para a casa ao lado. O sedutor Noah Sandborn rapidamente oferece ajuda nas tarefas da casa e se torna o melhor amigo do filho de Claire. Aos poucos, o vizinho passa a seduzi-la, levando a uma noite de amor entre os dois. No dia seguinte, a professora está decidida que tudo foi apenas um erro, mas Noah não pretende abandoná-la tão cedo. O caso de amor torna-se uma perigosa obsessão.
Muitos discordam disso que vou falar, mas se existe um modo de fazer um bom suspense/terror é pegar o espectador desprevenido no momento de maior tensão da trama, e aqui o diretor Rob Cohen desenvolveu o roteiro de Barbara Curry exatamente dessa maneira, onde inicialmente todos passam a gostar do rapaz, as moças que estão na sala já ficam todas assanhadinhas, o jovem parece ser gente boa, daí ao ser decepcionado volta ao seu modo exato de vida, aonde toda a revolta domina o seu terror interior, que será justificado com uma cena bem curta aonde o motivo dele ser dessa forma é revelado bem de leve, afinal como alguns psicólogos costumam falar toda psicopatia provém de algo que aconteceu no passado, sendo raro a pessoa já nascer com isso. Além de desenvolver bem o roteiro, o diretor soube trabalhar a expressão dos atores em seu máximo, afinal nenhum dos dois protagonistas quiseram dublês de corpo para as cenas mais quentes, então o que está presente ali foi bem feito com uma direção meticulosa e bem determinada do que queria para a cena não ficar falsa demais. Porém o maior problema da trama ficou na montagem das cenas, aonde a edição não soube determinar alguns furos de continuísmo e com isso diversos momentos com distâncias até de certa forma consideráveis, parecem inexistir, além de faltar argumentos para que alguns desfechos aconteçam, e isso acabou dando muito o que falar entre os críticos em geral que estão pesando a mão para estragar o restante de bom que o longa passa, mas é o que eu sempre falo, um filme não é bom só por ter uma história boa, se bem desenvolvida o que era razoável acaba agradando bastante mesmo com falhas, e aqui é o exemplo claro disso já que esse é o primeiro longa escrito pela roteirista, que deve com certeza melhorar esses defeitinhos de furos.
A atuação nesse gênero de filme depende de um único fator para funcionar bem: eles acreditarem no que está acontecendo, senão pode fazer a maior cara de susto e terror que nada vai agradar, e aqui mesmo que Jennifer Lopez já tenha feito outros filmes de terror, faltou um pouco se convencer que o cara desejava ela de forma cruel e fatal em diversas cenas, claro que poderíamos falar por horas de sua beleza, da forma clara de suas expressões e tudo mais, mas mesmo ao notar o quão malvado é o rapaz, ainda fica de boa com tudo o que está fazendo, então mesmo saindo-se bem nas cenas mais quentes que disse ter sido difícil demais para gravar, se o espanto tivesse funcionado seria uma de suas melhores atuações com certeza. Já em contraponto Ryan Guzman conseguiu mesmo sem ser muito conhecido de quem não viu os filmes "Se Ela Dança, Eu Danço", ser o jovem sarado e desejado pelas mulheres, tanto corporalmente quanto pela forma que cuidava do tio, fazia os afazeres da casa, e tudo mais, mas ao virar praticamente um monstro com sua psicopatia, seu olhar doce e carismático se transformou e ficou de certa forma assustador ao ponto de qualquer um ficar com medo de tudo que poderia fazer, ou seja, um excelente acerto que deve lhe garantir outros papéis em breve. Ian Nelson ainda não foi dessa vez que decolou com seu Kevin, o jovem ator mostra ter boa entonação vocal, saber estar bem presente nas cenas e tudo mais, mas parece ainda faltar dinâmica para envolver e chamar atenção para o papel que faz, claro que aqui o jovem é apenas um secundário, mas que poderia ter bons momentos ao menos. John Corbett é literalmente um enfeite em cena com seu Garrett, sendo apenas o motivo das causas de ciúmes iniciais por parte de Claire e depois por parte de Noah, mas tirando isso não serviu exatamente para mais nada, nem na cena do carro conseguiu expressar vida e força para seu personagem. E para fechar os personagens que ao menos possuem participações mais significativas na trama, Kristin Chenoweth consegue explorar tanto sua personagem Vicky transformando ela em aquelas irmãs chatas de diversos filmes, que se intrometem em tudo, e juntamente com sua voz que não é nada agradável, conseguiu irritar do começo ao fim, de modo que torcemos para não aparecer tão cedo em cena, e ela faz isso bem.
O visual da trama é bem simples, não sendo muito explorado em si, não sendo contextualizado a importância dele para os fatos, deixando mais a personalidade dominar do que os elementos cênicos, ou seja, poderia se passar em qualquer cidade, escola ou até em uma fazenda assombrada caso quisessem colocar, então nesse quesito vemos diversos objetos clichês sendo usados no decorrer das cenas, e isso pode até incomodar aqueles que vão ao cinema apenas para achar erros, mas quem for prestar atenção nos atos em si, acabará nem percebendo tudo o que tem ao redor, como é a família se é rica ou não pela casa, se a escola é tradicionalista e por aí vai, que daria para analisar muita coisa olhando a cenografia, mas como o objeto máximo da trama aqui não importava aonde acontecia, o resultado foi bem colocado. Como disse ser um dos acertos da trama, a fotografia trabalhou nuances sem precisar escurecer a cena inteira para que o protagonista surgisse do nada e assustasse, e isso se deve muito aos ângulos bem escolhidos das tomadas de cena, pois mesmo trabalhando muito com a câmera parada, sem necessitar ficar seguindo ninguém, a direção escolheu sempre os cantos para o desprevenido ocorrer, e assim sendo pontuando uma cor ali, com um pouco de escuro acolá, o resultado ficou bem tenso e convenceu bastante.
Enfim, é um filme bem bacana que envolve e assusta ao mesmo tempo por nos pegar desprevenido do que acharíamos que ocorreria, ou seja, quem gosta do estilo com certeza irá sair bem feliz com o resultado da trama, principalmente se esquecer os defeitos pontuais que a trama deixa transparecer, e dessa forma o resultado vai agradar mais ainda. Claro que como disse, haverá diversas reclamações e muitos vão julgar até o pior filme que já viram, mas é inegável que foi um filme feito somente para quem gosta do estilo, então se você não gosta de tomar sustos e ficar tenso sem ser com espíritos, que não é o caso desse filme, fique longe dele, pois servirá apenas para reclamar de tudo, do contrário vá e se divirta, pois eu recomendo. Fico por aqui já encerrando minha semana cinematográfica curtíssima, já que o restante que veio em cartaz por aqui já conferi anteriormente, então volto somente na próxima quinta-feira com novos posts. Então abraços e até mais pessoal.
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