Olha, já perdi a conta da quantidade de séries fantasiosas que possuem diversos livros, e que produtores gananciosos correm atrás dos direitos para adaptar como filme e acaba virando um desastre. Não falo isso somente por "O Sétimo Filho" que entrou em cartaz nessa quinta-feira, mas vários outros tentaram a sorte de roubar o nicho que algumas sagas deixaram aberto nos cinemas e histórias fracas acabam lançando apenas o primeiro filme e não continuando com a saga completa para que realmente ocorra o desenvolvimento dos personagens, como acaba ocorrendo na maioria dos livros. Aqui temos até excelentes efeitos e um 3D primoroso de profundidade, mas a história é tão simples que não nos envolvemos para querer assistir alguma continuação proveniente do que foi mostrado, e pelo que andei pesquisando os fãs da série literária estão querendo a cabeça do roteirista numa bandeja, então se não funcionou como filme solto e não empolgou os fãs, significa nada mais nada menos que uma bomba completa.
O filme nos mostra que John Gregory é o sétimo filho do sétimo filho e mantém uma cidade do século XVIII relativamente bem e longe dos maus espíritos. No entanto, ele não é mais jovem e suas tentativas de treinar um sucessor foram todas mal sucedidas. Sua última esperança é um menino chamado Thomas Ward, filho de um jovem fazendeiro. Seu primeiro desafio será grande: Ele terá que enfrentar a Mãe Malkin, uma terrível e poderosa bruxa, que escapou do seu confinamento quando o grande mestre Gregory estava afastado da cidade.
Quando um roteiro não empolga geralmente falamos que é falta de criatividade dos roteiristas, mas o que falar quando é adaptação do primeiro livro de uma saga de sucesso? Algo que muitos podem dizer até ser simples, pois alguns livros é só pegar e gravar, já que possuem bons diálogos, já é explicitado detalhes cenográficos e tudo mais, mas aí surgem os famosos adaptadores criativos, que querem colocar personagens mais marcantes, efeitos mais chamativos, tudo para elucidar um trabalho único, e o que acabam fazendo? Transformando a história em algo que não compra nem fãs do livro, nem alguém que vá ver o filme como uma aventura. Talvez se tivessem seguido uma linha mais sombria e cheia de suspenses agradaria mais, pois o romance entre o jovem aprendiz e a jovem bruxinha não convence, os ajudantes da mãe bruxa são mais cômicos que os filmes dos Trapalhões, e o começo do filme aonde está? Cadê qualquer explicação do motivo que tudo ocorre, que o que acabou ficando no ar é apenas uma vingança dele ter se casado com outra, com certeza não! Então temos diversos problemas que precisavam ser sanados antes da filmagem para que tivessem entregue ao diretor algo mais crível e que aí desenvolvendo tudo sairia algo aceitável. Mas você deve estar se perguntando: o diretor não poderia arrumar essa bagunça toda? Respondo que alguns diretores conseguiriam dar uma saída razoável para a trama, mas Sergey Bodrov não é um diretor tradicional e mágico das telonas, ele apenas se conteve ao roteiro e chamou uma equipe milagrosa para dar bons efeitos para todas as cenas, e com uma câmera super potente mais uma computação primorosa fez visuais incríveis para que ao menos seu filme fosse gostoso de acompanhar, e assim relevarmos a maioria dos problemas. Ou seja, até que foi uma saída eficiente, pois quem gostar de paisagens com longas perspectivas é capaz até de esquecer que na sua frente tem os melhores assassinos do vilão que não conseguem sequer desviar de uma pessoa.
Sobre as atuações, Jeff Bridges ficou no meio termo de engraçado e maluco com seu Gregory, pois é inegável que participou de boas coreografias de lutas, mas não conseguiu demonstrar em momento algum fatores convincentes do personagem, faltando expressão em alguns momentos e em outros parecendo estar fazendo uma paródia do filme, abusando de um teor cômico que com certeza o personagem não deveria ter. Ben Barnes até possui uma pequena pinta de galã, mas demorou muito para que seu Tom engrenasse no filme, de forma que se fizerem um segundo filme talvez até seja agradável o personagem na trama, mas aqui até resolver partir para o ataque é um enrosco só na tela. Talvez até me crucifiquem após dizer isso, mas Julianne Moore está melhor e mais envolvente nesse filme do que no que ganhou o Oscar, claro que lá é mais intimista e centrada enquanto aqui a personagem apenas tem uma grande imponência visual, mas soube fazer de sua Mãe Malkin uma vilã competente e interessante de acompanhar e isso prova que a atriz entrou num ano excelente. Alicia Vikander é outra que talvez num próximo filme engrene com sua Alice, pois aqui enfeitou demais e não conseguiu convencer a química com o protagonista, mas ao menos deixou sua mensagem no ar, repetindo várias vezes. Dos demais vilões eu dispenso falar individualmente, pois como falei acima parecia filme dos Trapalhões, aonde tudo servia para rir, melhores assassinos que não conseguem fazer nada, Radu com machados na mão mas erram tudo, a outra que era um leopardo com olhares jogados para todo lado, mais perdida em cena que tudo sem saber a hora que entrava efeito digital ou não, ou seja, economizaram demais com atores para a trapalhada ser perfeita.
Agora o melhor do filme com certeza está no quesito visual, pois aliado à uma perspectiva 3D de imersão impressionante, o resultado passado nas grandes telas dos cinemas é de admirar realmente, temos detalhes que pareceram ser filmados ao invés de criados digitalmente e isso mostra que o trabalho da equipe computacional foi além do satisfatório. E contando com diversos tipos de armas, para que os efeitos fossem bem mostrados, a cada cena de enfrentamento ficamos esperando como será a morte para que o efeito funcione e agrade também. Além disso, com muitos cenários bem pensados e trabalhados, com toda certeza podemos dizer que a equipe procurou ler os detalhes escritos no livro para desenvolver cada nuance e ambiente da trama, de forma a suprir erros que já falei mais para cima. A fotografia misturou cores bem colocadas e mesmo tendo cenas bem escuras ainda conseguiu deixar a tridimensionalidade evidente e bem feita, coisa que são raros os filmes que consegue esse feito, e sempre abusando do tom alaranjado nas lutas, a cenografia do filme chegou a ter vida própria para convencer e isso é interessante quando sabem por a luz no ponto exato para que o digital não ficasse tão falso. Agora os amigos que curtem ver 3D com coisas saindo da tela, terão poucas cenas para comemorar uma ou outra coisa explodindo e sendo arremessado, o que poderia ter sido totalmente explorado em diversos momentos e também nas diversas cenas de voos dos dragões, ou seja, funcionou bem a perspectiva de campo, mas daria para trabalhar mais e agradar ainda mais.
Enfim, é um filme que pode até agradar alguns, mas dificilmente empolgará como deveria ser qualquer longa de ação e aventura. Poderiam ter economizado um pouco nos efeitos e trabalhado mais com o roteiro para que a história montasse como um todo e fosse um suspense aonde iríamos conhecendo mais sobre o que é ser o sétimo filho de um sétimo filho, o motivo que as bruxas querem destruir tudo, ou até mesmo um pouco mais da ordem que o mestre fez parte e quer sair treinando alguém para o lugar, daí talvez conseguiriam criar um início de uma saga satisfatória que todos ficariam esperando pelo próximo filme como aconteceu diversas vezes no cinema. Bem é isso pessoal, recomendo ele para quem gosta de um longa apenas com efeitos e pouca história para agradar, pois os demais irão reclamar com certeza, mesmo quem for fã dos livros. Fico por aqui agora, mas ainda falta conferir um longa das estreias da semana e os filmes da Mostra Golpe Sulamericano do SESC, então abraços e até breve meus amigos.
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