Se existe um gênero que já vimos milhares de possibilidades de fugir dos clichés é o de terror, pois para assustar o público existe quase que uma fórmula, milagrosa por um lado que vai fazer com que o público pule, e altamente lastimada pelos críticos que irão atacar o diretor falando que não sabe fazer filme e por aí vai. Pois bem, "Renascida do Inferno" foi driblando tanto a fórmula para não cair na mesmice que quase nos foi entregue um suspense e não um terror, que se não fosse por certas cenas mais tensas da metade final, o resultado seria bem fraco, mas de certa forma com uma boa história e possibilidade de continuação, o que acabamos vendo foi um bom filme que não assusta as pessoas desprevenidas, mas deixa uma boa tensão no ar com tudo que pode rolar mais pra frente.
O filme nos mostra que um grupo de cientistas está fazendo uma pesquisa sobre o cérebro humano, buscando uma fórmula capaz de reanimar animais que acabam de morrer. Durante um dos experimentos, a pesquisadora Zoe sofre uma descarga elétrica e morre dentro do laboratório. Desesperados para trazê-la de volta à vida, eles aplicam o medicamento experimental na colega, fazendo com que ela acorde. Apesar de estar viva, Zoe manifesta um comportamento estranho, como se estivesse possuída por forças malignas. Enquanto tentam se proteger do perigo, eles também devem impedir que a amiga fuja do laboratório e mate as pessoas ao redor.
É engraçado que reclamamos quando algum filme de terror nos é apresentado sem história alguma, apenas sustos e mortes, mas também reclamamos muito quando nos é entregue apenas história, esquecendo dos sustos, será que os roteiristas não sabem equilibrar? Mas a verdade é mais fácil de imaginar, pois como o filme teve toda uma nuance de apresentação dos personagens, é provável que já fizeram esse com expectativa de uma boa renda para engatar o segundo, afinal com o final entregue se não houver um segundo vai ficar muito feio. E dessa forma Luke Dawson e Jeremy Slater entregaram para o documentarista David Gelb estrear no mundo da ficção algo com muita história, explicando bem o que é o Projeto Lazarus, o que o efeito buscaria, e de certa forma mexer um pouco com as crenças dos personagens, para que ele conseguisse assustar criando alguns momentos de tensão, mas para quem já viu uma tonelada de filmes de terror, nem precisa apagar a luz que já sabemos que vai aparecer alguém do nada, aí o velho cliché volta para que o filme finalize e deixe apenas no ar uma possível continuação.
Sobre a atuação podemos dizer que dentro de algo simples todos saíram com um resultado positivo, pois trabalharam com o medo, a curiosidade e a ganância na mesma proporção correta que a trama pedia, e isso é interessante de ver. Olivia Wilde após fazer muitos filmes de ação, até que trabalhou bem seus olhares mais medonhos após sua ressurreição e com isso mostrar uma boa mistura de como assustar apenas com olhares ao invés de pular demais, esperaremos um segundo filme aonde ela vai matar o país inteiro. Em contraponto Sarah Bolger gritou, assustou e fez tudo que uma pessoa faria ao entrar numa situação dessa com sua Eva, ou melhor quase tudo, eu correria na primeira apagada de luz, mas ela está sendo paga para isso, então fez bem o seu papel. Mark Duplass foi o mais tradicional com seu Frank, de forma que em alguns momentos até tentamos torcer por ele, mas logo em seguida a vontade que dá é que o espírito o arremesse da janela do prédio, e isso é bacana de ver que um ator consegue tais fatos, afinal a característica principal do personagem era a arrogância, e isso ele fez muito bem. Evan Petters até teve bons momentos com seu Clay, mas não conseguiu chamar atenção mesmo na sua cena sozinho com o cachorro, poderia ter feito olhares mais apavorados e tudo mais, pois nem o maior machão do mundo iria ficar calmo com o que estava rolando, e isso atrapalhou um pouco sua evolução. E para fechar Donald Glover fez um Niko interessante que logo na sua segunda cena já sabíamos o que ia acontecer mais pra frente com seu personagem, mas foi uma cena tão rápida e estranha que se fossem mais espertos trabalhariam ela bem ambientada e agradaria muito mais, quem sabe no 2.
Visualmente como o longa se passa somente em dois lugares, tiveram de ser criativos em relação aos espaços, e no laboratório tiveram diversas sub-salas que deu pra trabalhar os ambientes e colocar mais coisas incomuns, claro que a abertura apresentando o funcionamento do projeto foi bem demonstrada e envolvente, tivemos diversas cenas aonde os objetos até poderiam envolver mais e assustar com algum movimento estranho, mas optaram aí para o envolvimento explícito e explicativo, então não foi algo tão difícil para a equipe de arte trabalhar. Fotógrafos de filme de terror geralmente sofrem devido o diretor querer quase nada de luz e trabalhar somente com sombras, mas aqui como temos a maioria das cenas no claro somente tendo uma ou outra piscada de luz, o acerto foi mais envolvente com luz fria para dar um pequeno contraste no laboratório e nas cenas do sonho encaixar o tom alaranjado também foi algo bem simples, porém eficiente.
Enfim, não posso dizer que é um longa perfeito somente por um único motivo, o que eu sempre digo que um filme deve ser feito para ser único, se vier continuações é algo que não tem de ser previsto, então por esse motivo, o filme acabou sendo falho na concepção, tendo apenas um início longo e um miolo curto, com um final bem razoável, e dessa forma, os que adoram terror vão sentir falta de sustos, e os que curtem um suspense vão se cansar com a história alongada demais. No geral o que é passado é interessante, mas repito, falhou em não deixar ninguém com medo. Bem é isso pessoal, quem gostar desse estilo específico de filme, o terror/suspense com muita história e poucos sustos, pode ser que goste do que verá, mas o restante no máximo vai ficar tenso e não irá aproveitar o máximo que a história poderia passar, ficarei aguardando o 2 para ver se aí o bicho pega mesmo. Não digo que irei encerrar a semana cinematográfica por aqui, pois na terça temos a Mostra Golpe Sulamericano no Sesc, e irei conferir, então abraços e até lá pessoal.
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