O filme conta três histórias de amor diferentes: Michael é um escritor veterano, que acaba de romper com a esposa e viaja a Paris, buscando novas histórias. Ele encontra na aspirante a escritora Anna uma amante e uma inspiração, devido ao passado sombrio da garota. O empresário Scott está passeando por Roma, quando conhece a misteriosa cigana Monica e simpatiza com sua perigosa busca para reencontrar a filha pequena. Julia é uma jovem mãe, traumatizada após perder a guarda do filho para o ex-marido famoso, e conta com a ajuda da advogada Theresa nesta batalha judicial.
Embora o roteiro do longa seja um pouco confuso, o que Paul Harris nos entrega é um filme para pensarmos junto com os protagonistas nos motivos que levaram a fazer o que estão fazendo, e dessa maneira não conseguimos nem piscar durante toda a exibição, tentando entender os motivos, mas como disse da mensagem que conseguimos extrair do longa, tudo parece ir bem até o momento do clímax aonde tudo desaba de uma forma tão impactante que o arregalar de olhos é completamente natural, então não se choque se você ver seus olhos abrirem mais que o normal no derradeiro final da trama. Além disso, mesmo tendo 3 histórias praticamente diferentes, no conteúdo do filme todas possuem seus momentos de conexão através da ideologia de uma maneira bem singela e gostosa de reparar, de forma que mesmo separadas, acabam se desenvolvendo juntas e bem trabalhadas para uma não atrapalhar ou fazer com que gostemos mais da outra, e isso só é possível pela direção estar sempre nos instigando, não entregando nada tão facilmente, mesmo que acabamos achando que tudo parece rumar para um lado, somos surpreendidos e derrubados novamente, fazendo do longa não algo perfeito, mas muito saboroso de acompanhar, mostrando que o diretor fez questão de trabalhar centradamente e individualmente em cada uma das 3 histórias.
Com um elenco de dar inveja à várias produções, o diretor soube tirar proveito do que cada um tem de melhor e exigir até um pouco a mais dos protagonistas. Por exemplo, já estávamos ficando cansados de ver ultimamente Liam Neeson só batendo nas pessoas e atirando para todos os lados, e aqui com um semblante mais calmo e pensativo pode trabalhar nuances e colocar seu lado mais romantizado para fora, e sinceramente não imaginava vê-lo dessa forma e principalmente saindo bem em todas as cenas, o que acabou sendo uma grata surpresa. Como Olivia Wilde consegue ser linda desse jeito, com um ar sedutor muito além do que a personagem Anna exigia, fez caras e bocas para se mostrar e sair bem diante das situações, sua história aumentada é uma das que mais chocam, e não uma única vez, mas sim duas, pois na hora que tudo aparenta ter sido resolvido, a decadência do protagonista consegue eximir ainda mais de sua história e aí sua expressão foi clássica e única de forma a encantar, nunca tinha botado muito reparo nessa atriz, mas ultimamente tem saído bem demais nos papéis que anda pegando, vamos aguardar uma protagonização maior para ver se consegue ser melhor do que sua beleza demonstra. O personagem Scott de Adrien Brody inicialmente parece ser a história mais deslocada da trama, não dando muito a entender para que rumos vai, mas o ator sempre persistente reverteu sua expressão para algo que chega a dar piedade de tanta burrice e persistência que passamos a gostar do que faz, e ao juntar as figurinhas no encerramento do longa conseguimos entender o real motivo do personagem ser assim e a atuação dele ter sido tão bem feita. Moran Atias chega a dar nervoso em certos momentos que fica sem responder com sua cigana misteriosa Monica, e embora isso seja algo da personagem, talvez um pouco mais de misticismo do que o silêncio seria mais viável, mas foi uma forma encontrada de trabalhar e com o final entregue até dá para se sentir feliz, mas que 90% do filme acabamos desgostando dela é fato. Chega a ser engraçado que todos os personagens que Mila Kunis faz no cinema não nos chama atenção logo de cara, e vamos com o passar dos filmes nos envolvendo junto a forma que ela vai acreditando também, e sua Julia sofre com algo duríssimo que é a perca da guarda de um filho, e tudo parece ir de mal a pior com seu sofrimento sendo aumentado a cada cena, numa das atuações mais cruas e bem feitas da atriz, sua cena junto de James Franco é pesadíssima, mostrando também que o ator ainda pode fazer bons papéis sem ser os besteiróis que anda se envolvendo com seus amigos. As personagens Elaine e Theresa feitas respectivamente por Kim Basinger e Maria Bello, possuem pouquíssimas cenas, mas foram tão bem colocadas na história que encantam e mostram certo charme na conexão de tudo, ou seja, temos de prestar atenção em todos os atores da trama, mesmo os mais bestas.
Embora não tenha demasiadas cenas externas, o filme trabalhou um conceito visual inteligente para demostrar aonde estava acontecendo cada ato, já que cada história se passa em uma cidade: Nova York, Roma e Paris. E isso se deu de forma crível principalmente pelos figurantes na forma de se vestir e falar, pelos objetos cênicos bem usados para representação e até mesmo ao saírem de cada lugar os personagens sempre caiam em algo tradicional para mostrar a criatividade da equipe cênica, tudo sempre trabalhado para formar o elo maior da história principal, ou seja, algo usado para fazer com que o público pense da mesma forma que o roteirista. A fotografia trabalhou com as cores conforme iam sendo pensados pelo escritor e isso é um fato já bem tradicional e que de certa forma soa até como um clichê, mas sem abusar em demasia de sombras e tons diferenciados para cada ato, o filme desenvolve bem e agrada nesse quesito também, sendo bem suave.
A trilha sonora auxiliou bem no desenvolvimento da trama, mas não ajudou em nada no ritmo do filme, pois com 137 minutos, o longa parece ter bem mais tempo de tela, e isso para um espectador comum que não gosta muito do estilo é capaz de cansar e desistir da trama. Mas cada história foi bem representada musicalmente e ajudou a envolver com os sentimentos dos personagens, o que acaba agradando quem estiver disposto a isso.
Enfim, é um filme que vai dividir muito as opiniões de quem for conferir e fará com que muitos saiam da sessão sem ter entendido nada do que ocorreu, para isso novamente recomendo sem dar spoiler que leia o título do filme, e assim passe a gostar do longa da mesma forma que gostei. Recomendo ele para quem gosta de dramas bem desenvolvidos que fazem o público se envolver com os personagens para captar seus sentimentos e assim entender a trama, não que os demais não vão gostar do que é passado, mas a chance de reclamar e cansar com o longa é bem maior se não houver abertura para o envolvimento. Fico por aqui agora, mas logo mais estarei conferindo a outra estreia que veio para o interior, então abraços e até breve pessoal.
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ResponderExcluirPode me dizer sua interpretação do final? Até agora não consegui entender aquela alternância das atrizes. Obrigado.
ResponderExcluirOlá Unboxing, então tenho várias conclusões sobre o final, e dizer todas aqui vai acabar entupindo o texto de spoilers, o que não sou fã... mas a minha preferida é em cima do título do filme, o elo entre a terceira pessoa, ou a famosa dupla personalidade, aonde no caso as atrizes se alternam entre seus alteregos! Abraços!
ResponderExcluirVi o final e olhei para o título é pensei ser este pois ele é escritor e está contando uma história, por isso "terceira pessoa", e esta pode, ou não, ser espelhada na vida dele, eu quis imaginar que sim.
ExcluirMuito obrigado pela resposta Fernando. Parabéns pelo site, continue com este ótimo trabalho. Abraço.
ResponderExcluirOlá Ana, sua ideia também é muito boa, e uma das melhores também para se pensar... aliás, preciso rever esse filme muito louco em breve pra tirar mais conclusões... obrigado por postar a sua e abraços!!
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