Mesmo não conhecendo muito a obra do cantor e compositor Nick Cave, o documentário ficcional "20.000 Dias Na Terra" foi tão bem feito e montado, que saí da sessão praticamente conhecendo ele em demasia, claro que ainda meio fora de meu conhecimento sobre suas composições, passei a gostar do estilo sonoro e acabei me conectando com sua ideologia de como deve ser um artista, como um show deve conectar artista e público, e mais do que isso, irei com toda certeza respeitar qualquer filme ou documentário que seja montado por Jonathan Amos, pois o longa é praticamente uma aula de como fazer um documentário ser totalmente interessante somente no estilo de montagem, perfeição em forma de arte juntando cada parte da história dele com entrevistas em movimento, canções sendo compostas e cantadas ligando com as imagens, elas não sendo jogadas, mas explicadas, e tudo numa sintonia maravilhosa que nem pareceu ter toda a duração que possui.
O filme que é um híbrido de documentário e ficção, mostra o perfil do cantor, escritor e compositor australiano Nick Cave numa abordagem que contempla visões surpreendentemente francas e um retrato íntimo do processo artístico, o filme examina o que faz de nós o que somos e celebra o poder transformador do espírito criativo relembrando seus grandes momentos nos palcos, na carreira cinematográfica e analisa a sua vida nos vinte mil dias na Terra ao acompanhar Cave por um dia fictício, entre o real e o imaginário, encontro com músicos, dirigindo seu carro para passageiros especiais, falando do presente e do passado, enquanto procura por inspiração.
É interessante observar como Iain Forsyth e Jane Pollard conseguiram transformar a história do cantor, que também assina o roteiro de sua "biografia" junto dos diretores, em algo dinâmico e interessante tanto para quem não conhecia nada dele como para os que conheciam muito também, e para os fãs ficou ainda mais sensacional, pois era notável a empolgação de alguns ao sair da sessão, e dessa maneira, a premiação de Melhor Diretor de Documentário em Sundance em 2014 é algo que podemos dizer que foi justíssimo pelo resultado entregue, e outra premiação mais do que merecida foi para Jonathan Amos que já havia feito de "Scott Pilgrim Contra o Mundo" algo sensacional no quesito edição, e aqui fez um documentário como nunca imaginamos ver, com nuances funcionando a todo momento, encaixes cênicos bem trabalhados e tudo parecendo surgir do nada encaixando com a história que está sendo contada pelo protagonista e entrevistados.
Como disse não conhecia muito sobre a vida do cantor e compositor, e portanto menos ainda cada uma das demais pessoas que apareceram para conversar com ele, mas ficou evidente que a relação de Cave com Warren Ellis é algo tão verdadeiro quanto qualquer outra coisa que pudéssemos imaginar, uma cumplicidade única que dá até gosto de ver o que um pensa, o outro sabe transmitir na música.
A equipe de arte trabalhou com muitas fotos, que claro foram trabalhadas dentro de um arquivo e não apenas jogadas na tela, de modo que o contexto cênico do filme ficou extremamente interessante de ver e claro aliado a uma montagem precisa, unindo uma luz mais forte que acabava contrastando com sombras e através de algum elemento cênico, tudo ia mudando de tom maravilhosamente, fazendo com que o conceito artístico e fotográfico da trama entregue fosse algo além de muitos filmes de ficção que já vimos por aí, ou seja, um trabalho minucioso que deve ser reconhecido e visto por muitos que desejarem um dia fazer uma biografia de maneira interessante.
Enfim, como não conheço muito sobre o cantor, posso garantir que o longa valeu para conhecer mais como é seu trabalho e como foi sua vida nesses últimos 20 mil dias, mas ainda assim não é um estilo musical que me agrade tanto, pois a sonoridade é excelente, tanto que Nick é conhecido também por fazer trilhas de grandes filmes, mas suas canções são textuais demais para agradar num dia comum, então não sei e ouviria algo dele normalmente. Mas como no caso aqui estou analisando o filme em si, tudo foi mais do que perfeito, e recomendo demais que todos que curtem um bom documentário veja o longa e até quem não conheça nada dele veja para conhecer esse gênero musical diferente dos padrões. Fico por aqui hoje encerrando a semana cinematográfica, mas volto na próxima Quinta com mais estreias, então abraços e até breve pessoal.
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