A Incrível História de Adaline (The Age Of Adaline)

5/24/2015 03:24:00 PM |

Costumo dizer que quando querem explicar demais uma ficção para tentar deixar ela próxima de algo real, ou o filme fica genial e saímos perguntando se realmente aquilo é possível, ou a ficção acaba soando falsa e acaba estragando toda a magia que o longa poderia ter. Digo isso, pois necessitaram tanta narração para "A Incrível História de Adaline" funcionar que o brilho romântico da história e até mesmo o seu "dom" conquistado acabou ficando em segundo plano diante à tentativa de conectar o longa com coisas de astrologia. Claro que posso estar até sendo meio rude com o filme por ter criado expectativas demais após assistir ao trailer e ter gostado muito do que vi, mas talvez uma história menos contada e mais desenvolvida, mesmo que não fosse algo tão surpreendente, acredito que agradaria bem mais. Não estou dizendo em hipótese alguma que é um filme ruim, muito pelo contrário, consegue comover, tem bons momentos, boas interpretações, e tudo mais, porém na metade do longa você já está cansado da voz de Hugh Ross, e ele vai conosco até os créditos subirem, então relaxem para as explicações de tudo que talvez acabem curtindo até mais do que é mostrado.

O longa nos mostra que Adaline Bowman nasceu na virada do século XX. Ela tinha uma vida normal até sofrer um grave acidente de carro. Desde então, ela, milagrosamente, não consegue mais envelhecer, se tornando um ser imortal com a aparência de 29 anos. Ela vive uma existência solitária, nunca se permitindo criar laços com ninguém, para não ter seu segredo revelado. Mas ela conhece o jovem filantropo, Ellis Jones, um homem por quem pode valer a pena arriscar sua imortalidade.

A direção jovem de Lee Toland Krieger foi trabalhada em cima do roteiro de uma maneira meio indisciplinada, pois seria possível desenvolver a história sem a necessidade de tanta narração, e diretores que optam por esse estilo geralmente são os que possuem medo de o espectador não entender a história ou ficar perdido quando a história que vai contar é um pouco confusa, mas aqui embora não seja uma história tão comum, o público captaria bem a ideologia e até conseguiria ver todo o sofrimento de vida da protagonista passando mesmo que fosse através de flashes rápidos para chegarmos no ano atual, e garanto que teríamos algo mais romantizado e menos técnico do que acabou ficando. Claro que isso é uma opinião pessoal de alguém que não gosta de narrações explicativas em filmes, mesmo que isso seja imprescindível para o entendimento da trama, mas tem pessoas que curtem. Porém tirando esse detalhe, o diretor foi sagaz em trabalhar com ângulos mais abertos para valorizar a cenografia e com isso certamente deu um bom trabalho para a equipe de arte, mas ao menos encheu nossos olhos com pontuações de época, e o melhor, sem precisar envelhecer ou modificar a protagonista, o que ficou ainda mais gostoso de ver.

Falando nos protagonistas, não lembrava muito de Blake Lively, pois seu último filme foi "Selvagens" e lá já havia falado que ela era uma atriz bem dotada de interpretações e de um corpo esplêndido, mas aqui ela como a protagonista Adaline/Jenny soube dominar toda a situação, colocar olhares bem fortes e principalmente se entregar para o papel, que era o que o diretor mais necessitava, então repito, ela daria conta do recado de passar toda a história sem o narrador, mas como desejavam para protagonizar outras duas atrizes que rejeitaram o papel, acredito que ficaram preocupados com isso, e acabaram estragando o que poderia ser melhor. Michiel Huismain entrega um Ellis bem interessante que ao melhor estilo de milionário desejável pelas mulheres ainda deram bons diálogos para ele, então o ator que não é bobo, soube aproveitar bem seu primeiro filme americano para despontar e ganhar com certeza diversos outros papéis com os olhares precisos e interpretação bem colocada sempre. Confesso que ao ver nos créditos o nome Harrison Ford como William tomei um grande choque, pois está tão velho e com uma interpretação tão introspectiva que nem parece o velho Indiana Jones, mas ficou literalmente maluco com a situação e agradou com um estilo carinhoso. Ellen Burstyn novamente faz uma filha com pais mais novos, pois já havia feito isso em "Interestelar", mas aqui como seu papel foi um pouco mais longo, mesmo que aparecendo em momentos espaçados, trabalhou bem a interpretação e também recebeu diálogos fortes para comover e sair-se bem.

Visualmente o longa nos entrega alguns poucos cenários de época, mas todos bem caracterizados e como a protagonista só tem um corpinho de 29, mas é altamente experiente, sua casa também possui marcas temporais nos elementos cênicos, o que agrada bastante, e no conceito visual é onde aparecem mais os erros técnicos do filme, pois necessitaram de focar em diversos momentos as coisas para tentar ligar passado e presente, que as vezes até soam falsas demais, por exemplo o momento do corte da mão foi quase uma piada cênica, mas felizmente não chegou a atrapalhar o resultado gostoso do filme. A fotografia trabalhou bem ao usar o recurso de luzes artificiais presentes da cenografia, pois como o filme acontece mais dentro dos ambientes, usaram e abusaram de abajures, lustres e afins para dar charme e um tom bonito e clássico para a trama, alguns ângulos inusitados da direção forçaram a equipe a inventar luzes aonde não deveria existir, mas o acerto técnico nesse quesito foi tanto dando uma beleza tão agradável que não pesou tanto.

Enfim, um filme bem interessante que poderia ser melhor, mas ainda assim consegue ser bonito e gostoso de acompanhar. Quem curte um bom romance ficcional vale a pena conferir, só faço a recomendação de tentar não ficar seguindo a história das estrelas que o narrador tenta lhe impor, que talvez agrade mais ainda o filme, mas mesmo quem ligar os pontinhos vai gostar, então recomendo o filme com certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda falta conferir uma estreia que veio para o interior, então abraços e até breve.


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