O filme nos mostra que o produtor de eventos Marcos e a ortopedista Eduarda já estão casados há dez anos. Nesse período, o relacionamento acaba se desgastando e por isso eles buscam ajuda no divã de um psicólogo. Mas o que era pra resolver os desentendimentos entre o casal, acaba os separando. Eduarda não perde tempo e se entrega ao amor por Leo. Mas será que isso é definitivo?
O roteiro e a direção de Paulo Fontenelle é algo que até poderia ter rumos interessantes, mas assim como aconteceu em seu longa anterior "Se Puder... Dirija", ele aponta o lápis, rascunha bem o contexto, arruma bons personagens, mas a história fica presa na primeira folha, ou seja, somos bem apresentados aos personagens, mas eles não possuem vida que dite algo que o público vibre ou queira acompanhar deles, de modo que tenho certeza absoluta que ele daria muito bem na televisão ao criar esquetes ou novelas, pois tudo fica simples demais para envolver alguém que pagou para ter no mínimo 90 minutos de algum entretenimento, e assim o relacionamento dos protagonistas acabou soando falso, as piadas com os coadjuvantes foram bem feitas, mas são as mesmas mostradas no trailer sem nenhuma nova, e nem a ingenuidade interessante das crianças foi usada em favor de algo que desse algum brilho para a trama, e assim mesmo fazendo ângulos mirabolantes a todo momento para que o filme tivesse um ritmo bem marcado, não teve um momento se quer que agradasse o público para rir bastante ou comover com algo.
Sobre a atuação, é notável que todos estavam bem colocados quanto ao que seus personagens deviam fazer e seus devidos interesses, tanto que se o filme fosse uma peça, era garantido que as improvisações de todos sairia anos-luz melhor do que o que acabou acontecendo, mas já que temos de falar como eles foram aqui, vamos lá. Vanessa Giácomo conseguiu personificar bem a maioria das pessoas que colocam em primeiro ato o trabalho e depois a família, tanto na forma de agir quanto no que faz com sua personagem Eduarda, e com olhares sempre de muita piedade para tudo que faz, há momentos em que aparenta querer sair dessa vida, mas não há nem essa intensidade no roteiro, muito menos na direção, então a personagem ficou insossa perto de tudo que a atriz aparentava querer desenvolver, ou seja, é como você ter um celular com milhões de funcionalidades, mas só usa ele pra telefonar. Rafael Infante mostrou uma característica interessante em seu Marcos, que ele também é bom em personagens mais trabalhados na forma dialogal, e por isso que muitos gostavam do "Porta dos Fundos", pois estamos a cada dia vendo que os atores que passaram por ali se quiserem sabem fazer de tudo que for encomendado, mas assim como disse da Vanessa, ele ficou patinando num círculo e apenas trejeitos não fazem com que um ator desponte. Todos sabemos que Fernanda Paes Leme é uma atriz descolada e cheia de atitude, mas deram um papel de mulher assanhada demais para ele, fazendo com que sua Isabel chegue a incomodar, mas como é o ponto cômico da trama, em alguns momentos consegue divertir bem. Marcelo Serrado caiu bem no papel de Leo e trabalhou da maneira sensível e bem pontuada que já estamos acostumados a ver nos papéis que pega, além da sacada do roteiro para seu personagem ser uma das poucas coisas que funcionaram bem, ele ainda soube dosar a interpretação para não soar forçado. Outro que poderia ser melhor, mas ainda assim conseguiu ter seu devido destaque foi George Sauma, que fez o residente Guilherme ser engraçado e funcionar nas piadas, mas como é um personagem bem secundário não deu para desenvolver tanto.
Sabemos que fazer cinema no Brasil é algo caro e que sempre precisa de muitos patrocinadores, mas existem diversas formas de dar o retorno para a empresa que ajudou no filme sem ser forçando a barra no marketing dentro do próprio longa, e aqui a equipe artística devia querer matar quem forçou tanto a barra para a cenografia ficar sempre envolta dos patrocinadores, chega a soar forçadíssimo a moça do Hotel Mercure falando todas as vantagens de quem é cliente premium do hotel, depois a atriz falando ao telefone e o foco da câmera vai para o creme da marca, e por aí vai. O filme possui lugares bem bonitos que foram escolhidos para as filmagens, mas esses apelos acabam mais atrapalhando do que ajudando na composição cênica, e sendo assim desagrada muito ver esse exagero de merchandising. O fotógrafo do longa foi ao menos bem fiel com os princípios de luz verdadeira e falsa, pois como o longa possui muitas cenas noturnas, ele usou da sabedoria de colocar uma TV ligada para ambientar, ou jogar as luzes da boate ou bar com os protagonistas sempre de costas para realçar, e assim dar um tom ao menos mais bonito para a produção.
Enfim, ficou tudo de mediano para fraco, o que desanima bastante, pois o cinema nacional está sempre crescendo, mas aparecem alguns longas que poderiam desabrochar, ainda mais com a parceria argentina na produção que tem ótimas comédias dramáticas, e o resultado acaba sendo frustrante. Dessa forma, não recomendo o longa nem para quem estiver sem nada para assistir, somente se for muito fã do estilo novelesco que nada acrescenta nem entretêm. Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando as estreias da semana que vieram para o interior, mas na Terça começa a Itinerância do Festival Melhores Filmes do SESC, e vieram alguns longas que não passaram pela cidade no ano passado, então irei conferir todos e vir comentar o que achei na sequência no site, então abraços e até breve.
PS: Alguns sites colocaram o longa como uma continuação do magnífico "Divã" de 2009, mas mudando protagonistas (Lilia Cabral é insubstituível), roteiristas(Marcelo Saback também é um dos poucos que salva em comédias românticas no Brasil) e diretor(José Alvarenga Jr. não é um gênio, mas não faz besteiras novelescas no cinema), não dá para falar de forma alguma que é algo contínuo, sequer comparar com ele, então não caia no merchan.
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