É engraçado falarmos de um documentário sobre um documentarista, ainda mais se o homenageado ou motivo do documentário ainda está vivo, pois colocar alguém para documentar a vida de alguém que documenta outras vidas fica até confuso de dizer qualquer coisa. Mas se você entendeu o que quis dizer aqui com certeza vai entender facilmente o documentário "O Sal da Terra" que utilizando do material feito pelo fotógrafo durante seus 40 anos de carreira, aonde explica suas motivações e o que sentiu em cada momento, seu filho Juliano junto do famoso Wim Wenders conseguem montar um recorte interessante e bem vivo que resulta em uma bonita história, aonde mesmo que documentada somente através de fotos daria para ter a completa noção de cada composição cênica que Salgado conseguiu capturar com suas lentes.
O filme nos mostra que ao longo dos últimos 40 anos, o fotógrafo Sebastião Salgado viajou pelos continentes seguindo os passos de uma humanidade em constante mudança. Testemunhou os maiores eventos de nossa história recente: conflitos internacionais, fome e êxodos… Ele agora embarca na descoberta de territórios primitivos, da fauna e flora selvagens, de paisagens grandiosas: um grande projeto fotográfico em tributo à beleza do planeta.
Particularmente não sou fã de narrações, mas também não sou contra, o que mais me incomodou sem dúvida foram as imagens, mas isso era o foco do filme, afinal Salgado sempre trabalhou com imagens fortes e isso como ele diz em certo momento do filme chegou até a lhe adoecer e perder a fé na humanidade, coisa que também concordo e muito com ele. Embora Wenders tenha entrado com força mais ao final do projeto, é notável o foco de suas lentes e a de Juliano Salgado, pois o filho procura conhecer mais o pai, então são ângulos mais fechados e sempre procurando o mesmo olhar que o pai está tendo, enquanto Wenders já procura compor mais a cena. Digo isso, claro nas cenas que estão filmando, pois nas que estão apenas exibindo as fotos com narração explicativa ao fundo não é tão simples observar de quem foi o recorte, mais provável feito pela edição em várias mãos.
O longa em si funciona, mas também não é algo que qualquer um irá digerir facilmente, pois acaba de certa forma meio que arrastado, num misto de homenagem ao que Salgado fez na sua nova fase como reflexo pelo que já viu no passado, e nesse passado dou destaque ao penúltimo trabalho do fotógrafo com a fase "Exodus", que contém imagens chocantes e duras de pensar em como tudo ocorreu por ali. Mas de fato, todas as imagens são lindíssimas e vale conferir o longa só por isso, talvez deixando um pouco de lado tudo o que quiseram mostrar, funcionando como uma exposição mais rápida dos 4 livros do fotógrafo.
É até engraçado falar da fotografia do filme, mas por mais incrível que possa parecer, não seria necessário colocar tantos efeitos nas imagens captadas para aguçar e manter o mesmo tom das fotografias de Salgado, pois daria para trabalhar com dois tons sem atrapalhar em nada, e isso chega até incomodar na forma de observar o longa, pois acaba ficando muito em preto e branco dando um certo cansaço visual, o que se feito de forma mais viva passaria o mesmo resultado e agradaria bastante também.
Enfim, falar muito sobre documentário é estragar o conteúdo que ele realmente vai passar para cada um. O longa ganhou o Cesar de Melhor Documentário e foi indicado ao Oscar também na mesma categoria, ou seja, algo que mostra a qualidade do material que todos irão conferir. Como disse, em certos momentos o filme acaba meio lento demais e quem não for fã do estilo irá com certeza cansar, mas o resultado final vale a pena ser conferido com certeza. Para quem for de Ribeirão Preto, nessa quarta dia 06 de maio, irá ser reprisado na sessão Cine Planeta do SESC às 19 horas, então é uma excelente oportunidade para ver ele, já que com certeza não deve passar em nossos cinemas. Fico por aqui encerrando essa semana cinematográfica, mas quinta estou de volta com mais posts, então abraços e até breve.
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