Já ouvimos falar diversas vezes que devemos valorizar os pequenos atos de amizade, que muitas vezes um amigo é maior que um irmão e por aí vai, mas quando um longa é classificado como comédia dramática e é inserido dois ícones da comédia americana no elenco, a expectativa que o filme cria para divertir, ou fazer chorar demais (já que alguns recaem sobre algo mais emotivo, mesmo tendo pitadas cômicas), é altíssima, daí vem um diretor estreante no cinema, mas que já ganhou todos os prêmios possíveis na TV e entrega um café sem açúcar e uma bolacha sem sal para o café da tarde e a primeira coisa que se ouve após a sessão de "Para o Que Der e Vier" acabar é: "que filme chato". E a definição da moça que estava atrás de mim não poderia ser mais precisa, pois o longa tem alguns pequenos pontos de virada, mas a simbologia que poderia trazer a tona da amizade e tudo mais fica sempre em cima do muro, sem sobressair nem desandar, e assim de tão fraco, a única garantia que posso dar sobre ele é que amanhã mesmo não devo nem lembrar de ter assistido ele.
O longa nos mostra que Ben Baker é um homem com comportamento infantil, que vive no sofá de um amigo praticamente todo o tempo. Seu amigo, Steve Dallas, é um repórter do tempo com relativo sucesso, mas que vive uma vida superficial. Quando Ben recebe a notícia da morte de seu pai, Steve o ajuda a voltar para casa, onde os dois se reencontram com a irmã bem-sucedida, Terry, e a madrasta hippie, Angela - que tem a mesma idade deles. A leitura do testamento faz com que Ben repense a vida, o que não necessariamente inclui o apoio da “nova” família.
Quando um diretor bem sucedido de TV resolve atacar no cinema é comum que faça coisas menores para basicamente começar do zero, que faça algo mais autoral e por aí vai, mas uma coisa que precisam começar a pensar é como não queimar seu nome logo de cara, e infelizmente Matthew Weiner não iniciou bem sua aventura como roteirista e diretor de longas-metragens, pois ao ficar muito em cima do muro, o longa acabou perdido entre a amizade dos protagonistas e o autoconhecimento deles, não atacando de frente nenhuma das duas possibilidades, e isso fez com que ficássemos o longa inteiro esperando alguma quebra de lado, ou até mesmo um clímax mais forte do que o ponto de virada da barba para que a trama deslanchasse, e sem ocorrer isso o filme ficou morno demais. Também faltou um pouco de ousadia na forma de filmagem, recorrendo demais aos planos tradicionais e com isso cansando o espectador que não está tão acostumado com comédias mais calmas, se é que dá para chamar o filme de comédia, já que rir é algo que o longa não proporciona nada. Ou seja, o diretor e roteirista não caiu bem, e é melhor ficar com suas séries televisivas que sabe acertar a mão, pois aqui faltou timing.
No quesito atuação, estamos acostumados com Owen Wilson fazendo comédias mais dramatizadas e em alguns casos até saindo muito bem, como foi o caso de "Meia Noite em Paris", mas aqui parecia tão desanimado com seu personagem que não tem uma cena se quer que tenha se destacado, sempre fazendo as mesmas expressões sem empolgação e algumas até parecendo estar fora do contexto da trama, mas ainda assim conseguiu segurar a ponta nos momentos que precisou mostrar serviço com seu Steve, mesmo que sem o destaque tradicional que teria. Zach Galifianakis é um ator interessante que tem uma versatilidade incrível, mas que assusta sem barba parecendo outro ator que entra no lugar, aqui a personalidade dele se divide em duas, com e sem barba, e isso embora seja parte da trama, acabou ficando estranho, e mesmo ele sempre fazendo papéis malucos, as cenas de seu Ben meio fora de si não conseguiram nos empolgar. Amy Poehler até tenta ir bem com sua Terry, mas o personagem além de fraco não tinha tantas nuances para as expressões que faz, além de que seu problema é mostrado tão superficialmente que fica apenas a arrogância sobrepondo tudo, mas a cena dela conversando com o amish foi pra ouvir um sonoro soco no estômago, a atriz faz pouco cinema também então não chegou a ser importante para a trama e nem fez jus a nada, então participação nula. Laura Ramsey conseguiu chamar atenção tanto pelas suas cursas como Angela quanto pelos diálogos bem colocados, e particularmente foi a que mais se deu bem na trama, acredito e muito que se a história se passasse antes da morte do pai de Ben, a trama seria muito mais interessante com o que ela poderia fazer. Dos demais atores, as participações cênicas do pessoal da TV chega a ser deprimente em diversos momentos, então não dá para destacar ninguém.
No conceito visual da trama até temos elementos cênicos bem colocados que chegam a dar uma boa ligação para a trama, mas nada que fosse chamativo o suficiente para dar algum elo ou que prendesse nossa atenção, claro que para isso estou desconsiderando a cena da galinha, que aí sim temos todo um ar emblemático que faz a trama falar sozinha, mas tirando esse detalhe o restante são apenas algumas conexões de cenografia com a caracterização dos personagens e nada mais. Da fotografia embora tenham usado cores bem nítidas para representar cada personagem, a trama não desenvolve em momento algum sombreamentos que façam o espectador pensar sobre tudo o que está rolando, sendo apenas uma divisão de cenas para caracterizar, como é feito nas séries, mas isso no cinema não é algo que funcione tanto, então poderiam ter determinado mais as cores pelos sentimentos que envolveria mais.
Enfim, um longa que tinha um mote promissor, bons atores, um diretor que sabe trabalhar bem e já ganhou vários prêmios na TV por ser bom, mas que ficou apenas na ideologia, errando praticamente em tudo, ficando monótono e sem sabor algum, ou seja, não dá para recomendar ele, e repito o que disse, garanto que amanhã não vou recordar de nada do que tentaram mostrar nele, ou seja, tirando um ou outro ponto interessante que formarão a nota que vou dar, o restante não serviu como filme. Bem é isso pessoal, ainda tenho muitos filmes para conferir nessa semana cinematográfica, então abraços e até breve.
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