Se existe um gênero que não gosto de escrever é o de coletâneas sobre determinado assunto, pois acabamos vendo tantos filmes dentro de um só, que após passar todos nem lembramos direito o que vimos no começo, então mesmo o resultado sendo interessante "As Pontes de Sarajevo" acaba sendo um filme que até mostra bastante as marcas de uma cidade que passou por diversas guerras e ainda tem um reflexo do passado presente na cultura atual da capital da Bósnia e Herzegovina, porém cansa com algumas perspectivas mais autorais, que certamente era a ideia da trama, e poderia ter uma dinâmica mais contundente para ressaltar pontos positivos e negativos, não apenas o lado mais sentimental e ideológico que tanto bateram na tecla em quase todos os curtas.
A sinopse nos mostra que pelos olhos de treze cineastas europeus, esse filme coletivo explora o que Sarajevo representou na história europeia dos últimos 100 anos e o que representa na Europa atual. De diferentes gerações e origens, esses eminentes cineastas contemporâneos oferecem uma gama de visões e estilos.
Acabei não anotando os nomes de todos os filmes, e também não vou me prender a contar o que ocorre em cada um, pois como disse o que vale na coletânea toda é o contexto que desejavam passar, e como o contexto histórico dos roteiros foram certamente bem trabalhados para dar síntese ao enredo completo que o diretor artístico Jean-Michel Frodon desejava para montar o filme. Claro que alguns até se destacaram mais, como o primeiro trecho aonde nos é mostrado o estopim da Primeira Guerra Mundial, que ficou bem envolvente e cheio de nuances, o penúltimo trecho com o garotinho que perdeu os pais e agora vive tendo esperança na adorada cidade por ele, alimentando cães de rua, e até o último trecho aonde mesmo o esporte para crianças, já tem rumos mais adultos para mostrar que ali todos precisam viver mais rápido, pois conflitando com o cemitério gigantesco atrás do campo, aonde divide-se lado muçulmano de lado cristão, já temos um molde de que ali nada é fácil. Temos também os longas abstratos, que muitos adoram, e eu particularmente não consigo sentir nada por eles, até por vezes sentindo um desgosto de gastar dinheiro com o estilo, então que surge claro Jean-Luc Godard em mais um filme seu que joga imagens, sons altos e textos soltos para formar sua ideia abstrata de como o que ocorreu no passado influência no que é a cidade hoje, e mesmo sendo estranho demais seu estilo, que já conhecemos de outros longas, o resultado até que fica cabível; e outro que acabou mais chato do que bem feito foi o trecho Reflexos ou Reflexões, não lembro muito bem, que coloca imagens de algumas pessoas (pode ser que sejam importantes, mas não reconheci ninguém), em ruas aonde vão passando as pessoas por trás e ao lado da imagem, a fotografia nesse trecho inteira em P/B ficou linda, mas confesso que quase dormi nesse trecho que não acabava nunca. A comicidade ficou a cargo do trecho Réveillon que com uma câmera estática pegando parte de um pinheiro natalino, e duas pessoas na cama, discutindo se um escritor alemão tinha boas ideias da Europa, ficou muito interessante de ver a perspectiva do casal e do texto claro, mas acredito que um pouco mais de sarcasmo na entonação daria ainda mais luxo para a trama.
Agora se tem algo que vale muito a pena ver em todos os trechos é o conceito artístico/fotográfico, pois cada momento foi retratado sob uma perspectiva tão bonita dentro da cenografia que até adentramos quase ao filme com o que é passado, mas em termos de cores e ambientação, particularmente fecharia o longa com o trecho "A Ponte" do italiano Vincenzo Marra que daria o encaixe mágico, já que com uma fotografia totalmente viva, o diretor deu ares de nostalgia das pessoas que fugiram da cidade e ainda remete ao símbolo do filme.
Enfim, é um trabalho inusitado que agrada de certa forma, mas que também cansa pelo excesso, com 6 curtas mais bem desenvolvidos teríamos algo perfeito e que não enrolaria tanto, mas certamente o tempo não casaria com a proposta. Vale a pena conferir para conhecer algo que não é comum de vermos por aí, mas garanto que alguns não vão gostar do que irão assistir. Bem é isso, como disse no começo não é meu estilo favorito para escrever sobre, pois não dá para esmiuçar cada coisa vendo num cinema, quem assistir em casa certamente terá tempo para parar cada curta e falar sobre ele, mas não é, nem nunca será meu caso, portanto, está aí escrito de modo geral o que achei do primeiro filme do Panorama de Cinema Suíço Contemporâneo que irei conferir nos Domingos e Terças de Junho/Julho no SESC Ribeirão Preto, que já deixo o convite para os demais para todos da cidade, então abraços e até breve pessoal.
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