Quando um filme faz sucesso, a certeza de uma continuação é total, e se teve uma comédia romântica nacional que foi, ao menos na minha opinião, bem satisfatória em 2011 foi o sucesso "Qualquer Gato Vira-Lata", e agora passado exatos 4 anos a continuação mudou a direção, mas o contexto foi praticamente mantido para agradar. Claro que com a mudança na direção, o tom de Santucci é meio exagerado e as piadas foram mais forçadas e não teve tanto o clima romântico gostoso do original, mas ainda é possível se divertir com o que foi passado e claro que sempre é bom ver Cléo Pires. Agora sem dúvida alguma o dinheiro fez dinheiro, pois se no anterior a produção foi mais simples e não tão trabalhada, agora tivemos um longa com luxo de filmar no Caribe, com cenografia perfeita e principalmente com imagens maravilhosas para acompanhar o desenrolar da história que poderia ter sido mais desenvolvida.
O longa nos mostra que Tati e Conrado, que terminam juntos o primeiro filme, viajam a Cancún, onde ele participa de uma conferência para o lançamento de seu livro. Lá, ela aproveita a ocasião para pedi-lo em casamento, com transmissão via internet para todos os amigos no Brasil. Mas, ao responder, Conrado solta apenas um “Posso pensar?”. A moça, então, se decepciona e Marcelo, ex de Tati, volta a ter esperanças. Para complicar, Ângela, a ex de Conrado, também é convidada para o mesmo evento no México, onde também está lançando um livro, cuja tese bate de frente com a dele.
Não podemos falar que o roteiro de Roberto Santucci é ruim, muito pelo contrário, ele possui boas nuances, é bem desenvolvido e até se encaixa bem como continuação da tese apresentada no primeiro filme, e que agora vem de contraponto com a ideia da ex-mulher do personagem principal, mas seu jeito de fazer comédia é algo que só quem gosta de comédia forçada se diverte realmente, e isso foi o diferencial do primeiro filme escrito e dirigido por Tomas Portella, aonde tudo fluía naturalmente e agradava por não forçar a barra para que o público risse das coisas, mas o diretor optou por não seguir na continuação para desenvolver novos projetos, e ao assumir Santucci preferiu trabalhar mais em algo que conhece e até fez um bom longa, mas que preza por divertir nas cenas aonde deu para escrachar o estilo mais humorístico de novelas mexicanas, como a todo momento faz questão de ressaltar. Ou seja, em momento algum podemos falar que o filme não diverte e faz rir, cumprindo com o dever de toda comédia, mas poderia ser menos escrachado que agradaria bem mais e ficaria próximo de uma comédia romântica mais gostosa de acompanhar.
Quanto da atuação, particularmente não temos nenhum humorista de profissão mesmo entre os protagonistas, e isso já é algo que acaba sendo até estranho visto que o mote forte do diretor sempre foi trabalhar com pessoas mais aptas para fazer rir, então aí é que entrou uma pequena falha do filme que necessitou alguns elos externos do eixo principal da história para que as piadas funcionassem, como é o caso do forçado gigolô Esteban e dos cantores mexicanos que aparecem a todo momento, mas se tirarmos isso até que o restante salva. E para salvar claro que temos a beleza de Cléo Pires com sua Tati, que a cada filme que passa fica mais linda e que vem melhorando cada vez mais seu estilo de atuação, ou seja, em breve deve ficar tão perfeita quanto bonita e com certeza sua carreira deve decolar ainda mais, vale destacar sua cena junto do seu pai real Fabio Jr., que com boas sacadas da relação real entre eles e da vida privada do cantor deram um charme a mais para o momento. Malvino Salvador sempre trabalha bem, e aqui não seria diferente, mas ao tentar ser caricato ficou estranho demais, nem parecendo estar fazendo o mesmo personagem Conrado que agradou tanto em 2011, ou seja, preferimos o carinhoso e carismático ator que conquistou Tati no primeiro filme e não a tentativa de galã fortão/macho alfa que quis fazer aqui. Dudu Azevedo continua fazendo caras e bocas nas suas interpretações, e isso é um defeito dele e não do personagem Marcelo, visto que sempre faz da mesma forma, e ele já passou da fase galã que não precisa atuar para agradar, então está na hora de começar a botar a entonação nos diálogos para chamar atenção sem precisar tirar a camisa. Agora com toda certeza o destaque do filme fica por conta da graciosa Mel Maia, que temos de grudar os olhos nessa garota para ver o grande futuro de atriz que ela possui, encaixando expressão em todas as suas cenas e dando pontuação na interpretação de cada diálogo que faz com sua Julia, passa de fofinha para atriz precisa em duas palavras proferidas apenas, ou seja, tem muito futuro mesmo na carreira. Dos demais, a maioria acaba sendo apenas encaixe para as cenas, destacando alguns momentos de imposição de Rita Guedes como Angela e as cenas de azaração de Álamo Facó e Leticia Novaes como Magrão e Paula.
O visual caribenho foi uma ótima escolha para o desenrolar da trama, pois como disse ao ser um misto de novela mexicana com nuances de comédia romântica brasileira, o filme encontrou a cenografia perfeita e souberam desenvolver bem cada um dos momentos que cada cena pedia, com o melhor ponto do resort aonde tudo foi filmado, e assim agradar muito no conceito de uma produção minuciosa. O único defeito da equipe aparentemente foi a falta de muito protetor solar para o elenco, pois ficou visível as marcas do sol na pele dos artistas, claro que isso poderia ter sido resolvido com maquiagem, mas acabou sendo uma falha dupla, embora que claro que estando numa praia o natural é se queimar mesmo, mas como estamos falando de trabalho cênico, caberia deixar menos avermelhado a aparência de alguns. A equipe de fotografia soube trabalhar bem nos ângulos para valorizar a iluminação natural do local e colocar sempre em contraponto o mar azul turquesa maravilhoso para termos um charme a mais na trama.
Enfim, é um filme bem feito, que pecou em alguns exageros, mas isso não tira o brilho de uma boa produção, e como sempre digo, a missão de uma comédia é fazer rir, então nesse quesito a missão foi cumprida mesmo que de maneira forçada, talvez uns detalhes mais trabalhados agradariam mais quem for exigir um romance mais envolvente como aconteceu no primeiro filme, mas quem gostar do estilo cômico aonde é necessário forçar a piada, com certeza vai gostar do que verá. Então dessa maneira, acabo por recomendar o longa como um passatempo até que interessante nos cinemas, mas não espere muito do filme, pois não vai ser entregue nada além do tradicional. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho mais uma estreia da semana para encerrar os posts, então abraços e até breve.
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