terça-feira, 16 de junho de 2015

Sobre Amigos, Amor e Vinho (Barbecue)

Todo mundo possui aquele grupo de amigos, que se reunemTodo mundo possui aquele grupo de amigos que se reúne para falar besteira e beber um bom vinho, mas quando a amizade se alonga por muitos anos, na velhice costumamos ser mais sinceros, e ao começar a pontuar os defeitos uns dos outros, nem sempre a franqueza pode ser algo aceitável dependendo do tom. E o longa “Sobre Amigos, Amor e Vinho” nos insere bem num grupo de amigos que se conhecem há 25 anos, alguns que foram casados, já se separaram e continuam no grupo de amigos, e num longa leve e bem gostosinho somos transportados para o momento chave aonde o aparente líder do grupo, que montava todas as reuniões e afins, ao descobrir um problema resolve explodir com todos, e dessa maneira os problemas passam a necessitar do que realmente chamamos de verdadeira amizade para perdoar, relevar e voltar a tomar um bom vinho juntos.

O longa nos mostra que no seu aniversário de 50 anos, Antoine recebeu um presente bem original: um infarto! A partir de agora, ele terá que se cuidar. O problema é que Antoine sempre cuidou de tudo: da saúde, da alimentação, da família, de não magoar os amigos e concordar com tudo. Mesmo assim, ele aceita encarar um novo regime e, na tentativa de mudar de vida, acabará mudando a dos outros também.

É interessante como o diretor Éric Lavaine trabalhou sua trama, pois ele desenvolve os personagens de uma forma tão carismática e próxima que ao final do longa estamos realmente íntimos deles, já vivenciando suas brigas, rindo das piadas ruins, e até torcendo para que os devidos romances aconteçam, e isso ao mesmo tempo que é bem bacana de ver, acaba deixando o filme muito sem ter o que surpreender ou divertir sozinho com a história, o que é um pouco ruim, mas com o ritmo bem encaixado que foi proposta a trama, junto com uma direção consistente aliada à uma arte impecável dentro das locações lindíssimas da região de Lion, o filme acaba sendo bem leve e agradando de uma maneira gostosa de ver, mas poderia ter abusado um pouco mais para não entrarmos no trivial e assim o longa acabar mais bem desenvolvido. Até mesmo o uso dos planos ficou bem dentro do tradicional para não quebrar a barreira da amizade entre o espectador e o longa, e isso de certa maneira cansa um pouco, então embora tenha sido um filme muito bem feito, como diz o velho ditado: “intimidade demais acaba estragando um relacionamento”.

Sobre as atuações, temos também um excesso de personagens principais, e isso deixa o longa aberto demais para quem o espectador deve desenvolver mais sua atenção, não que isso seja um problema, pois cada um possui sua característica própria, mas com certeza se a maioria caísse como apenas um figurante de luxo e não como coadjuvante, certamente a trama se desenvolveria mais. Claro que o foco fica em cima de Lambert Wilson que acabou entregando um Antoine bem interessante, com problemas comuns de quem entra na casa dos 50 anos e resolve desabafar tudo de uma vez após sofre um infarte, e como o ator ainda mantém um visual muito bacana, faz toda a pinta de galã que a trama lhe pedia, trabalhando bem as expressões faciais para que o filme se desenvolvesse de forma homogênea e o seu personagem agradasse. Franck Dubosc até consegue ser o amigo problemático da turma que ao se separar manteve a cara triste e sempre necessita de um afago dos demais amigos para viver bem sua vida, e isso é legal de ver como o ator trabalhou bem para que seu personagem Baptiste se encaixasse bem na trama. Lionel Abelanski de certa maneira acaba sendo meio que forçado na forma que demonstra sua irritação por seu Laurent não conseguir recuperar de um problema que está ocorrendo, e isso acaba sendo estranho perante estar dividindo felicidades e mau humor tudo na mesma proporção. Guillaume de Tonquedec faz de seu Yves, aquele amigo falante que sempre tem uma história, geralmente que não interessa para tantas pessoas, mas que vai continuar contando sem parar porque odeia silencio, e isso de certa maneira incomoda muito no seu jeito de atuar, embora dê uma comicidade correta para o personagem. Jérome Commandeur faz de seu Jean-Mich’ um personagem de certa forma bobo demais, e não consegui ver se era essa a real intenção do diretor, portanto poderia ser menos forçado no modo de atuar e agradaria bem mais. Das mulheres, vale destacar somente Florence Foresti, que entregou uma Olivia muito moderna, daquelas mulheres que gosta de curtir a vida, mas que por ter o ex-marido no mesmo grupo de amigos, sempre acaba tendo de desviar o foco das conversas e isso gera sempre algum tipo de embaraço, mas a forma que trabalhou seus trejeito agrada demais.

O visual de Lion e dos arredores campais da França são um deslumbre a parte, que deu a trama uma cenografia tão bonita, que quase esquecemos dos personagens ruins da trama para ficar feliz somente com o ambiente ao redor. E claro como objeto cênico obrigatório temos muitas garrafas de excelentes vinhos e boa comida para chamar a atenção, de modo que se foram vinhos reais que os protagonistas tomaram, nem quero imaginar como foi o final de cada dia de gravação. E embora o cenário seja majestoso, a fotografia optou pelo básico, sem chamar atenção para nenhuma cena com alguma iluminação diferenciada para envolver, dando destaque apenas para a cena da piscina a noite, com uma cadeira que fica mudando de cor, mas quando abriam o obturador para pegar mais da paisagem ao redor, o filme quase que saia voando.

Enfim, um longa bem trabalhado, mas que como disse pecou por nos colocar íntimos demais, de modo que as histórias conforme vão acontecendo passam a não nos interessar tanto. Claro que a comicidade leve é excelente para passar uma tarde assistindo ao filme tranquilamente, mas esperava mais problemas ou nuances acontecendo, para que tivéssemos um desenvolvimento maior da trama. Portanto, até recomendo ele, mas tente não se envolver tanto com o que acaba acontecendo, senão há grandes chances da decepção de ver um longa simples demais ser alta. Bem é isso, vamos lá pra sala do cinema ver o antepenúltimo filme do Festival Varilux, e mais tarde volto com o texto dele, então abraços e até daqui a pouco.


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