domingo, 26 de julho de 2015

A Forca (The Gallows)

Ultimamente temos reclamado bastante de que o gênero terror não anda nos entregando novas histórias e apenas usando de alguns artifícios característicos para assustar o público, de modo que acabem saindo da sessão sem arrepios e medo de nada do que foi entregue. E pela história de "A Forca", poderíamos esperar algo mais contundente, afinal até conseguiram montar uma história mais envolvente e trabalharam com algo que poderia criar uma perspectiva sombria em torno do personagem principal, mas infelizmente ao exagerar no tradicional apelo da câmera na mão dos protagonistas, uso de "câmera do celular" e outros apetrechos de efeitos, o filme simples acabou esquecendo princípio mais básico de um terror: assustar. E assim acabamos saindo da sessão na dúvida de que valeu todo o marketing gratuito que conseguiram, pois ao entregar um filme simples desse não tem quem vai querer rever o filme, se tornando esquecível minutos após a sessão.

A sinopse nos mostra que há vinte anos o colégio de uma cidadezinha foi palco de uma tragédia. Um acidente grave aconteceu durante uma peça escolar e, agora, os novos estudantes planejam reencenar a peça como forma de homenagear aqueles que perderam suas vidas anos atrás. Mas os alunos logo percebem que essa é uma decisão errada com graves consequências.

É interessante ver a forma que desenvolveram o roteiro para que as junções finais ficassem bem traçadas e agradassem com a conclusão da história, e talvez se mesmo mantivessem toda essa linha de apresentação que surpreendeu no final, e inserissem um tom mais sombrio e assustador, sem ficar tanto intercalando imagens do celular, com imagens da câmera amadora, voltando a história para explicar o que ocorreu no outro cômodo e tudo mais que foi exagerado, teríamos um filme que agradaria bem mais e ainda certamente criaria um novo monstrengo para o hall dos monstros do terror, o que acabou não acontecendo. Também é bacana observar, que a produção ocorreu quase que independente inicialmente, e só no processo final das campanhas de marketing e distribuição que entraram os nomes fortes da Warner e Jason Blum que já é conhecido por outros longas de terror, então se considerarmos dessa forma, os diretores e roteiristas estreantes Travis Cluff e Chris Lofing até que souberam dosar a história para construir algo que por bem pouco não fez um filme memorável, mas aqueles que realmente apreciam uma boa história de terror, certamente verá que eles se perderam e muito no miolo da trama, pois sabiam como começar e fechar o filme, diga-se de passagem com uma amarração bem interessante, mas não tinham noção do que deveriam fazer para assustar e causar no meio do caminho, transformando o filme apenas em correria pelos corredores da escola sem chegar a lugar algum. E sendo assim, pode até ser que ganhem uma boa quantia com o filme, já que o orçamento foi baixo e como o marketing foi bem feito, muitos acabarão assistindo (apenas para pontuar, hoje na sessão em que fui, tinha muito mais gente que se somar todos os outros filmes de terror que conferi nos últimos meses), e o dinheiro virá, então caso inventem de fazer uma sequência, torço para que melhorem essa condição.

Sobre a atuação, ficou até bem fácil de escrever sobre cada um dos atores, pois utilizaram seus próprios nomes na trama, e isso certamente facilita erros na hora de chamar determinado personagem no filme, pois como já vimos em erros de produção, geralmente um chama o outro pelo nome ao invés do nome do personagem e a gafe ocorre, o que aqui passa limpo nesse quesito. Reese Mishler até almejou algumas expressões mais assustadas para o seu personagem e de certa maneira saiu-se bem como protagonista, mas a inexperiência em longas foi mais dominante do que o rostinho bonito, e dessa maneira o jovem assim como os diretores, acabou desapontando bastante, talvez o desespero fosse mais preciso do que o espanto frente à tudo que iria passar. Ryan Shoos podemos classificar como aquele incrédulo de tudo que só quer sacanear todos da faculdade e ao ficar sempre com a câmera sua voz chega em certos momentos até incomodar de modo que acabamos torcendo para que o espírito pegue logo ele para termos uma câmera mais limpa, e convenhamos que o jovem não se esforçou nem um pouco para expressar nas cenas que apareceu frente à câmera, então totalmente dispensável. Cassidy Gifford já não tinha chamado tanta atenção em "Deus Não Está Morto" e aqui caminhava rumo a não ser nem lembrada, mas esteve presente em duas das cenas mais icônicas da trama, a principal do pôster, trailer e afins, e a que a marca no seu pescoço fica muito evidente, num trabalho preciso da equipe de maquiagem, e claro que nessas cenas, botou todo seu jeito impactante para que suas expressões fossem bem vistas, então a jovem que já possui pais famosos no meio, certamente com essas duas cenas deve ganhar mais outros bons papéis em breve, mas aqui podia ainda chamar mais a atenção tranquilamente, porém era de elenco quase que secundário, então saiu-se bem. Agora Pfeifer Brown teve um longa inteiro ingrato, aonde apenas fez sorrisinhos e expressões fajutas, para ter um final glorioso e estupendo, e sem dar mais spoilers, a garota conseguiu entregar tão bem seu estilo na cena final, que assim como a peça em que era a protagonista na trama, mereceria um auditório maior para ser aplaudida, então grata surpresa para a cobradora de pênalti dos 45 minutos do segundo tempo. Dos demais todos foram bem mal usados, inclusive o ator que faz o fantasma/espírito merecia uma participação melhor, mas esqueceram dele, ou não tiveram orçamento suficiente para assustar sem errar, então deixaram ele para escanteio.

Como disse no início, um dos pontos fortes da trama ficou a cargo da produção, pois mesmo com um orçamento baixíssimo, a equipe foi esperta de escolher uma cidade bem colaborativa para que o colégio não precisasse de muitos enfeites para ficar sombrio, os elementos da peça encaixassem bem na produção e principalmente com o uso de câmeras menos robustas, afinal queriam dar um ar menos profissional para as filmagens, o que anda ocorrendo muito no mundo do terror, tudo caiu como uma luva, já que não precisavam de muito requinte. E dessa maneira todos os elementos cênicos usados, acabaram encaixando bem para que o longa ficasse envolvente, No quesito fotográfico, abusaram demais da falta de luz, o clichê máximo do gênero, e por incrível que pareça a cena que mais pega o público desprevenido possui luz demais, contrariando tudo e todos, e dessa maneira não temos que falar que o longa acertou com a iluminação "precária", pois poderiam ter feito melhor os âmbitos para que o espírito fosse mais presente do que apenas sons e poucas aparições em algumas cenas, ou seja, falharam muito no princípio básico que o gênero pede.

Enfim, podemos falar que o longa teve bem mais erros do que acertos, mas como tiveram dois grandes pontos, o marketing e a história interessante, o longa vai acabar ficando dentro de uma nota satisfatória, mas não tenho como recomendar o filme nem para os amantes do gênero, muito menos para quem não gosta, ficando bem classificado, como aquele filme que você vê num dia que não tem mais nada passando na TV e para por achar uma ou outra cena tensa que parece que vai dar em algum lugar, e só isso, então a expectativa criada para o famoso Charlie-Charlie logo mais vai ser esquecida e sequer lembraremos do filme caso não falem de uma continuação. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica curta, mas volto em breve com uma pré que irei conferir, então abraços e até mais.

PS: Digo cena final no texto inteiro, me referindo até enquanto estamos na escola, pois a cena seguinte quase me fez dar nota 0 para o filme de tão ruim que é, e na tentativa de darem uma partida para um segundo filme, estragaram as poucas coisas boas que o longa já tinha feito.


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