Se existe um gênero que o Brasil ainda está bem longe de conseguir engrenar novamente é o dos longas de férias, e não podemos dizer que não temos bons diretores nesse quesito, pois esse gênero foi o que manteve o cinema do Brasil vivo numa época que não se fazia quase nada de cinema no país, vide "Os Trapalhões" com seus vários filmes, "Xuxa" com diversos outros e por aí vai, mas agora parece que só desejam fazer comédias bobas e esqueceram que esse estilo leva para as sessões no mínimo 3 pessoas por família, então quem sabe esteja na hora de pensarem um pouco mais nesse filão! E nessa tentativa, o SBT tenta a sorte junto com seus parceiros ao apresentar "Carrossel - O Filme" que até consegue divertir as crianças que já assistem a novelinha do canal, que já conhecem as músicas para cantar junto, já torcem para os respectivos personagens favoritos, mas quem for esperando ver um filme realmente vai se decepcionar, pois não procuram em momento algum criar algo ou chamar atenção para algo, funcionando apenas como um episódio mais alongado da novela nos cinemas com um tema específico, no caso um acampamento de férias.
O filme nos mostra que em férias, os alunos da Escola Mundial viajam para o acampamento Panapaná, pertencente ao avô de Alícia. Lá eles participam de uma gincana organizada pelo senhor Campos, que faz o possível para que as crianças se divirtam a valer. Entretanto, a chegada de González agita o local, já que ele representa uma incorporadora que pretende comprar o terreno do acampamento para transformá-lo em uma fábrica poluidora. Para atingir seu objetivo, González e seu fiel parceiro Gonzalito usam de todos os artifícios possíveis, inclusive sabotar o acampamento e difamar Campos.
O interessante da produção é que ao juntar um diretor com características dramáticas como é Maurício Eça, o filme até poderia ter uma essência mais emblemática, mas seu parceiro na direção Alexandre Boury já vem do tradicional familiar como disse no começo do texto, e foi responsável por quatro dos filmes do Didi, ou seja, saberia tradicionalmente como fazer um bom filme com essa temática. Portanto o que fica claro é que o problema do longa não esteve nas mãos da direção, mas sim na condução do roteiro que desejou mostrar algo mais novelesco do que um longa-metragem com vida própria mesmo, e isso, como muitos sabem não agrada esse Coelho que vos digita. Claro que repito, como a missão do longa era agradar os fãs da novelinha, tenho quase certeza que a garotada mais nova que assiste à todos os capítulos certamente vai gostar, mas se você não viu nada, fique em casa e deixe para ver outros nacionais, que esse não vai lhe agradar. Ainda sobre a direção, foram sábios em utilizar a dinâmica do elenco para que o filme ficasse ao menos agradável, mas é notável que o trabalho dos diretores não foi nada fácil em conter toda a turminha num espaço cênico maior do que um estúdio, e isso certamente deu um cansaço geral na produção. Fica como dica, já que os pontos fortes da trama ficaram a cargo do elemento musical aonde os personagens cantam, que um segundo filme siga os moldes de algo do estilo High-School Musical, que acredito ser um potencial mais interessante e que abordaria os personagens no que eles talvez chamariam mais suas responsabilidades.
Falando um pouco sobre o elenco, conheço bem pouco sobre eles, afinal essa nova versão acabei não assistindo a nenhum episódio, mas a antiga mexicana, era bem novo e lembro bem de gostar dos personagens. Portanto, aqui o resultado até mostra alguns talentos que possivelmente chamem atenção no futuro, mas ainda assim temos algumas crianças bem forçadas para com os papéis que lhe foram entregues. A pequenina Maisa Silva parou de puxar a peruca do Silvio Santos e agora até consegue mostrar serviço como Valéria, num misto de muitas emoções ainda para aprender a expressar com sua cara, e em alguns momentos até parece perdida no que faz, mas embora ainda seja muito jovem, acredito no potencial dela, e veremos mais pra frente se minha aposta vai ser certeira, por enquanto apenas fez o básico que lhe foi solicitado e ainda com defeitos. Jean Paulo Campos possui um carisma incrível, e seu Cirillo remete demais ao da versão antiga, pena que seus diálogos foram bem fracos e o filme não é em cima de seu personagem, pois o garoto certamente assumiria a responsabilidade e agradaria muito, mas o que fez foi bonitinho e agradou nas suas pequenas cenas, portanto parabéns e aguardaremos mais dele. Larissa Manoela fez de sua Maria Joaquina algo muito simples e não ficou antipática como deveria ser, aparentando mais uma garota que só fica no celular fazendo selfie e mais nada, e isso pra mim é mais uma nerdice do que antipatismo, portanto poderiam ter usado mais do rancor da garota no filme que agradaria bem mais. Dos adultos temos de pesar que Oscar Filho não serve para atuar, ou esqueceram de dar texto para ele, ficando apenas preso às cenas ridículas que seu Gonzalito procurou armar, fazendo caras e bocas de um nível lastimável de ver na tela do cinema, ou seja, péssimo com tudo, nem servindo para dar risada das trapalhadas. Os demais atores até tentaram chamar um pouco de atenção, mas nada que fosse relevante para melhorar ou piorar o filme, dando destaque apenas para o estilo caricato de Orival Pessini como dono do acampamento.
No quesito visual, o longa até lembra bem alguns filmes antigos de acampamento, mas que poderia ser muito melhor se a história tivesse sido mais bem trabalhada. O destaque fica por conta das armações de Gonzalito e das crianças que lembraram muito o estilo de "Esqueceram de Mim", e além do alto colorido das cenas, tivemos até que bons elementos cênicos para preencher as cenas, claro que poderiam ter abusado um pouco menos de elementos computacionais nas cenas com bichos, mas no geral o trabalho da equipe artística foi bem feito, além claro da ótima locação para fazer o acampamento Panapana. No conceito fotográfico, a equipe usou bem da iluminação natural, e isso é legal de ver, pois como na arte já abusaram muito de elementos falsos, aqui com a naturalidade das cenas, tivemos um tom bonito e gostoso de ver, claro que os efeitos da cena final de brilhinhos poderia ser dispensado, mas quiseram colocar a festa, então é de gosto pessoal.
As canções foram bem trabalhadas e até agradam bastante junto das trilhas sonoras escolhidas, e como disse na sugestão, o encaixe delas na trama foram tão bem colocados que se tivessem optado por um longa mais musical, acredito que teríamos um filme muito melhor e mais agradável, mas como não é o caso, o resultado foi apenas satisfatório e as músicas com certeza foi o melhor do filme.
Enfim, não gosto de falar mal de longas nacionais, mas aqui não teve jeito, afinal os defeitos são maiores do que as qualidades da trama, servindo apenas como um episódio mais alongado mesmo da novelinha e deverá agradar mesmo somente quem realmente acompanhou muito ela no SBT, então só recomendo o filme para essas pessoas. Bem é isso pessoal, felizmente pude ver a reação das crianças na pré-estreia da Rádio Difusora FM e isso foi melhor para avaliar o longa e dar a nota que darei, pois se visse sozinho como costumo fazer, certamente a nota seria menor, pois não veria que o longa conseguiu atingir ao menos os fãs da novela, portanto obrigado pessoal da Difusora pelo convite para acompanhar junto com a sala lotada de pais e crianças. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o penúltimo filme do Panorama Suíço, então abraços e até breve.
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