O gênero documentário ultimamente tem aberto algumas brechas para um estilo não tão novo, mas que vem tomando um rumo não muito legal de acompanhar que é o dos realities sobre personalidades, aonde algumas pessoas acabam falando sobre sua vida, o que aconteceu durante certa fase, e acrescentam depoimentos de conhecidos, familiares, e por aí se molda quase que uma biografia homenageada em vida para a pessoa. Mas aí entro com o seguinte questionamento, até que ponto o narcisismo de alguém encomendar um filme desse estilo vai agradar ao público pagante de uma sessão de cinema? Claro que algumas personalidades possuem muitos fãs, e estes vão lotar sessões para saber um pouco mais sobre a vida da pessoa, mas e quando esse alguém você nunca ouviu falar, e sua história não passa de algumas maluquices vividas com diversas pessoas loucas ao seu redor, com a família ainda rumando ao precipício? Quem tiver as respostas desses questionamentos sem ser o enorme e repetitivo "inútil" ou "fútil", por favor me fale, pois o que vi hoje em "Electroboy" só me vem essas palavras para representar o sono que me deu ao saber do jovem bonito que ao se formar professor decidiu querer ir para Hollywood, inventar algumas mentiras junto de um professor seu que se passou por agente, para tentar alguns testes, virar modelo, ter surto de pânico e não fazer mais praticamente nada, criando algumas festas malucas e botar um drama familiar antecessor ao seu nascimento como pauta para um conflito no filme que fala de si, e ainda por cima mostra ele duas vezes limpando a bunda de seu cachorro (que maravilha!!!).
O filme nos mostra que você pode conseguir tudo o que quiser realmente. Se há alguém a quem essa máxima se aplica perfeitamente, essa pessoa é Florian Burkhardt. Ele conquistou tudo que quiser e no documentário é contado a história verdadeira de um jovem que deixa seu claustrofóbico ambiente suíço e ganha o mundo em busca de fama e reconhecimento. Florian vive sucessivas histórias de sucesso, reinventando-se a cada instante, mudando de lugar e de carreira como quem troca de roupa. Esse frenesi, no entanto, revela-se uma fuga da própria biografia, que inevitavelmente acabará por alcançá-lo.
É difícil falar de técnica nesse estilo de filme, pois não somos colocados à confrontar nossos conhecimentos, e muito menos vemos os entrevistados instigados à falar algo contundente sobre o protagonista da trama, pois como fica claro quase que durante toda a exibição e depois é confirmado em uma das últimas cenas, o longa foi completamente encomendado pelo protagonista, e assim a edição mesmo que deixe algumas alfinetadas no ar, o restante é colocado somente para que o narcisismo e o ego de Florian fique ainda mais elevado e ressalte ainda mais o que a sinopse nos entrega, que ele consegue tudo o que quer. E por mais incrível que pareça, o documentário ainda conseguiu ganhar alguns prêmios na Suíça, o que não é possível crer de forma alguma em algo imparcial e cansativo, pois confesso que olhei para o relógio umas três vezes para saber se faltava muito para acabar, e principalmente para não dormir com o que passava na tela (por sorte as cadeiras do SESC não são confortáveis, senão era certeza de apagar!).
Não posso falar que Florian é alguém bem expressivo, afinal como é mostrado no longa, ele não conseguiu passar para ator nem quando tudo estava meio que esquematizado para passar, então isso já diz muita coisa! Mas seus carões quando fora modelo refletiram bem seu futuro como depressivo, e é bem isso o que vemos na trama inteira, uma pessoa que está falando de si mesmo, mas sem vontade de falar, ou seja, se você tiver uma crise depressiva, não veja esse filme, pois a chance de piorar é alta! Mas tirando esse cansaço na empolgação do protagonista, os demais entrevistados, principalmente os três agentes estavam empolgados para falar o que sabiam de Florian, e isso ficou bem bacana de ver, mas os pais ficou parecendo que sabiam menos do filho que qualquer outra pessoa, e isso impacta demais no andamento da trama.
Enfim, tenho esperança que essa moda acabe logo, pois daqui a pouco vamos ter qualquer tipo de pseudo-celebridade querendo seu próprio reality para mostrar o quão sofrida foi sua vida, e por isso precisa tomar antidepressivos para não ficar com cara feia para os paparazzi. E dessa maneira não tenho como recomendar de forma alguma esse longa para ninguém, a não ser que você tenha conhecido Florian na sua época de modelo, gostava dele e queira saber mais sobre sua vida e porque desapareceu dos palcos da moda, e ainda assim é capaz de você sair da sessão perguntando sobre o que era mesmo o filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na terça com mais um longa do Panorama de Cinema Contemporâneo Suíço, então abraços e até breve.
PS: A nota só não foi pior, pois a equipe de edição soube trabalhar de maneira curiosa em alguns momentos, não sendo tão linear e trabalhando também com alguns efeitos interessantes, e também tivemos uma iluminação bem bacana, fazendo com que a fotografia ficasse bonita, mesmo nas locações mais estranhas possíveis.
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