Se existe um gênero que dá para ficarmos pensando no que leva um roteirista a imaginar as insanidades de uma história para que alguém compre, produza e distribua sua ideia é o tal do terror. Daí tivemos uma época que os longas do gênero só assustavam as pessoas, mas tinham histórias bobas, sem sentido algum, mas que faziam qualquer um com pinta de machão dormir de luz acesa e pular correndo ao ouvir qualquer barulho suspeito, mas passaram a reclamar da falta de originalidade, e que deviam melhorar as histórias, para que elas fossem mais críveis, ou ao menos embasada em coisas que já aconteceram realmente ou estão escritas em algum livro. Porém esqueceram de dizer nessas cobranças, que deveriam manter a forma assustadora, afinal mesmo que o filme tenha um conteúdo, se ele não arrepiar ou causar pânico nas pessoas, certamente elas irão esquecer tão rapidamente viram o filme no cinema. Disse tudo isso apenas para exemplificar o que ocorre com "Exorcistas do Vaticano" ou "The Vatican Tapes" (algo como os vídeos do Vaticano, que até justifica mais a história), pois o filme tem um conteúdo até que bem interessante, pautado em algumas passagens bíblicas, com uma certa dinâmica inicial bem documental, e claro que alguns absurdos para chamar atenção, mas faltou com o prato principal que o público que vai conferir esse estilo de filme espera: o famoso arrepio na espinha, o medo de algo irreal. E assim sendo, o filme até foi bem produzido, mas a aparência final após tudo o que rola, é a de que temos agora uma nova equipe de super-heróis do Vaticano que recrutada por um padre, ao estilo de Samuel L. Jackson, irá combater as forças do mal na continuação do filme.
O filme nos mostra que após cortar o dedo acidentalmente, a jovem Angela Holmes começa a ter um efeito devastador sobre as pessoas, provocando graves ferimentos e até mortes. O vigário da comunidade, Padre Lozano, examina Angela e acredita que ela está possuída. Mas quando o padre Imani e o cardeal Bruun chegam do Vaticano para exorcizar a garota, eles descobrem uma força satânica mais ancestral e poderosa do que poderiam imaginar.
É interessante observar que o roteiro criado por Chris Morgan, que ultimamente tem acertado bastante no gênero ação, vide "Velozes e Furiosos 7", e Christopher Borrelli estava pronto há muito tempo, e praticamente nenhum estúdio encontrava formas interessantes de produzir o filme, visto que a história era boa, mas necessitava de um diretor que desse o tom certo para a trama. E dessa maneira, volto a repetir que o problema do filme foi desenvolver melhor a história para que ficasse num tom mais assustador, ou partisse de vez para a ideologia de ação, meio como que disse acima, de super-heróis da Igreja contra as forças ocultas (se surgir algum filme com essa ideologia que estou falando, vou querer direitos), e visto que os roteiristas não possuíam qualquer experiência com o gênero de terror, é bem provável que a ideologia deles não era a de que fosse feito algo assustador realmente. Aí entra um estúdio maluco que pega a ideia e coloca nas mãos de um diretor que só fez filmes fora de tino como é Mark Neveldine, e o que ele faz, nada de obscuro, nenhum susto e muito menos desenvolver o longa como algo de ação envolvente. Claro que, deixando de lado alguns erros do diretor, sempre em seus filmes temos de vibrar muito com os ângulos de câmera que escolhe, afinal temos sequências bem interessantes tanto em "Gamer", quanto o que foi mostrado aqui, e nesse sentido, embora ele não crie nada muito além, podemos ver um cuidado em ser diferenciado. E assim sendo, uma história boa acabou não sendo aproveitada como deveria, e infelizmente, a ideia vai acabar sendo perdida.
No quesito atuação, o que podemos falar com muita certeza de todos é que nenhum ator colocou medo em suas expressões, de modo que o pavor ou até mesmo o desespero deixou florescer sequer uma pontinha do que qualquer um deveria demonstrar no estilo que o filme quis se encaixar, então só isso já caracteriza um enorme erro. Olivia Dudley trabalhou bem ao incorporar o demônio dentro de si de uma maneira bem interessante, e junto com a equipe de maquiagem acabou ficando bem estranha durante praticamente todo o filme, para que no final sua Angela estivesse linda para o fechamento, e isso é bem interessante de ver, pois nesse estilo de filme, costumam fazer exatamente o inverso, e assim sendo a atriz segurou bem as pontas para agradar ao desejo do roteiro. Michael Peña anda trabalhando bastante em Hollywood, e aqui mesmo que aparecendo pouco em cenas esporádicas, conseguiu chamar a atenção e caso exista uma continuação ele deve protagonizar mais, porém aqui ele fez de seu Padre Lozano um personagem sério demais, algo que não é comum de ver no seu estilo de atuar, mas como sempre é bem colocado, ele acabou agradando. Dougray Scott e John Patrick Amedori fizeram de Roger e Pete, apenas enfeites que circulam ao redor da protagonista como pai e namorado, mas não serviram nem para morrer com classe, então ficaram totalmente dispensáveis do filme. A médica interpretada por Kathleen Robertson ficou um pouco forçada demais e embora leve um cutucão dos bons da protagonista, não teve sequer muito a entregar e nem foi desenvolvida na trama como deveria, aparecendo do nada e fugindo do nada também, ou seja, faltou algo a mais para que valesse a pena sua participação. Peter Andersson aparentou estar mais endemoniado que a própria garota, e isso de certa forma ficou um pouco assustador, mas assim como aconteceu com a média, foi pouco apresentado a síntese de seu Bruun, já entrando diretamente na história sem que soubéssemos mais do que já fez, e acreditando apenas nas suas palavras, o que é algo ruim e difícil de acreditar. Para fechar sobre os atores, é engraçado ver as diferentes sinopses que colocaram Djimon Hounsou como protagonista na trama, mas o seu Padre Imani apenas ficou lá no Vaticano e aparentou que terá muito mais importância num segundo filme do que nesse mesmo, mas pode ser que tenham cortado cenas demais do original, então dessa forma apenas temos que dizer que ele ficou mesmo que pouco na tela, interessante de ver.
O visual da trama foi bem feito, com bons elementos cênicos, mas que precisava de um pouco mais para assustar e determinar o estilo, e mesmo com locações bem interessantes (o hospício foi o melhor), poderiam ter colocado mais símbolos obscuros nas cenas mais densas, para que não ficassem tão dependentes de um corvo e sua sombra somente. Claro que na cena do hospital psiquiátrico, o envolvimento dos personagens com os elementos cênicos foi bem interessante, mas poderiam ainda ter assustado com cenas mais repentinas que acabaria agradando mais. No conceito fotográfico, a cena do pôster é uma das melhores e mais bonitas feitas no cinema de terror, e mostra que a equipe estava pronta para trabalhar as sombras e luzes da melhor forma possível para agradar, mas não se esforçaram para isso, pois mesmo trabalhando com efeitos um pouco falsos, o filme acabou tendo bons tons e ficando bonito de se ver. Embora muitos irão reclamar do excesso de cenas com símbolos de câmeras (REC, Contador de minutos, e escritos no rodapé), o filme originalmente se chama vídeos do vaticano, então o uso faz sentido e deve ser respeitado.
Joseph Bishara já deve estar assombrado com o tanto de trilhas de filmes de terror que anda fazendo, e aqui não foi diferente o estilo que utilizou, agradando por permear sons e ritmos próprios tanto para preparar o público para determinada cena, como para dar a nuance das cenas mais calmas, e assim conseguir agradar bastante.
Enfim, é um filme que não é perfeito e faltou muito para agradar, mas no meu ver até saiu melhor do que o esperado, afinal um filme somente de sustos cansa, mas um filme com história boa para se trabalhar com sequências, mesmo que falhe no quesito assustar, ainda vale como um bom terror. Portanto quem gosta de longas de terror que contenha uma boa história, mas que não passe nenhum medo, esse vale completamente como dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda falta uma estreia que veio para o interior para conferir, então abraços e até breve.
2 comentários:
Este filme parte realmente assustador, eu amei o final de Exorcistas do vaticano eu gosto da força sobrenatural que uma menina pode ter (hahaha), a profundidade e dinamismo do filme me agradou, o fim é aberto a todos os filmes que podem vir mais tarde, há uma boa relação entre os personagens, excelentes performances, Michael Peña tem vindo a crescer em sua carreira no cinema; os efeitos especiais são adequadas, dar boa classificação.
Olá Maria Eu, realmente muitas mulheres possuem poderes sobrenaturais... e gostaria de ver mais sobre o filme em alguma continuação, adoro o Peña e quero muito mais filmes com ele protagonizando... mas nesse caso foi bem mediano né, ao menos para mim... abraços!
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