O cinema francês de comédia consegue sempre inovar e agradar com sutilezas incorporando estilos e símbolos casuais para divertir os espectadores, e com o longa "Que Mal Eu Fiz a Deus", o diretor soube dosar de uma maneira bem interessante a cultura e até a ideologia que falam de que os franceses são extremamente racistas, para que o filme ficasse bem divertido. Claro que muitos até podem achar ele um pouco pejorativo, e com alguns trejeitos bem cliché, mas o estilo do longa certamente deve agradar quem gosta de comédias mais clássicas e irreverentes, que não tanto se encaixam nas comédias cults francesas que tanto estamos acostumados a ver por aqui. E dessa maneira, acredito que o estilo cative mais os brasileiros que forem conferir esse longa tão gostoso que entrou em cartaz agora.
O longa nos mostra que um casal de católicos fervorosos e que torcem o nariz para tudo não tem motivos para comemorar os casamentos de suas filhas. Tudo porque os pretendentes são de religiões e nacionalidades diferentes, instaurando o caos na convivência familiar.
A primeira se casou com um muçulmano, a segunda com um judeu e a terceira com um chinês. A quarta filha dá uma ponta de esperança aos pais ao anunciar seu casamento com um católico. Mas esse matrimônio promete mais surpresas para os pais da noiva.
Claro que a escolha do tema envolvendo racismos de diversas maneiras acaba sendo bem forte e quem não for de boa com isso é capaz de se sentir incomodado, mas o diretor e roteirista Phillipe de Chauveron soube ser tão bem contido dentro da proposta do filme que conseguimos rir até de situações mais fortes que em determinados momentos acabam aparecendo, e assim, o conceito do filme acaba fluindo gostoso e divertido. Em certos momentos poderiam ter não colocado algumas cenas mais bobas, mas isso não atrapalhou tanto a ideia principal, porém sem elas o longa recairia para algo mais clássico e interessante de ver. Além disso, o diretor trabalhou sempre com um timing mais lento de comédia, não prezando tanto por um ritmo mais envolvente comum das comédias, o que não chega a incomodar, mas alguns momentos pode chegar a dar sono.
Sobre a atuação, certamente temos de falar do pai francês tradicional bem feito por Cristian Clavier que trabalhou tanto nas expressões de desgosto pelos genros e junto de Pascal N'Zonzi que faz André, pai do noivo, nas cenas de discussão deram um show particular no filme, de modo que não conseguimos observar nem se existem outros personagens ao seu lado, e isso é interessante demais quando atores conseguem fazer. Os atores escolhidos para fazer os genros das mais diversas imigrações ficaram totalmente dentro dos tradicionais clichés e com atores bem caricatos acabaram ficando na mesma proporção de divertido e de forçado, dentre eles vale a pena destacar apenas Medi Sadoun que ao interpretar um muçulmano advogado que sempre está bravo e invocado consegue soar bem interessante nas expressões. As moças forçaram demais nas expressões e isso chega a incomodar muito, pois elas são boas atrizes, mas não caíram bem para o tom cômico que o filme pedia e desse modo não conseguem empolgar em quase nada. Noom Diawara mostrou boa expressividade com seu Charles, mas como seu personagem é de um ator cômico, ele poderia ter feito bem mais.
Sobre o visual do longa, escolheram muito bem as locações, principalmente o casarão da família, para mostrar bem a riqueza deles, e sempre ficando em cima disso, a equipe artística só teve trabalho com o restante das cenas para dar cliché nas caricaturas de cada personagem e isso de certo modo ficou bacana de ver. A fotografia foi bem tradicionalista sem abusar de nada, afinal esse é o estilo de comédia deles, e assim não erraram.
Enfim, uma comédia bem divertida que agrada pela irreverência, mesmo apelando em alguns momentos, ou seja, quem estiver disposto a rir bastante, certamente gostará do que irá ver. E dessa forma com toda certeza acabo recomendando ele para quem gosta do estilo. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com outro texto, então abraços e até breve.
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