Se existe uma coisa que me assusta monstruosamente é o tanto de material que uma equipe consegue juntar para documentar a vida de alguém logo após a pessoa morrer, pois fica parecendo que grudavam um câmera na cola da pessoa 24 horas por dia, sem que a pessoa pudesse sequer ir ao banheiro em paz. Mas claro que sem todo esse material não teríamos um documentário tão preciso da vida dessa cantora de uma voz fantástica que não desejava ser famosa, mas acabou compondo hits icônicos e que aí tudo acabou deslanchando, e felizmente, mesmo mostrando as coisas ruins que aconteceram em sua vida, o documentário "Amy" prezou por ser o mais imparcial possível e também não foi feito para funcionar como uma homenagem póstuma, ou seja, tivemos um filme realmente bem trabalhado tanto para quem conhecia tudo dela se deliciar com o trabalho, quanto aqueles que só conheciam "Rehab" pudessem ver algo a mais de uma diva do Jazz.
O filme nos mostra que ainda adolescente, Amy Winehouse já demonstrava para a família o talento vocal que possuía. Aos 18 anos ela já fazia shows na Inglaterra e, com o tempo, passou a ganhar fama. O sucesso do álbum "Back to Black" a tornou uma celebridade mundial, mas também fez com que seus problemas com álcool e drogas aumentassem exponencialmente.
Além de revelar imagens e canções inéditas, o diretor Asif Kapadia, que foi bem premiado com o documentário sobre Senna, trabalhou muito bem com todo o material para que o público conseguisse desenvolver toda a história da vida da cantora e não ficasse nem com pena de tudo o que aconteceu, muito menos perdesse o apreço de fã pelo trabalho dela, e isso é algo que poucos conseguem fazer sem que o filme ficasse monótono, pois mesmo tendo uma duração bem alongada, devido a quantidade de material coletado, de 128 minutos, tudo se passa de uma maneira gostosa de acompanhar de modo que acabou não se transformando naqueles programetes de fofoca aonde a vida de determinado artista acaba sendo explorada inescrupulosamente. Outra grande sacada do diretor foi queimar lateralmente os personagens, transformando tanto o marido quanto o pai da cantora em vilões de tudo o que aconteceu com ela, mesmo que de forma bem subliminar, e isso acabou funcionando de uma maneira bem parcial, o que para muitos documentaristas acabaria sendo algo até ruim de ver, mas como disse acima, o prezo do diretor foi manter a imparcialidade sobre a figura da cantora, e nesse ponto ele soube apimentar o longa sem que ficasse forçado e nem chamativo demais.
Agora um defeito do longa, ou melhor da distribuição e legendagem, é que sabemos e nos é dito a todo momento no filme, que todas suas composições são reflexos do que aconteceu com a cantora em sua vida, e mesmo sendo bonito aparecer a letra das músicas em caracteres enfeitados, passando por toda a tela dando uma simbologia completa, quem não souber inglês vai ficar apenas escutando as canções sem entender nada o motivo das letras aparecerem ali, ou seja, merecia gastar uns trocados a mais e legendar as canções também, ao menos as que as letras aparecem escritas em inglês na tela, e aí sim, muitos veriam o simbolismo que tanto enfatizaram e os demais entrevistados falaram durante toda a exibição.
Quanto das entrevistas, certamente a escolha de usar apenas vozes da maioria foi algo muito certeiro, pois ao mesmo tempo que não expôs as emoções dos amigos, empresários, funcionários de gravadoras e da própria cantora, bem como não mostrar expressões de desgosto por estar falando bem ou mal da cantora, o que costuma atrapalhar muito em diversos documentários póstumos. E sendo assim, vemos todos falando com clareza e apenas tiramos nossas próprias conclusões se as pessoas estão falando sua verdade ou apenas sendo imparciais com o que dizem, para que o filme ficasse bonito de ver e ouvir, e se aparecesse por exemplo o pai da cantora falando, somente com expressões, pegaríamos o que o diretor acabou sendo acusado de colocar inverdades sobre ele, como acabou reclamando após o lançamento do filme.
Enfim, é um longa que vale realmente a pena ver, pois foi bem feito, e claro que mesmo conhecendo muito pouco da cantora, acabei me conectando com a proposta passada, e assim sendo, quem for fã vai acabar se ligando mais ainda. Há defeitos técnicos, que por terem usado material de todo tipo de filmagem, acabam ficando granulados e estranhos de ver, mas não teria outra forma de mostrar tudo se não fosse dessa maneira, então temos de relevar. Portanto acabo recomendando com certeza o longa, que estará passando em poucos lugares e com poucas sessões, então não percam a oportunidade. Fico por aqui hoje, mas volto na terça, com outro documentário musical, agora acompanhado de um show, e certamente vai ser bem bacana conferir, então abraços e até breve pessoal.
PS: A nota não será máxima pelo motivo da duração alongada demais, pela falta da legendagem nas canções, e por faltar uma conexão mais impactante de alguns depoimentos, pois do restante é um excelente filme que valeria uma nota maior.
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