Se a moda atual é dar reboot em todas as franquias de sucesso do passado, claro que uma das mais cheias de cenas falsas e pronta para assistir comendo uma boa pipoca tinha de voltar para as telonas, e cá que 8 anos após Jason Statham deixar seus últimos socos em "Carga Explosiva 3", temos o novo "Carga Explosiva - O Legado", que tirando o carro superpotente, a vontade do rapaz apenas socar todo mundo, mesmo estando com o carro pronto para atropelar (é mais fácil descer do carro e dar uns socos, do que passar com o carro em cima), e mulheres bonitas para todo o lado, nada podemos ligar com o passado, e dessa forma podemos quase que ignorar a existência de 3 filmes e seguir um novo caminho a partir desse. Claro que se você não gosta de filmes que tudo o que é impossível de ser feito apenas com um carro e com muita vontade de bater, nem vai passar perto de ver esse filme, mas se você gosta de uma sessão descontraída aonde a ação vale para qualquer coisa absurda, certamente esse filme vai lhe empolgar.
A sinopse do longa nos mostra que Frank Martin é um motorista impecável que segue três regras básicas: nunca mudar o acordo firmado, não falar nomes e nunca abrir a carga. O próximo serviço dele é levar três mulheres. Mas logo, essa carga começa a dar trabalho para Frank, quando se vê preso numa rede de chantagem, quando seu pai é sequestrado, obrigando-o a ajudar as jovens, que querem o fim de uma rede russa de tráfico de humanos.
Já disse uma vez, mas vale repetir, que gosto quando editores assumem a direção de filmes, pois sabem bem os pontos de corte e aonde dar o gás na cena para que o filme mesmo que possua furos, acabe empolgando, e muito antes de dirigir o seu primeiro longa, "13° Distrito", Camille Delamarre foi editor de "Carga Explosiva 3", ou seja, certamente viu tudo o que teve de certo e errado lá para empregar bem agora no recomeço da série, feito por suas mãos, e ainda que seja um filme que não dá para acreditar em meia cena, e muito menos achar que ele iria lhe trazer algo filosófico ou pensante, o longa acaba funcionando bem, empolgando e tendo boas cenas de ação para agradar quem gosta do estilo mais rápido, porém falso de gravações, e isso vem dando certo em muitos filmes, afinal há espaço e público para todo gênero nos cinemas, e as corridas de carro andam bem na moda. Dito isso, o que o diretor fez foi basicamente trabalhar bem a ação, não surpreendendo em nada com o roteiro básico que lhe foi entregue, seguindo completamente a regra de uma mulher bonita que encomenda um transporte, rola a atração, ocorre a tensão por algum motivo, o transportador acaba envolvido, ambos buscam resolver o problema de maneira incomum e vingativa, ou seja, podemos resumir o filme nessa esquete, e não digo que isso seja algo ruim, mas também longe de ser algo bom, o filme vai ser somente uma curtição que logo mais nem lembraremos de ter visto, mas nos 97 minutos que passamos dentro da sala, a garantia é de muita ação, bons ângulos de câmera, edição montada na medida certa, e com isso um filme interessante de ser visto para quem gosta desse estilo.
Quanto da atuação, Ed Skrein não possui o mesmo carisma que Statham para que ficássemos tão empolgados com seu Frank, mas assim como o mestre fazia, a regra básica é que arma nenhuma, e muito menos o carro é melhor que seus próprios punhos, então durante quase que 70% do filme veremos o jovem batendo em tudo e todos, e apanhando também para dar um realismo a mais nas cenas, ficando com hematomas, cortes e tudo mais, afinal ele é humano, mesmo que faça algumas coisas bem malucas, claro que o jovem ainda está no começo de sua carreira, e mostrou muita empolgação para com suas cenas, mas faltou um pouco mais de expressão para chamar a responsabilidade de um longa para si. O estilo misterioso de Ray Stevenson, pode até enganar quem não lembrar dos filmes anteriores e achar que seu Frank Senior era o protagonista dos outros filmes, mas como no longa em momento algum isso fica claro se quiseram dar essa deixa, e como sabemos bem que era o ator dos outros filmes, apenas nos divertimos bem com suas cenas e até rimos com suas deixas interpretativas para cima das cantadas que faz nas moças, mas poderia certamente empolgar mais se não deixassem a dúvida no ar, que ficou parecendo que até ele estava nessa dúvida. Todas as mulheres foram bem no quesito sensualidade e beleza, afinal antes da vingança, todas eram prostitutas de luxo da máfia russa, vivendo em Mônaco, e só por isso a escolha de elenco já foi bem aprimorado, mas como muitas necessitaram além da sensualidade trabalhar expressões nos diálogos, aí o problema já foi mais embaixo, e assim sendo é melhor falar apenas de Loan Chabanol que como a que mais esteve presente como a líder das moças, conseguiu trabalhar bem com sua Anna, e fazer até trejeitos interessantes nos momentos em que necessitou ser eloquente, e isso mostra que em seu terceiro filme, já quer começar a chamar atenção, quem sabe ao pegar um diretor mais experiente desponte, quanto das demais moças todas tiveram ao menos um momento de fala, e sumiram mesmo frente aos atores fracos, então é melhor nem falar. Outro que tentou parecer o russo malvado foi Radivoje Bukvic, que conhecemos como o russo de milhões de filmes americanos envolvendo máfia russa, e ele sempre se sai bem, mas aqui como seu Karasov embora seja o vilão, fica de segundo plano sempre, o que é algo bem estranho de ver num filme, ele pareceu meio perdido, e isso não é algo bacana de ver, então nem foi culpa sua de que as expressões soassem falsas demais.
Sempre em filmes de ação com perseguições, quem infarta são os produtores juntamente com a equipe de arte, pois o orçamento parece ser reduzido a cada tomada de carro capotando e explodindo, o que temos aos montes no filme, além de cenas lotadas de figurantes, muitos vidros quebrando, carros andando por lugares improváveis e tudo mais, ou seja, é algo bonito e muito legal de ver em um filme, mas quando o orçamento é apertado, como é o caso desse longa, vemos que o amor pela arte tem de acontecer com muito milagre mesmo, afinal computação gráfica é o mais caro do cinema hoje, então o realismo aqui pode ter certeza de que foi preciso mais câmeras para todo lado e filmar as cenas de uma vez só torcendo para não ocorrer erros, e desse modo o filme acaba ficando muito bonito e mais real por conta do feito da equipe artística, claro que poderiam ter mais elementos cênicos para envolver, mas não é o caso aqui de nada que necessitasse mais dramatização, então no geral temos um visual compatível com o que foi pedido. No quesito fotográfico, até é possível ver o trabalho do diretor de fotografia na maioria das cenas, ao trabalhar cores contrastantes nos planos, iluminações pontuais de contraluz para evitar sombras estranhas nas lutas, e bons preenchimentos de cena, mas de certo modo, em ação o cuidado demais com a iluminação acaba gerando um filme falso, difícil de acreditar nas cenas, e mesmo na luta final, as montanhas parecem grandes isopores, mesmo que numa paisagem lindíssima de ver, e isso acaba sendo um erro de muita luz, o que é uma pena.
Enfim, é mais um daqueles filmes para comprar um bom combo de pipoca e ir ao cinema pronto para se divertir, e não pensar em nada. Como disse no parágrafo inicial, quem for fã de perseguições de carro, e tramas envolvendo vingança vai curtir e com certeza também reclamar de muita coisa, mas volto a pontuar, é uma ação de baixíssimo orçamento (comparando com outros do gênero, afinal 30 milhões é dinheiro à rodo), então o resultado vai servir bem para quem gosta do estilo, quem não for extremamente fã, fique de fora, pois aí os erros aparecem mais ainda, e a reclamação vai ser a cada dois minutos. Dito isso, posso dizer que, com ressalvas, curti bastante o que vi, e me diverti com as paias completas apresentadas. Bem é isso pessoal, essa semana só veio essa estreia para o interior, além da pré que conferi na terça, falta ainda ver um filme que ficou da semana passada e uma pré-estreia que teremos por aqui, então volto logo com mais textos, deixo por enquanto meus abraços e até breve com vocês.
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