É interessante quando algo ou alguém nos fala como o mundo anda girando em diversos quesitos de família, empregos e até mesmo no cotidiano comum, e não nos surpreendemos mesmo tendo nossas ideologias presas à moldes antigos que hoje muitos até viram a cara, e outros ainda perguntam como é viver no estilo tradicional e não na vibe do século XXI, e quando observamos todos esses contrapontos em uma dramédia bem leve, divertida e com todas as nuances bem trabalhadas acabamos pensando em tudo e ficamos felizes por tudo se encaixar e ainda passar boas lições que nos envolva e ainda funcione como filme. No longa "Um Senhor Estagiário", tudo isso nos é entregue com uma calma (até exagerada demais) sem que fosse preciso símbolos para maquiar, pois ao colocar os personagens na melhor forma de exemplificar tudo, acabamos nos conectando com toda a situação e com o andar da trama tudo flui muito bem, de modo que ao mesmo tempo que acabamos vendo um filme totalmente Sessão da Tarde aonde tudo é muito gostosinho, também podemos tirar proveito no modo de pensar sobre as situações que são passadas, e com isso desenvolver nossa percepção sobre o mundo atual, ou seja, mesmo estando um pouquinho cedo, o longa tem uma carinha de que pode aparecer nas premiações de comédia por aí.
A sinopse é bem simples e nos mostra que um viúvo de 70 anos descobre que a aposentadoria não é bem como imaginava. Buscando uma oportunidade de voltar à ativa, ele se torna estagiário sênior de um site de moda criado e administrado por Jules Ostin.
Se me perguntarem um defeito do filme, logo de cara posso falar do ritmo da trama, pois o filme de 121 minutos aparenta ter uma duração muito maior, mas felizmente não acabamos cansados com o que vemos na tela, pois tudo tem seu mérito, cada situação envolvida nos remete à bons ensinamentos e claro que tanto o roteiro quanto a direção de Nancy Meyers("Simplesmente Complicado", "Alguém Tem Que Ceder", entre outros) são postos à prova a cada tomada de câmera que nos deixa presos à tela de uma maneira incrível, pois um filme tão longo faria com que o público ficasse olhando o tempo já passado no relógio, acabaria envolvendo discussões durante a exibição, mas não, o que acabamos fazendo é curtindo tudo o que ocorre. E muitos podem até falar que a síntese da trama é bem simples, mas o que é passado consegue segurar com tanto sentimento e bons exemplos, que acaba divertindo de uma maneira tão gostosa sem precisar ser bobo e nem filosofar exageradamente, ou seja, um filme limpo que mostra bem aonde quer chegar e agrada muito no sentido da história que passa. Claro que particularmente para o gosto desse Coelho que vos digita, gostaria de ver um clímax e um ponto de virada mais impactante, já que o que ocorre é algo tão comum que nem nos choca atualmente, mas só de trabalhar completamente com o conceito invertido do que outros longas impactam no modo de ver o feminismo/machismo, o acerto acaba sendo muito interessante de parabenizar a idealizadora.
O longa nos entrega diversos bons personagens além dos protagonistas, mas certamente nossos olhos e comentários estarão sempre que conversarmos sobre o filme em cima dos dois maravilhosos atores, que sempre agradam no que fazem, e aqui não foi diferente. Anne Hathaway é daquelas atrizes que não consegue entregar apenas o que lhe é pedido, colocando expressão nas cenas mais dramáticas, pontuando sua alegria de modo comedido e bem inteligente e trabalhando cada trejeito como se o filme lhe pedisse um envolvimento tão grande como um drama mais pesado, e assim sua Jules acaba nos remetendo à tantos momentos em nossa vida que criamos uma afinidade única com ela, querendo conhecer mais e assim como o personagem de De Niro diz no trailer, ela acaba nos inspirando muito, ou seja, uma delícia de ver em todos os sentidos. Quando achamos que Robert De Niro já fez de tudo no cinema, ele consegue voltar em plena forma de atuação e nos entregar um carismático Ben que não tem como não gostar, a cada pitada cômica que imprimia, jogava no ar uma fofura tenra de ser sentida tão agradável que a cada ato ia melhorando para um final ainda mais gostoso de ver. Outra fofura em pessoa foi Jojo Kushner que estreando nas telonas com sua Paige, mostrou um trabalho muito bacana para uma garotinha, e certamente vai chamar a atenção de outros produtores para diversos filmes, pois mandou muito bem. Anders Holm até agrada nas cenas de seu Matt, mas como o vértice do filme não recai tanto para o seu momento, mesmo o ponto de virada recair completamente sobre seus atos, acaba sendo um pouco fraco demais e poderia ser mais chamativo, mas de certo modo fez bem tudo o que lhe foi pedido, porém o personagem precisaria ser maior para agradar. Todos os demais tiveram bons momentos de conexão para com os protagonistas, tendo destaque Rene Russo com sua Fiona, pelas cenas românticas mais bonitinhas, Adam DeVine pela comicidade e envolvimento entregue para com seu Jason ao aprender lições amorosas do protagonista, e até mesmo Christina Scherer com sua Becky por toda a loucura daqueles que tanto se esforçam e não são reconhecidos pelo chefe. Ou seja, todos mesmo com poucas cenas se esforçaram para chamar atenção e acabaram saindo bem.
No conceito cênico, o filme trabalhou bem ao mostrar o novo estilo tanto das empresas, aonde muitos donos de empresas passam a trabalhar mais próximo dos empregados e com isso criam um "clima" mais envolvente, e isso é algo muito bem trabalhado na forma do cenário que escolheram ambientar, além claro da excelente descrição da antiga fábrica pelo protagonista. Nas casas, tudo foi pensado para mostrar a vida dos protagonistas com elementos bem simples, como a organização de Ben, ou a vida agitada de Jules, e isso ficou bem marcado no estilo. Além claro, das ótimas críticas de vestuário que foram pontuadas, ou seja, a equipe de arte não fez nada de monstruoso para que ganhasse milhares de prêmios, mas também não inventou moda para estragar o simples bem feito que optaram. A fotografia trabalhou muito bem ângulos, luzes e cores para dar o tom cômico quando era preciso, dramatizar de forma bem clara nas cenas mais de impacto, e principalmente dar leveza em todas as cenas, não deixando a trama nem pesada demais para que o drama recaísse e nem festiva demais para que virasse uma comédia pastelão, e assim o resultado acabou muito bem sútil.
Enfim, mais uma vez fui surpreendido com um trailer que parecia entregar já algo bonitinho, mas o longa trabalhou tão bem com a simplicidade e pontuando cada lição de maneira clara e gostosa de ver, que a diversão foi melhor do que poderia esperar, e com muita leveza a trama acaba envolvendo. Claro que há defeitos, como citei no texto, mas ainda assim é um filme que assistiria novamente e continuaria curtindo, ou seja, já dá para aguardar passar na TV e curtir com certeza. Dessa maneira, acabo recomendando o filme tanto para quem gosta de uma boa comédia dramática, quanto para aqueles que querem aprender um pouco mais de como anda o mundo atual que não dita mais tanto as regras de antigamente no conceito de família, chefes e tudo mais. Bem é isso pessoal, novamente agradeço ao pessoal do Shopping Iguatemi por conseguir trazer o evento de pré-estreia para Ribeirão Preto, e junto da equipe do Cinépolis fazer tudo bem organizado para sempre agradar todos os convidados. Fico por aqui hoje, mas volto na quinta com mais estreias da semana, então abraços e até breve.
4 comentários:
Esse foi o melhor filme da semana. É longo mais não é cansativo, vou procurar assistir outros filmes dessa diretora, citados a cima, sempre que via passando na tv nunca parava para assistir por pensar ser longo e chato, mas depois desse filme, vou rever essa opinião.
Rsss... é bem isso mesmo Wesley... os filmes dela sempre são alongados, porque gosta de explicar bastante tudo, mas flui de maneira gostosa, então sempre dá pra perder um tempinho, claro, desde que goste de romances cômicos leves!! Abraços!
Eu gosto de qualquer tipo de filme, principalmente com atores conhecidos.
Nesse filme, eu fiquei com uma pulga atrás da orelha.
O título é "The Intern", "O Senhor Estagiário", ou seja, O Ben é o protagonista. Mas durante o início até a metade do filme a história está centrada no Ben, e depois do meio para o final a história me parece está centrada na Jules.
Sei que em um filme tem o desenvolvimento das personagens, mas nesse parece que a Anne Hataway tomou o lugar de principal de Robert De Niro.
Pois é Wewe, a Anne comeu a protagonização do filme no final, deram uma virada de personagens focando nela, mas ainda assim o DeNiro dá uma forcinha pra ela, então agrada! Abraços!!
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...