Já disse uma vez que assim como o filão de longas espíritas, se existe um outro nicho que sempre vai levar público para as salas de cinema é o cristão, pois mesmo que seja feito por essa ou aquela igreja, os produtores são sempre espertos em não acusar nenhuma crença, deixando o ponto único na trama como Deus e Jesus, que é universal para praticamente todas, e assim sendo, os filmes andam conseguindo comover muita gente em suas exibições, e claro dando lucro, que é o que todos almejam. Após o resultado bem expressivo de "Deus Não Está Morto", os produtores já embarcaram numa nova produção maior e mais bem trabalhada que usando dos mesmos moldes de pessoas que não acreditam em Deus, e acabam tendo algum problema grave e com a fé passam a crer. Esse pode ser bem um resumo de "Você Acredita?", mas o longa vai além disso, ao trabalhar a dinâmica dos personagens, as expressões de um elenco bem interessante, e até mesmo sendo simples a cenografia geral da trama agrada bastante também, dando um ar de grandeza para toda a dramaticidade envolvida no longa, que claro que muitos que não forem religiosos irão reclamar do que verão, afinal ainda é algo 100% voltado para a religiosidade, mas se olharmos a fundo, todo o cuidado que andam tendo já é um passo bem grande dessa nova indústria que está se formando, e certamente vai ainda entregar grandes filmes.
A sinopse do longa é bem simples, e nos mostra que doze pessoas, seguindo caminhos diferentes, têm suas vidas interceptadas de forma inesperada. Cada uma delas está prestes a descobrir o poder que há na cruz de Cristo, ainda que muitos deles não acreditem nisso. Uma crença verdadeira sempre requer ação e nessa trajetória, todos serão impactados de maneira que só Deus pode orquestrar.
O diretor Jon Gunn trabalhou bem o roteiro de Chuck Konzelman e Cary Solomon, ambos responsáveis pelo roteiro de "Deus Não Está Morto", de modo a colocar vivência nas situações, pois logo na narração inicial, mesmo quem não leu a sinopse já irá saber que todos (ou a maioria) irão se encontrar em determinado momento da trama para provar sua fé, e usando do carisma de cada ator, junto de suas boas expressões, e de planos até ousados, saindo do tradicional foco e desfoque que vimos em muitos longas religiosos, ele conseguiu encontrar um ritmo próprio e até criou uma cena bem trabalhada que certamente custou um bom dinheiro para ser feita. Não que isso dê algum grande crédito para o estilo novelesco de muitos personagens com histórias que o roteiro acabou criando, mas de uma maneira mais condizente, o diretor soube priorizar, ao menos na montagem, os que certamente criariam um maior carisma com o público, e sendo assim, o acerto foi bem bacana de ver.
Falar de cada personagem e o que cada ator fez aqui, daria um texto grande demais, e por isso, vou fazer assim como o diretor, priorizando os que chamaram mais atenção. Para começar Ted McGinley até entrega uma boa personalidade para o pastor Matthew, mas seu jeito calmo frente à algumas das situações incomoda demais, e mesmo os mais fiéis certamente irão pensar da mesma forma nas duas cenas envolvendo o dinheiro, e na parte final, pois são dois momentos fortes e que qualquer um se desesperaria, ficando falso demais sua expressão. Mira Sorvino, ao contrário de McGinley já foi cética e desconfiada demais em todas as situações, claro que mães são extremamente preocupadas com ajuda de estranhos para com seus filhos, mas cada um que oferecia algo para ela, parecia que os olhos de sua Samantha iriam sair da face, e sabemos que a atriz é melhor do que o que fez no filme, claro que sua filhinha no longa, Makenzie Moss, chamou muito mais a atenção pela ótima dinâmica com os demais personagens, mas cabia a ela também agradar mais. Brian Bosworth trabalhou de maneira interessante seu Joe, mas mesmo nem o mais religioso do planeta iria acreditar em sua cena final, claro que é bonito e tudo mais, mas não rola, felizmente o ator durante todo o filme saiu muito bem nas expressões, senão seria motivo de piada facilmente. Sean Astin, que mais conhecemos como o gordinho Sam de "O Senhor dos Anéis", aqui faz um médico meio estranho e cético demais de qualquer fé, claro que isso para o filme é algo ruim, mas seu estilo arrogante poderia ser menos jogado na trama que agradaria mais. E fechando a lista tenho de falar de Liam Matthews, não tanto pelo seu personagem Bobby que até agrada bastante na forma de fazer as coisas, mas sim por ter colocado quase que no currículo a profissão de ator de filmes cristãos, já que esse é seu sétimo longa religioso, e claro que ele não faz mal senão já teriam queimado ele.
Diferente de outros longas religiosos que colocam efeitos demais nas cenas, a equipe aqui optou por fazer algo mais simples cenograficamente, acertando a mão assim como fizeram no longa anterior, ou seja, trabalhando com detalhes bem emblemáticos nos elementos cênicos, como as pequenas cruzes, ou trabalhando com casas menos robustas de enfeites e até mesmo na cena mais emblemática, foram impactantes com os acontecimentos e procuraram não ousar muito, claro que ficou bem feito nos efeitos especiais usados, mas nada que chamasse a atenção somente para aquilo. O trabalho do diretor de fotografia, infelizmente foi o que mais falhou, por termos muitas cenas noturnas, as luzes sempre estavam fora de foco, e os personagens nos planos e contra-planos estavam iluminados de forma diferente, o que caracteriza um erro que vemos muito em novelas, mas não atrapalhou tanto o longa por não ter tantos efeitos em jogo, pois senão seria um desastre completo.
No quesito musical, tivemos boas canções inseridas para dar contexto ao filme, e não abusaram tanto da temática para colocar coros e afins, muito menos o famoso pianinho que tanto me incomoda nos longas espíritas. Mas poderiam ter colocado mais ritmo na trama, inserindo mais trilhas nas cenas principais, pois o filme de 120 minutos, certamente parece ter uma duração bem maior, o que não é legal. Um ponto positivo ficou para o clipe da canção de fechamento, que na versão nacional é cantada por Leonardo Gonçalves, e conseguiram encaixar bem o cantor em locações parecidas com o do filme, mesclando com cenas do longa e agrada bastante logo após os primeiros créditos.
Enfim, ainda não é o melhor longa dramático religioso que já vi, mas volto a repetir, o pessoal anda numa boa levada e em breve vão acertar a mão de maneira que não só os fiéis das igrejas vão se emocionar com o resultado e quem sabe até puxar alguns prêmios por fora. Por enquanto, devido o excesso de pequenas falhas, recomendo ele mais para os religiosos que não vão notar tanto esses errinhos, do que para os cinéfilos que gostam de ver tudo o que aparece, pois esses certamente vão reclamar de tudo. Mas como disse, é um filme gostoso e bem feito, então quem for e não ligar para esses detalhes que citei acima, é capaz que curta a sessão. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando já a semana cinematográfica com esse longa que até veio na data certa semana passada, mas junto com tantos filmes, acabei deixando para encerrar essa nova, então abraços e até quinta que vem com mais estreias.
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