É interessante ver que as opiniões sobre filmes de terror raramente batem, pois depois de ouvir os amigos críticos falarem tão mal de "A Possessão do Mal" acabei deixando o longa para ser visto somente hoje, ao invés de correr para conferir no começo do fim de semana, e posso dizer com toda certeza que mesmo contando com algumas coisas toscas e divertidas, o resultado do longa chega a ser bem pavoroso e aterrorizador com a situação que o protagonista acaba se envolvendo, pois ao trabalhar com situações comuns de se ver em outros filmes do gênero, mas atacando sempre para a descrença o longa nos leva a patamares que qualquer maluco por aí poderia fazer, claro que não chegar tão longe, mas o filme dá para pensar em coisas ruins e aqueles mais sensíveis até ficar com medo de algumas coisas.
O filme nos mostra que Michael King não acredita em religião, espiritismo ou fatos paranormais. Enfrentando a morte da esposa, ele decide fazer seu próximo filme ligado à busca da existência de forças sobrenaturais. Michael permite que vários praticantes de artes ocultas testem os rituais mais pesados nele na intenção de provar que tudo é um mito. Porém, algo acontece.
Nem dá para falar muito do filme, afinal o diretor e roteirista estreante David Jung foi sábio em ser simples com toda a situação, e mesmo não tendo tanta técnica nas filmagens (sim há cenas em que a câmera está completamente com foco ruim, e diversas quebras de eixo) que qualquer diretor mataria ele para que não errasse tanto, mas sua maior expertise foi a de trabalhar o roteiro na ideia mais palpável desses rituais, que é mostrar que com muita droga na cabeça, você começa a ver de tudo, e ao abusar das drogas, o resultado pode ficar sinistro e não acabar bem. Claro que a ideologia vai toda ser jogada para demônios e afins, mas se pararmos para ligar os pontinhos, podemos ver toda essa crítica social das drogas e seus efeitos frente ao terror que acabam se tornando os usuários das mais fortes. Portanto, caso o diretor quisesse fugir do eixo terror found-footage e apelos comuns do gênero, ele conseguiria fazer um longa dramático com tom aterrorizante do melhor nível possível, usando todas as imagens que fez no filme, claro que corrigindo as erradas, e teríamos um filmaço para qualquer crítico aplaudir de pé, mas como não foi bem essa a proposta, serão poucos os críticos que irão gostar do que verão, e alguns fãs do terror também irão reclamar.
O ator de séries Shane Johnson, digo isso pois seu IMDB tirando sua estreia em "O Resgate do Soldado Ryan", só possui mil séries, fez muito bem o papel tanto do documentarista Michael King quanto incorporou o personagem endemoniado e possuído, de modo que no final da trama está irreconhecível quando entra imagens suas de quando fala que irá documentar a vida da família novamente, e isso mostra o quanto se entregou para o papel, o que é ótimo de ver, pois muitos atores que entram no gênero terror acabam não se entregando tanto, e falham em trejeitos falsos, o que aqui não ocorreu de forma alguma, e quem sabe agora possa ser chamado mais vezes para o cinema. Já em contraponto, Julie McNiven fazendo sua irmã Beth, mereceu ficar bem em segundo plano aparecendo em três ou quatro cenas rápidas, pois nem parecia querer atuar, do tipo que pegaram alguém da equipe ao acaso para suprir o papel, ou seja, fuja do cinema moça. A garotinha Ella Anderson foi bem fofa no papel de Ellie, sendo pontual em poucas cenas, mas agrada bastante no que faz e novamente entro na discussão de como crianças filmam terror e depois conseguem dormir? Os personagens de apoio para diversas cenas foram no mínimo bizarros e esquisitos, de modo que não vamos lembrar muito de suas atuações, portanto é melhor pensarmos neles apenas como figurantes com diálogos mais alongados e assim o resultado sai melhor.
Sobre o conceito visual da trama, não podemos dizer que foi simples, afinal tivemos algumas cenas bem tensas, com muitos elementos nojentos, e claro que isso incomoda bastante, mas funcionou para a proposta do filme, então se pensarmos bem no que o diretor queria fazer, e com o orçamento baixo que tinha em mãos, podemos dizer que ao trabalhar com muitas câmeras diferenciadas, e usar desses elementos fortes para chamar atenção, o resultado foi chamativo. Claro que há diversos momentos abusivos de filmes trash de classe B, C, D pra baixo que poderiam ser eliminados para o longa ficar com mais classe, mas como o diretor desejava impacto, certamente essa foi a proposta que a equipe artística conseguiu lhe dar com a grana que tinham em mãos. Como todos sabem, o estilo found-footage trabalha com diversos tipos de câmeras instalados em vários lugares para captar ângulos próprios que não seriam comuns em outros estilos de filmes, e dessa maneira a iluminação de cada câmera é diferente, o que no cinema é algo totalmente inaceitável, e principalmente se ficarem inventando moda de colorir as imagens com tons verdes para parecer uma câmera com visão noturna endemoniada, ou seja, a equipe de fotografia tentou inventar moda, e o resultado ficou diríamos que uma bagunça completa, mas divertida de ver e até funcionando em alguns momentos, mas convenhamos que de técnica não tem nada.
No quesito sonoro, o clichê máximo é mantido, de fazer barulhos estranhos, jogar o volume no máximo para pegar o público desprevenido, junto com mudanças de câmera, chiados e tudo mais que possa funcionar para assustar. Mas além disso, trabalharam apenas com duas canções na trilha do longa, e com um rock bem bacana fizeram o fechamento dos créditos, de modo a parecer que haveria mais algo após (o que não acontece), mas vale perder mais alguns minutos ouvindo a canção, pois tem qualidade.
Enfim, o filme está longe de ser tecnicamente um filme que valha a pena ser mostrado em festivais mundo afora, mas como disse acima, possui uma ideologia muito boa, e principalmente funciona para assustar e botar pilha com a situação passada, e desse modo, como costumo dizer fez o seu trabalho, e agradou esse Coelho que gosta de longas de terror diferenciados. Portanto recomendo para quem gosta de um terror mais feio, e fico feliz que por sorte a sessão estava lotada da galerinha cômica que costuma tirar sarro de tudo, pois se fosse uma sessão como a de "Voo 7500", que assisti sozinho, não sei se assistiria o longa até o fim não! Então é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando essa semana cinematográfica, mas volto na quinta com novas estreias. Abraços e até breve.
PS: Daria para dar até uma nota melhor para o filme, mas os erros técnicos são gravíssimos, então vou preferir dar uma reduzida do que virem falar que sou louco.
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