Se tem um gênero que o Brasil pena demais para acertar a mão é o tão do romance, pois até conseguem desenvolver boas histórias, mas quando não recai para o novelesco e tentam inovar, ou reinventar algo que já fizeram em alguma outra época, o resultado acaba sempre falho e cansativo de acompanhar. E não foi diferente do que aconteceu com "Pequeno Dicionário Amoroso 2", que após 18 anos resolveram tentar a sorte com uma continuação do longa que em 1997 com um orçamento de apenas 900 mil, conseguiu levar mais de 400 mil pessoas para os cinemas, ou seja, um lucro bem interessante, e claro que desejável de voltar com a história para os cinemas. Porém, o efeito de usar uma palavra iniciada com cada letra do alfabeto, em 97 foi inusitado e bacana com todo um sentimentalismo interessante de ser representado pelos verbetes, mas agora em 2015, nem dá para chegarmos na metade do alfabeto para já estarmos cansados com tudo o que já aconteceu de tão repetitivo que ficou as esquetes utilizadas. E embora todos os atores principais tivessem tentado até dar um gás para a trama, o resultado não vai muito longe, e não sei como foi a estreia nacional 30 dias atrás, mas agora estreando aqui, numa sessão de horário até que concorrido, só contava na sala eu e mais duas pessoas, e isso não é nada bom!
O filme nos mostra que depois de se separarem, Gabriel e Luiza, seguiram suas vidas, conhecendo novas pessoas e alimentando outras expectativas. Dezesseis anos depois, Luiza está casada com Alex, com quem teve seu filho, Pedro. Gabriel namora Jaqueline, uma mulher mais nova e cheia de "energia". Mesmo aparentemente felizes em seus relacionamentos, o interesse entre os dois renasce depois de um encontro inesperado.
Sei que muitos são apaixonados pelo primeiro filme, e conheço até diversas pessoas que estavam bem curiosas para ver o resultado da continuação e ficaram bravas quando não veio o longa para o interior na estreia em 10 de setembro, mas é a velha sina, filme menor as distribuidoras seguram e lançam aos poucos nos cinemas do país, principalmente por saberem só com os testes se o filme vai ou não decolar nas salas, e ao que parece, esse está bem longe de atingir a mesma expressividade que o primeiro, pois a diretora Sandra Werneck não se preocupou em atualizar a trama, deixando basicamente o mesmo formato, quase que os mesmos questionamentos, dando uma pequena contextualizada com o que anda ocorrendo no mundo atualmente, mas sem nada de novidade para chamar o público para a sessão, e isso é uma falha monstruosa. Além claro de que esse estilo de filme, ficou parado no tempo, hoje são pouquíssimos os longas que se aventuram em capítulos, e os diretores que escolhem essa ideologia, sabem fazer muito bem e entregam motivos claros para a escolha, não da forma que ela acabou fazendo, apenas para ilustrar seu longa como um álbum de figurinha gigante, que nem numa série da Globo mal desenvolvida funcionaria hoje, pois mesmo o pessoal gostando de esquetes mais rápidas, todas necessitam de uma conexão agradável e chamativa, não apenas representações, ou seja, o filme teria sim como funcionar dessa forma, mas para isso cada letra ou verbete próprio teria de ficar com ao menos 10 minutos para chamar a atenção do público, e dessa maneira teríamos um longa de 240 a 260 minutos, o que não seria nada legal de ver na tela do cinema.
Ao falarmos das atuações, temos de levar em consideração um detalhe que muitos gostam de parar para pensar, outros preferem relevar, mas conseguimos ver que nós juntamente com a protagonista estamos bem velhos, pois jurava que Andréa Beltrão era bem mais nova e com essa passagem de 18 anos, dá para ver bem que agora aos 53 anos ainda está bem na fita e com desenvoltura que poucas mulheres tem por aí, claro que o papel de sua Luiza é algo mais atirado mesmo, mas a atriz fez bem e mostrou que ainda pode desbancar boas atrizes novinhas por aí. Já para Daniel Dantas, os seus 61 anos já estão predominantes na tela e certamente agora irão começar a aparecer mais papeis de avô do que de galanteador, e aqui já tivemos cenas bem estranhas de se ver, parecendo mais o tiozão da Sukita do que alguém que pega todas por aí como o seu Gabriel vem levando a vida, ou seja, espero que não inventem uma trilogia, pois será algo meio estranho de ver nos cinemas, não que ele seja um ator ruim, muito pelo contrário já que sempre tem boas expressões para o que as cenas pedem, mas o papel caberia melhor para alguém de idade menor. Fernanda Vasconcelos é daquelas atrizes que podem fazer uma árvore que vamos gostar de ver ela atuar apenas com as folhas se mexendo, claro que seu rosto lindo ajuda e muito, mas ela tem uma presença jovial que agrada bastante nas cenas de sua Alice, claro que forçou um pouco demais a voz nas cenas das boates, gritando para que o microfonista capitasse seu áudio e ficou um pouco estranho, mas no geral dominou bem a expressão de todas as suas cenas. Dos demais atores, a maioria aparece pouco e de forma bem fraca para com a história, mas os destaques positivos ficam claro com Glória Pires hilária com sua Bel, e Eduardo Moscovis com seu Guto, mas nada que ambos pudessem chamar atenção demais, afinal o filme se concentra mesmo nos três personagens que comentei.
No conceito artístico, a trama nem se apega a mostrar pontos ricos de romantismo do Rio de Janeiro, optando por locações mais fechadas e que dessem a dinâmica esperada para o filme, tanto que os dois momentos mais ricos cenograficamente ficaram por conta da cena de Luiza andando de bicicleta e de Alice num cenário maravilhoso de uma piscina natural no meio das ondas, ou seja, se quisessem poderiam criar diversas perspectivas maravilhosas no conceito cênico, que acabaria chamando mais atenção pra toda poesia que desejavam passar para o filme, e só usando casas e apartamentos e uma galeria, isso certamente não teria como acontecer. A fotografia até que trabalhou bons planos e iluminações para contrastar com a cenografia, mas foi literalmente boicotada na edição, pois quando a ambiência luminosa atingia um ápice na cena, era interrompida para o próximo verbete, e tenho certeza que o diretor de fotografia ao ver o resultado final ficou bem desapontado com isso.
Enfim, não posso falar de modo algum que foi o pior filme nacional que já vi, pois houveram bons momentos e até ideias para outros projetos, mas que daria para ser algo extremamente melhor, isso não tenho dúvida alguma, e posso afirmar com a maior clareza possível, que a palavra que define o longa é preguiça, pois a equipe de roteiristas, junto dos diretores, tiveram preguiça de criar algo novo e se primaram de manter a ideologia do primeiro que hoje não funciona mais. Portanto, só recomendo o filme no cinema para quem realmente quiser ver muito o filme, pois os demais podem esperar para ver em casa quando for lançado em outras mídias, que gastar o valor de um ingresso com esse longa é algo que não vale a pena mesmo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas talvez ainda volte nessa semana cinematográfica com um documentário que está passando em poucos horários e lotando sessões por aqui, vamos ver se consigo vê-lo e comentá-lo aqui no site, então abraços e até breve.
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