É bacana observarmos como gostam de fazer recomeços de histórias que já conhecemos, não que isso seja algo obrigatório, afinal podemos induzir como algumas coisas aconteceram pelos próprios filmes originais, que já muitas vezes acabam sendo refilmados e mostrados de versões diferentes, mas quando decidem fazer algo, pelo menos que prezem por uma qualidade interessante e que contem uma boa história para que tudo fique convincente, e com o novo "Peter Pan" temos toda uma simbologia indígena bem colocada que junto de uma dinâmica bem interessante, conseguimos acreditar na forma visual que nos é entregue de como Peter nasceu e vai virar mais para frente um líder nato dentro da Terra do Nunca. Agora não espere saber de toda a história logo de cara, afinal como sempre digo, produtores se aliam à roteiristas para que um filme nunca seja apenas um filme, e em aventuras e fantasias, sempre coisas são deixadas de lado para uma continuação, e isso deve incomodar bastante na conexão completa desse belíssimo exemplar visual com outros tantos que já conhecemos, mas ainda assim vale conferir numa boa sala 3D.
O longa nos mostra que Peter é um garoto de 12 anos que vive em um orfanato em Londres, no período da Segunda Guerra Mundial. Um dia, ele e várias crianças são sequestradas por piratas em um navio voador, que logo é perseguido por caças do exército britânico. O navio escapa e logo ruma para a Terra do Nunca, um lugar mágico e distante onde o capitão Barba Negra escraviza crianças e adultos para que encontrem pixum, uma pedra preciosa que concentra pó de fada. Em pleno garimpo, Peter conhece James Gancho, que tem planos para fugir do local.
Se olharmos a história criada por Jason Fuchs com base nos personagens criados por J.M. Barrie há muito tempo, vamos ver que tudo é até bem simples de ser contado, e nos convence facilmente para cairmos na fantasia que tanto desejam passar. Mas bem mais sabiamente foi a escolha de um diretor realista como Joe Wright para que transformasse toda essa magia visual em algo crível e empolgante, trabalhando tanto a dinâmica dos personagens para que fôssemos conhecendo um a um sem necessitar parar para explicar detalhes, e também tudo funcionasse na metodologia que escolheu para trabalhar, pois seria bem tranquilo ver um longa aonde tudo brilhasse, a história nos fosse contada como um conto de fadas lido por alguém, e o resultado seria lindo de ver novamente, mas a preocupação principal aqui, foi que o rumo da trama desenvolvesse, e isso só um bom diretor conseguiria lidar e trabalhar com ângulos aonde a ficção chamasse a responsabilidade para assumir tanto a história como boa para os protagonistas serem entregues ao público, como todo o visual envolvesse e não ficasse tecnológico demais para que as pessoas não acreditassem no que estavam vendo. E dessa maneira tudo se encaixa, tudo tem muita cor, e a cada salto ou voo de qualquer objeto, nos vemos acompanhando tudo sem perder uma gota de apresentação de personagem que é inserida no mesmo momento da trama, ou seja, funciona como uma engrenagem completa que ao rodar a manivela, a outra ponta roda perfeitamente sem engastalhar, mas ainda dá para reclamar de muitas coisas, que vou preferir falar ao introduzir os personagens abaixo.
Vamos começar a falar dos atores claro pelo mais jovem Levi Miller, que encaixou tão bem para o protagonista da história, que dificilmente vamos conseguir pensar em outro ator para vestir a roupa de Pan tão cedo, pois o garoto além de ser bem bacana visualmente, tem uma expressividade única e, assim sendo agrada em tudo que faz no longa. Garrett Hedlund também foi bem na postura de um Gancho jovial e bem desenvolvido, que agrada bastante na forma de atuar que escolheu, mas falharam ao não desenvolver como ele passa de um "amigo" do protagonista para o capitão malvado que conhecemos dos outros filmes (e como perde sua mão para não usar o gancho como ferramenta, mas para tudo), e claro que dessa forma, os produtores já esperam um grande resultado para que venham com um segundo longa e aí isso sim seja contado, mas até lá o que o ator fez foi bem trabalhado. Que Rooney Mara é uma excelente atriz, isso não precisa ser nem falado, mas temos de concordar que a jovem Tiger Lilly (me recuso a chamar ela de Tigrinha) é uma guerreira indígena, e a jovem consegue mesmo sem maquiagem ser mais branca que esse Coelho que vos digita, então não que ela tenha feito mal o seu papel, muito pelo contrário sendo perfeita em todas as expressões, mas cairia bem melhor alguma atriz mais morena (talvez Lupita Nyong'o que até tentou o papel, mas não foi escolhida). O dia que acharem um papel que Hugh Jackman não se encaixe é capaz que soltem fogos em Hollywood, pois o cara se entrega de tal maneira, que por mais bizarro que seja tudo o que ele faz com o seu Barba Negra, ainda torcemos para o vilão conseguir atingir seus objetivos, e num misto de expressões fortes e nervosas com uma comicidade bem interessante, temos um resultado ímpar de personalidade que ele conseguiu passar, e embora sua história seja contada bem rapidamente, conseguimos completar todos os elos de fechamento. Outro que deve ter um papel mais vistoso num segundo filme é Adeel Akhtar, pois como todos sabem Smiegel ou Sr. Smee como conhecemos nos desenhos é o fiel parceiro de Gancho, e aqui acabou até meio que desaparecido no meio do caminho, sem ter um final de fechamento, e claro que voltará caso tenha outro, pois o ator foi bem bacana nas performances exigidas dele. Amanda Seyfried como Mary (ou mãe de Peter) e Cara Delevingne como Sereia, foram bem rápidas nas suas atuações, e por bem pouco se o diretor fosse mais exigente nos cortes até acabariam sumindo da trama, mas como ele deixou suas cenas, até mostraram alguma expressãozinha simples para não ficar no básico.
Agora temos de ser francos, filmes que são pensados visualmente acabam resultando em grandes obras de artes que emocionam e encaixam como uma luva no gênero fantasia, pois cada detalhe da trama, desde o orfanato cheio de segredos alimentícios e negociáveis com piratas, passando pela 2ª Guerra rolando e os exércitos sem saber o que fazer com navios voadores, chegando numa mineração cenograficamente linda de ver, abarrotada de figurantes e computacionais duplicados claramente, em seguida somos levados para uma floresta digna de feita por James Cameron em "Avatar", com detalhes nas plantas a cada virada de cabeça, com pássaros exóticos bem colocados no melhor estilo que lembrava do desenho dos anos 90, trabalhando com uma tribo totalmente colorida que na briga ainda arrumaram um jeito de deixar tudo ainda mais cheio de cores, entrando na sequência numa lagoa cenográfica muito simbólica que junto de contar o passado com desenhos e luzes deram um show a parte, e finalizando com uma ambientação mágica do reino das fadas, introduzindo claro a fada mais conhecida do cinema. Ou seja, tudo perfeitamente pensado para chamar atenção e envolver o público com tudo, e o principal, funcionando com a história sem que precisássemos parar para decidir se iríamos apreciar o visual ou se ligar na história que estava sendo contada junto. Aliado à tudo isso, a equipe de fotografia certamente teve muito trabalho para encaixar a alta quantidade de computação que a trama exigiu, junto dos cenários construídos e locados, pois quando ocorre isso, a iluminação necessita bater, e com a quantidade de cores simbolizando cada momento e dinâmica da trama, foram perfeitos em encaixar cada temperatura de cor para que as nuances funcionassem e envolvessem, não tendo como destacar uma ou outra cena, pois tudo recai bem.
Quanto dos efeitos visuais, e claro do 3D usado na trama, temos de falar logo de cara que o filme já foi filmado usando câmeras com a tecnologia, e principalmente volto a repetir o que falei no conceito visual: foi pensado para funcionar em cada cena a tecnologia, ou seja, nos momentos que querem coisas saindo da tela, temos o ângulo certo para que as bolas de canhão voem para fora, quando temos cenas de salto e voo, a perspectiva escolhida está correta para vermos os personagens quase que bailando na tela com o fundo deslocado, quando estamos passeando pela selva, temos as camadas de plantas para que os personagens andem e nos deem e a referência de posição, e assim, posso dizer facilmente que o filme funcionou muito para o que a tecnologia poderia propiciar para ele, desde profundidade de campo até objetos saindo da tela que tanto reclamam dos longas não usarem, e assim, dessa vez posso recomendar que paguem o ingresso mais caro para ver tudo funcionando bem.
Outro ponto que agrada demais no longa é a trilha sonora escolhida para cada cena, dando destaque claro para a versão de Smells Like Teen Spirit cantada por todos os mineiros junto de Barba Negra, que ficou incrível. Mas essa é apenas um destaque, pois todas as demais ajudaram tanto a dar ritmo como simbolizar bem cada momento.
Enfim, um excelente filme tanto para as crianças se fantasiarem com tudo o que é mostrado na tela (deve ter ficado boa a dublagem também para elas, mas não conferi o longa assim), quanto para os adultos que já viram tantas adaptações da história do garoto órfão que não deseja crescer e agora podem saber um pouco mais da sua vida, com um show visual de brinde. Portanto recomendo demais a produção, mesmo que com alguns defeitos que citei nos parágrafos acima. Fico por aqui hoje, mas ainda volto nessa semana com um outro longa que apareceu aqui meio que atrasado, então abraços e até breve.
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