É engraçado que muitos filmes falamos que pertencem a um determinado gênero, outros associamos à franquia por misturar diversos estilos, mas que às vezes nos surpreendem por ousar mais ou menos, porém se tem uma franquia que sabemos exatamente o que esperar, indo ao cinema sem sequer expressar algum sinal de espanto com qualquer novidade (afinal raramente vemos algo diferente) é a tal 007, e agora com o novo filme "007 Contra Spectre" até que tentaram colocar personagens de outros filmes, adequaram algumas situações para dar mais ritmo, mas o diretor Sam Mendes não conseguiu fazer novamente um longa tão interessante quanto fez com "Skyfall", pois mesmo com grandiosas cenas de ação (as quais na sala Imax fez as poltronas tremerem bastante), o miolo foi regado à cenas tão mornas que quem estiver com um pouco mais de sono vai fazer igual o senhor do meu lado, que chegou a roncar e depois pulou assustado com o barulho da cena seguinte. Então exageraram nas histórias deixando de lado toda a investigação característica com envolvimento que muitos esperavam, mas ainda assim cumpre com o papel da franquia e diverte bem quem suportar as oscilações mornas do miolo.
O longa nos mostra que uma mensagem codificada coloca o agente secreto James Bond no caminho para desmascarar uma organização criminosa, conhecida como SPECTRE (Special Executive for Counter-intelligence, Terrorism, Revenge and Extortion). Enquanto Bond tenta descobrir a terrível verdade por trás da organização, M luta contra as forças políticas para manter o serviço secreto britânico ativo.
Que a franquia é extremamente rentável, isso não temos dúvida alguma, e que já estão procurando um meio de "matar" Daniel Craig (que já está começando a ficar caro também) para começar uma nova leva com um novo Bond, também já estamos cientes, mas acredito que apostaram fichas demais na continuação de mãos do diretor Sam Mendes e sua equipe para esse novo episódio, pois se pegarmos 90% dos outros longas da franquia, são pouquíssimos momentos que tentam conexões externas ao do próprio filme em questão, e aqui quase que colocaram como uma continuação direta tendo muitas referências e símbolos que nos foram apresentados em "Skyfall", e até mesmo em "Quantum of Sollace" e dessa maneira ao ficar enrolando histórias para não dar muita criatividade, o roteiro acabou ficando até um pouco cansativo, com diversos pontos de pausa, e isso era algo que raramente acontecia nos outros filmes. Claro que o diretor ousou e muito em diversas cenas, pois temos muitas explosões, cenas aéreas e até mesmo alguns planos-sequência incríveis de ver (a cena de abertura sem parar com a quantidade de figurantes é algo para tirar o chapéu diversas vezes para ele), mas poderiam ter evitado tanta história e focado mais na ação envolvente como aconteceu no filme anterior, e assim agradar novamente à todos que fossem assistir ao filme, mas não dá para acertar todas as vezes, então se a bilheteria não decolar o rumor de que Sam dirigiria o Bond 25 pode ir por água abaixo.
No quesito atuação, Craig tem o estilo Bond de ser, mas deixaram ele livre demais nesse e completamente forçado em diversas cenas (luta no trem com o imenso lutador e furos na cara com a maquininha de dentista sem que o cara saísse ao menos machucado foram abusos demais para relevar), o que já diferenciou demais do longa anterior, onde aparentava mais abatido com as cenas, claro que já está se achando melhor que diversos outros atores que interpretaram o espião, pedindo cada vez um cachê mais alto, então acredito que sua temporada esteja chegando ao fim. Pena que Christoph Waltz não esteja presente no longa inteiro, pois seus momentos foram simplesmente fantásticos, com uma expressão doentia e bem característica dos vilões da franquia, claro que não chegou nem aos pés do que fez Javier Barden em Skyfall, mas ainda assim caiu muito bem nas cenas e como é de seu estilo, chamou a responsabilidade de cena para si e agradou demais. Léa Seydoux caiu bem como a bondgirl Madeleine, mas inicialmente aparentou que seria mais dinâmica e impactante, de modo que marcaria sua passagem pelo filme, o que acabou não acontecendo tanto, claro que ela é sexy e linda demais, mas poderia ser mais do que isso como boa atriz que é. Ralph Fiennes até teve grandes cenas como sendo o novo M, e usou de expressividade para controlar as cenas mais ágeis sem perder a seriedade que o personagem pedia, e dessa maneira caiu bem para agradar e certamente voltar nos demais longas. Ben Whisaw novamente veio com uma proposta bem humorada para o seu Q e nas cenas que apareceu mais dominou o ambiente para que seu personagem tivesse destaque frente aos demais, ainda torço para que um dia desenvolvam longas paralelos aos 007 para que mostrem mais sobre os outros personagens da franquia, pois este é um que mereceria destaque e divertiria demais. Naomie Harris também voltou agora com um papel mais importante, porém ficou muito de segundo plano na trama com sua Moneypenny, de modo que apareceu, fez duas boas cenas, e depois praticamente esquecemos de sua existência no filme, e a atriz tinha potencial para agradar mais. Ainda bem que tivemos poucas cenas com Andrew Scott, pois o seu C ficou cansativo e quase sem carisma algum para ser um sub-vilão da trama, e se olharmos para a sinopse, certamente o personagem dele teria bem mais impacto do que o ator conseguiu transparecer, e assim notavelmente cortaram cenas suas. Apenas para pontuar, o longa contou com uma segunda bondgirl e Monica Bellucci chamou bastante a atenção mais pelo seu corpaço do que por sua atuação, de modo que se a trama se alongasse pela Itália, o filme seria elevado para classificação 18 anos.
Sobre o conceito visual, é óbvio que com todo o orçamento monstruoso que o longa possuía não tinha como nada dar errado, então sendo filmado na Inglaterra, Marrocos, México, Áustria e Itália, o resultado foi um longa cheio de locações marcantes, muitos detalhes cênicos para representar cada lugar e claro carrões para chamar atenção, mas se tem uma coisa que faltou foi objetos mirabolantes de espionagem, pois somente um mísero relógio não faz dele um mega-espião com armas especiais, e assim o resultado artístico até agrada bastante e com certeza vai chamar muita atenção de quem gosta de ver boas escolhas de cenários, e só por isso já vale a produção em si. Além disso, a equipe teve muito trabalho com o excesso de cenas dinâmicas com aviões, helicópteros e carros correndo por toda a parte, explodindo e tudo mais, que ficaram bem realistas e agradaram em todos os momentos que foram colocados na trama, ou seja, esse sim é o grande motivo para conferir a trama. Aliado à esses bons momentos e junto das boas locações, a equipe de fotografia só teve o trabalho de escolher bons ângulos e iluminar com classe para que tudo ficasse dentro dos padrões, só poderiam ter ousado mais se não ficassem com tanto foco e desfoque de personagens, pois esse clichê já deu o que tinha de dar.
No quesito sonoro, a trilha ficou bem fraca comparada aos últimos dois filmes, e dessa maneira optaram mais pelos barulhos das explosões para fazer com que o público balançasse nas poltronas (quem for ver nas salas Imax se prepare para chacoalhar muito, pois o estrondo é imenso nas últimas cenas, fazendo o cinema inteiro vibrar). Mas sem boas canções e trilhas instrumentais, o filme ficou como disse em diversos momentos, sem ritmo, e isso faz quem não curtir realmente a trama, ficar com sono durante boa parte do filme.
Enfim, é uma grandiosa produção que possui bons momentos, mas não preencheu todos os requisitos que tanto agradaram nos últimos filmes da franquia, então diferentemente do que ocorreu nos outros, aonde muitos que nem eram fãs do espião passaram a curtir e assistir aos filmes, esse vai levar aos cinemas somente quem for realmente fã e suportar um longa mais alongado e cansativo em diversas partes. E dessa maneira recomendo ele somente para quem gostar muito do estilo, e estiver disposto a misturar lentas cenas de conversas com grandiosas cenas de explosões. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda teremos muitos filmes que vieram para o interior nessa semana, então abraços e até breve.
2 comentários:
Quando li a sua crítica ela me parecia muito dura, mas não, você estava certo.
Assisto 007 desde criança e devo admitir que sou capaz de resumir esse filme em uma única palavra: decepção!
A fotografia espetacular de skyfall não estava mais lá. Havia explosões, carros, helicópteros, mas não estava azeitado (pareciam mais momentos isolados, que estavam lá só para preencher um checklist obrigatório) . O ritmo é muito lento e não ajuda a dar liga ao filme, ele não cresce.
Aliás, onde estava o clímax do filme? Até agora eu não encontrei! O filme não engrena, e não há sequer uma grandiosa batalha final. Na verdade, é o primeiro vilão que parece andar sozinho, pois não sabe se defender e não possui um guarda costas pessoal para lhe proteger pelos lugares. E nem a bomba foi capaz de trazer aflição!
E, por favor, o vilão não convence na sua motivação contra o 007.
Enfim, foi uma grande decepção! Entra, com certeza, pra lista dos piores da franquia.
Ah, e a música é fraca, muito fraca! Por favor, convidem a Adele novamente, Skyfall foi épica.
Eduardo Martins.
Pois é caro Eduardo, também estou procurando o clímax, ou melhor, nem vou rever para tentar achar rsss... uma pena, pois Skyfall foi épico, daí me vem com um desse!!! Sinceramente devem já estar preparando a despedida do Craig, e para isso tão afundando tudo!!! Triste viu, no caso da música, dá pra dormir os 5 minutos dela tranquilamente, que é quase uma canção de ninar, #voltaAdele Abraços!!
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