Há alguns filmes que sofremos para conseguir definir para o espectador sem entupir de spoilers, outros basta citar algum longa parecido e incrementar algum detalhe que o diferencie, e com "American Ultra - Armados e Alucinados" é tão fácil definir comparando com outro longa deste mesmo ano que nem é necessário gastar muito tempo. Portanto se você viu "Kingsman" adicione muitas drogas e tire todo o treinamento que com toda certeza você estará vendo o mesmo filme nos cinemas agora. Claro que isso é uma comparação bem superficial, mas para não ficarmos enrolando muito, é um filme de ação aonde literalmente o roteirista (que é o mesmo do filme de ontem) tomou algumas drogas a mais e escreveu um longa mais maluco impossível, aonde com um show de loucura de Jesse Eisenberg, o resultado vai além do que se pode esperar, ou seja, muita dinâmica, pancadaria, tiros, cenas de violência explícita e drogas, afinal o diretor não podia ficar sem colocar o que deu o ar da trama no papel na tela também.
O longa nos apresenta Mike Howell, que passa a maior parte de seu tempo se entorpecendo, trabalhando sentado atrás da caixa registradora da loja de conveniências Cash & Carry e escrevendo um gibi que jamais será publicado sobre um macaco super-herói. Ele gostaria de, um dia, levar sua namorada e companheira Phoebe, para o Havaí — se um dia ele conseguir superar os inexplicáveis ataques de pânico que experiência toda vez que tenta sair da cidade.
Sem que ele tenha qualquer memória sobre o fato, Mike é, na verdade, um agente da CIA altamente treinado e mortal. Num piscar de olhos, enquanto seu passado secreto volta à tona, ele se vê em meio a uma operação mortal do governo e é forçado a convocar o herói de ação interior para sobreviver.
Se tem uma coisa que me intriga é como esse pessoal que faz roteiro é criativo, claro que alguns roteiros demoram anos pra sair do papel, virar um filme e dessa forma tem roteiristas que aparecem duas a três vezes no ano com novos filmes, e Max Landis no Brasil pelo menos acabou tendo dois dos seus cinco roteiros que estreiam em 2015 aparecendo na mesma semana. Claro que se no filme de ontem ele era mais puxado para o lado sombrio, no de hoje o que ficou mais evidente é a comicidade, mas em ambos podemos notar a presença de elementos bem malucos dando vazão à loucura e observando os outros filmes que fez, fica claro que o escritor tem uma forte presença de coisas insanas, e aqui nessa história funcionou mais do que nunca. Agora se o roteirista só deu umas leves fumadinhas de maconha, podemos dizer que o diretor Nima Nourizadeh vive completamente drogado, afinal seu longa de estreia foi "Projeto X" aonde a insanidade predomina a cada cena, e nesse ele se superou com cenas fortes e bem pautadas na força que um agente tem, junto claro com muita droga e ao trabalhar bem em sintonia com a história e o potencial dos atores, acabou escolhendo ângulos incríveis de filmagem junto de muitas explosões, tiros e até certas coisas nojentas, mas que cabem bem no filme, e assim sendo o resultado acaba sendo até melhor do que imaginado. É notável também muitas referências à quadrinhos e super-heróis, mas isso acaba funcionando de maneira menor sem que o foco seja todo em cima disso.
É fato que Jesse Eisenberg é um dos grandes nomes da atuação atualmente, e o trabalho que fez aqui é algo para pararmos e pensarmos até que ponto o ator pode ainda crescer mais, pois ele está num nível fora dos padrões, e mesmo em longas mais simples de dramaticidade, como é o caso desse, ele incorpora tanto seus personagens, trabalhando expressões (treinando muito para isso, nesse caso ele foi treinar com drogados, o jeito de andar e falar), e principalmente se jogando nas cenas mais fortes para que tudo pareça bem real, e dessa forma ficou mais do que perfeito como Mike. Já falei isso em outro texto, mas vale frisar novamente, se os homens de "Crepúsculo" que todo mundo apostava que ganharia o mundo com a quantidade de fãs que tinham, não conseguiram decolar, imagina Kristen Stewart que todo mundo só reclamava, mas ela foi lá, estudou, e já ganhou diversos prêmios de atuação, e aqui mostra que está disposta a fazer de tudo com sua Phoebe, saindo bem tanto nas cenas dinâmicas, quanto nas que precisou expressar dramaticidade e com seu ponto de virada, ficamos pensando em tudo o que fez no longa todo para ver se não ouve furos, e olha que ela nos enganou muito bem, ou seja, tem muito futuro mesmo. Connie Briton acabou sendo a terceira opção do diretor para o papel de Victoria Lasseter, e acredito que por isso o personagem acabou ficando bem em segundo plano, aparecendo somente nas cenas que eram realmente necessárias para o encaixe da trama, não que a atriz tenha saído mal, mas estava bem longe de algo bem bacana como a produção pedia, e certamente o papel teria muito mais conexão com a trama se fossem as outras opções. Topher Grace ficou também razoável no papel de Yates, mas sempre que brincava com o medo de estar fazendo as coisas misturando a falsa coragem agradava demais, e deveriam ter explorado mais isso, pois foram os pontos mais divertidos do seu personagem. Agora quanto dos coadjuvantes tivemos inúmeros furos de personagens sumindo e aparecendo nas cenas, e certamente após o corte final quiseram enforcar o continuista por isso, a evidencia maior ficou com o personagem Laugher de Walton Goggins, pois nas duas cenas principais de briga, ele está com os protagonistas, e de repente não está mais, sumindo do enquadramento seguinte, claro que o ator forçou muito nos trejeitos para o personagem, mas esquecerem de colocar ele no plano seguinte de filmagem é apelar demais com o pobre.
No conceito visual tivemos muitos elementos cênicos bem colocados para representar tanto o estilo dos quadrinhos quanto o de heróis caricatos do cinema, e isso acabou caindo bem para o estilo de espionagem com toques de humor. A cada cena que passava, a equipe de arte precisava trabalhar com mais detalhes e objetos para que o filme se desenvolvesse, e isso é algo que dá muito trabalho, mas quando bem feito acaba agradando demais, e desse modo o acerto foi nítido. Claro que se não exagerassem tanto nas coisas nojentas, o filme seria bem melhor, mas como é o estilo do diretor, acabou servindo para a proposta. A fotografia trabalhou bem sempre com cenas mais noturnas ou locações fechadas para que as explosões tivessem uma maior funcionalidade, e isso ficou bem legal, pois mesmo se passando muito no escuro, não tivemos nenhuma cena que sumisse algo visualmente, e isso é um grande acerto e que acaba agradando bastante.
Enfim, um filme que agradará bastante quem gosta de longas de espionagem, misto com ação e claro muita zoeira na tela, afinal a comicidade é bem apelativa, mas que diverte bastante, então se você curtir esse estilo, certamente pode ir para a sessão que vai gostar bastante do que verá, mas se tem problemas com apelação ou comicidade de forma não tradicional, procure outros longas, pois esse vai acabar irritando mais do que agradando. Bem é isso, fico por aqui agora, mas ainda tenho muitos outros longas para conferir nessa semana, então abraços e até breve.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...