Homem Irracional (Irrational Man)

11/02/2015 08:43:00 PM |

O diretor Woody Allen sempre consegue trabalhar seus filmes de modo que mesmo a história mais romântica ou o drama mais simples se entrelacem e criem uma perspectiva diferenciada, e com "Homem Irracional", que demorou um pouco para aparecer pelo interior, ele praticamente juntou dentro de um romance uma história investigativa tão repetitiva que a cada vez que um personagem recontava ela, íamos trabalhando completamente o sentido do nome do filme, e de uma maneira gostosa, acabamos refletindo sobre a ideologia filosófica do conceito de moral ou imoral dentro de uma situação de culpado ou inocente, ou até mesmo até que ponto vale fazer algo errado para que tudo dê certo. E quem lê isso pode até achar que o longa é daqueles de difícil aceitação ou compreensão, mas muito pelo contrário, tudo acontece de forma tão leve que acaba nos agradando e encantando mesmo com uma trilha repetidamente chatinha.

O longa acompanha a história de Abe, um professor de filosofia em meio uma crise existencial e que descobre novamente a vontade de viver. Depois de voltar a dar aulas em uma pequena cidade, ele se envolve com duas mulheres. Uma delas é Rita, uma colega de trabalho; e Jill, sua melhor aluna. Mesmo quando Abe mostra sinais de desequilíbrio mental, a fascinação de Jill por ele só cresce. No entanto, quando decide abraçar novamente a vida, Abe desencadeia uma série de eventos que afetará também Jill e Rita para sempre.

É claro que conhecemos bem o estilo de Woody dirigir e por prezar sempre longas bem dramatizados aonde os protagonistas realmente protagonizem, e não que o ambiente ou toda uma produção seja mais importante que eles, já vamos ao cinema acompanhar um longa seu sabendo que seremos bombardeados de longos textos e que eles sempre irão nos dizer algo do seu momento em que está vivendo, e dito isso, com esse novo longa podemos observar que o diretor (o qual sempre trabalhou bons conceitos filosóficos) resolveu agora entrar num dos pontos que muitos sempre pararam para pensar: se matarmos alguém que só tem feito coisas erradas e estragando o mundo, seremos culpados ou heróis? Calma pessoal, não precisam sair correndo após a sessão para matar a nossa presidenta, pois certamente você será culpado! Mas com essa ideologia, o filme leva um longa que poderia ser totalmente romantizado para outro patamar, e com pitadas cômicas bem interessantes de ver, e planos em movimento agradáveis, o diretor trabalhou seu lado pensante junto dos personagens sem descaracterizar seu estilo, e principalmente agradando todo estilo de público que for assistir, ou seja, um longa gostoso de ver, mas que faz você sair da sessão pensando em tudo que foi mostrado, ou seja, um legítimo filme de Woody Allen.

O longa até possui grandes atores como coadjuvantes, mas que por não conectarem tanto com as histórias dos protagonistas, acabam sumindo tanto que nem se for pergunta de prova vamos lembrar deles no longa, então vamos focar no que Woody tanto deseja que á nos três protagonistas. Que Joaquin Phoenix é um dos melhores atores no momento isso certamente não temos dúvida, mas a personalidade que deu para seu Abe é algo que vai muito além do que poderíamos esperar, desenvolvendo diversas características próprias de outros personagens seus junto de um homem com problemas e criando um misto de idealizador com facilitador de ideias que vão muito além do que um ser humano comum acabaria pensando, e ao atuar tão bem no filme, o ator mostra que está em plena forma para desenvolver qualquer tipo de papel que possam lhe entregar. Emma Stone sempre cai com personagens agradáveis e gostosos de acompanhar, mas quando insiste na repetição (mesmo que seja culpa do roteiro e da direção), passamos a ficar com uma certa raiva do que está fazendo, e dessa maneira, seus primeiros atos são gostosos de ver, mas ao aprofundar da história, acabamos num misto de querermos junto com o protagonista dar um fim na sua Jill também. Parker Pousey tentou recair sobre a perspectiva de femme fatale, mas ao mesmo tempo subjetivou demais sua Rita, e dessa maneira passou a ser mais inconveniente do que sedutora, e certamente não era bem isso que o diretor esperava de suas cenas, mas ainda assim a atriz trabalhou bem e agrada em diversos momentos, só poderia ter entregue mais personalidade nos momentos sem Phoenix.

No conceito artístico acho que a equipe de arte adora trabalhar com Woody Allen, pois seus filmes sempre são bem simples de elementos cênicos, não temos muita exuberância de cenários (tirem dessa lista "Meia Noite em Paris") e por trabalhar com coisas mais cotidianas, basta arrumar boas locações, que o restante se desenvolve de maneira bem fácil, e é isso que quem for conferir o longa verá, uma pacata cidadezinha em meio a um campus universitário, aonde toda a história se desenrola e assim sendo, acaba sendo bem agradável de ver e gostar dos elementos simples, mas bem colocados em cada cena, destaque claro para o mirabolante plano de matar o juiz, junto com toda a execução, e também a bela cena do parque de diversões que dando um mísero spoiler, será usada na finalização da trama.

Enfim, é um longa bem gostoso de assistir e que vai agradar a todos que forem ver sem desejar algo de proporções imensas, pois aí não seria um longa do Woody Allen, e dessa forma, o filme passa rápido e mostra tudo de uma maneira ampla que dá para filosofar e curtir sem que nada saia dos parâmetros. Sendo assim, com toda certeza acabo recomendando o longa e só reclamaria de alguns trejeitos óbvios, mas que não atrapalham em nada o resultado, e vale a pena ser conferido por todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais longas, então abraços e até breve.


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