Podem me chamar de preconceituoso, mas infelizmente não vejo expressões de paixão em filmes japoneses, parece que sempre estão com as mesmas caras, e até mesmo quando estão tristes, a expressão é a mesma de algo comum. Daí claro que para mostrar o sentimentalismo de alguns filmes, bons diretores conseguem mexer com tonalidades, boas fotografias e claro com um roteiro aonde tudo nos comova, como é o caso de "Para o Outro Lado", que logo de cara a ideia parece bem estranha, e ao final veremos que realmente era bem estranha, mas numa pegada meio que misturando "Sexto Sentido" com "Ghost", incrementando ideologias poéticas japonesas, acabamos comovendo com alguns diálogos e o resultado final fica bem bonito de se ver. Só existe um grande defeito que quase joga produção para um rumo sem volta: trilhas sonoras aparecendo em momentos que nada casavam com o sentimento.
O longa nos mostra que Yusuke, marido de Mizuki, afogou-se no mar há três anos. Quando ele repentinamente volta para casa, ela não se surpreende. Em vez disso, Mizuki fica pensando porque ele demorou tanto tempo. Ela, então, aceita ser levada por Yusuke em uma jornada.
O diretor e roteirista Kiyoshi Kurosawa foi bem preciso no que desejava, mas foi incrementando tanto a história, viajando cada vez mais com os protagonistas para mostrar outros mortos que todo mundo conseguia ver, que ao invés do longa comover (não digo que não tiveram cenas emocionantes, pois tiveram várias) no conceito geral, acabou ficando confuso e sem muitas perspectivas no final, claro que a determinação de cada ato dentro do roteiro. A situação em si pode ser vista como algo jogado para dentro do espiritismo, mas seria mais impactante se outros não vissem as pessoas, o que não ocorre aqui, então podemos também assumir algo como descarrego e lembranças, mas também não ocorre dessa forma, daí em determinada cena, começam a falar sobre existencialismo do Universo e conceitos de massas e do nada, algo que nem em aulas de Física avançada seria bem visto, mas aqui a plateia do rapaz são velhos camponeses, ou seja, o diretor começou o filme com uma viagem, e acabou levando todos para o cosmos. Não posso dizer que o longa não nos envolva, e nem que seja bem agradável, mas acabou saindo demais do plano comum. e resultou apenas num longa bonito, mas sem muito foco para simbolizar o que tanto desejavam.
É interessante ver alguns momentos isolados da trama para analisar a atuação dos dois protagonistas, pois certamente Eri Fukatsu deu uma vivência interessante para sua Mizuki, e até se mostrou crente demais em tudo o que estava ocorrendo, após ver que mesmo acordando tudo continuava lá da mesma forma, ou seja, não era sonho, mas seguir a viagem e ir acreditando em tudo, foi algo meio estranho, daí entro no que comecei falando, das expressões, pois em todos os momentos, a jovem manteve sua cara de apaixonada pelo rapaz, e querendo embarcar realmente na aventura, mas tudo com um ceticismo difícil de acreditar, ou seja, poderia ter feito bem mais. Agora em contraponto Tadanobu Asano, fez com que seu Yusuke ficasse quase que como um fantasma do bem, que ajuda a todos no planeta e sempre está de bom humor, no melhor estilo da novela "A Viagem" que a pessoa acompanhava todo mundo com um sorriso de guia turístico, mas que não impacta tanto, ou seja, não muda sua expressão em momento algum da trama, e isso acaba destoando da proposta.
Agora certamente o longa gastou muito com as locações, pois é uma mais bela que a outra, passando por diversos locais do Japão, cada uma com suas nuances próprias e revelando personagens novos que foram de certa forma bagunçando mais a história, mas dando uma beleza poética para que o filme nos envolvesse. Cada momento bem simbolizado por diversos elementos cênicos e que no contexto geral acabam agradando bastante cenicamente. Destaque no conceito artístico a cena do quarto do velhinho destruído, pois ficou impecável. A fotografia trabalhou bem até os 45 minutos do segundo tempo, pois usou e abusou da iluminação natural dos lugares, sempre dando algum contraluz para realçar os personagens, mas no final inventou moda de trabalhar alguns efeitos de esmaecimento que acabaram bem feios e não ligaram em nada do filme, ou seja, não foi acertado o que queriam ali, e por bem pouco não estragaram tudo.
Outro erro monstruoso na trama ficou por conta da trilha sonora, que parecia ser de outro longa e a cada momento que era inserido para comover o público não se encaixava com a cena que estava sendo mostrada, ou seja, o velho problema de uma finalização mal feita, que por bem pouco também não estragou todo o restante.
Enfim, é um longa bem bonito, que se não tivessem alongado tanto, acabaria sendo lindo e envolvente, e claro que também precisaria de uma proposta mais fechada de onde desejavam atingir, pois atiraram para todos os lados de uma guerra e acertaram bem poucos. Comove, e de certa forma é agradável de ver, mas alguns vão sair da sessão mais confusos com o que viram do que com boas resoluções do que a trama realmente dizia. E dessa maneira recomendo que vejam ele com bastante calma, pois a poesia é até que bem interessante. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma das estreias da semana que vieram para cá, então abraços e até breve.
2 comentários:
Eu adoro filmes com temáticas assim! Torcendo pra esse filme vir pra minha cidade *-*
Olá Paloma, torce ae!!! Se não for interior sua cidade, com certeza vem!! O filme é bem interessante, só não precisava passar por tantos lugares. Depois que assistir volte aqui para comentar! Abraços!!
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