Bem meus amigos, como disse esses dias em outro post de longa religioso, esse estilo de filme, o cristão, tem crescido monstruosamente nos Estados Unidos, tendo diversas produtoras criando seus estilos e já há inclusive um sindicato de artistas somente para atores desse gênero, mas temos de convir que assim como diz o ditado "que nem tudo que reluz é ouro", nem tudo o que passa nos cinemas é filme! Dito isso, é claro que a proposta de "Quarto de Guerra" é boa, tem momentos comoventes, e uma produção de um bom nível, mas acabaram transformando a proposta de um filme sobre família e relações em uma pregação sem limites, extremamente gritada na versão dublada (afinal só vieram cópias dubladas para o Brasil, o que faz parecer que pessoas religiosas só sabem ler a Bíblia), e que acabou parecendo aqueles cultos que parecem brigas do pastor com as pessoas. Ou seja, está longe de ser um filme realmente falando, e isso é algo que me desanima demais, pois ultimamente vi vários outros bons que surgiram por aqui, e mesmo vindo dublado agradavam sempre, faziam as pessoas nas sessões rezarem e se emocionarem, mas aqui muitos saiam e voltavam da sala, outros foram embora antes mesmo dos créditos, de maneira que não está empolgando e somente quem gostar muito de cultos gritados vai acabar gostando do que verá na tela.
A sinopse nos diz que o casamento de Elizabeth Jordan está em crise. A mulher teme a separação e a forma como a filha do casal reagiria a essa situação. Elizabeth é corretora de imóveis e conhece uma senhora que lhe mostra um cômodo que ela batizou de quarto de guerra. É nesse lugar que ela cola na parede diversas orações, mostrando à Elizabeth o grande poder da oração para ajudar em vários setores da vida, encorajando Elizabeth a lutar por seu casamento.
É interessante ver que o diretor Alex Kendrick não é inexperiente nesse ramo, tendo diversos outros longas religiosos e praticamente todos grandes sucessos de público lá fora. Não posso dizer que todos são dessa maneira, pois é seu primeiro que aparece por aqui nos cinemas (friso isso, pois como todos aqui sabem 99% dos filmes só vejo no cinema), e infelizmente ele passou bem longe do aceitável limiar entre pregação de culto e conscientização religiosa cabível dentro de uma trama cinematográfica, pois podemos colocar pitadas interessantes de determinada religião dentro de um filme, que isso acabará comovendo os espectadores à procurar sua fé, mas não podemos forçar que a pessoa comum que vá ver um longa fique assustado com tudo o que é mostrado no longa. Seu estilo de dirigir, acaba funcionando da mesma forma que colocou no roteiro, ou seja, simples, eficiente no objetivo que queria atingir e com ângulos até com dinâmica boa de ver, mas a cada cena que entrava a pregação, todo o conceito de cinema ia por água abaixo e infelizmente não é isso que buscamos numa boa sessão dentro do cinema.
No conceito da atuação, colocaram a professora e escritora Priscilla Shirer para estrear logo de cara como a protagonista Liz, e ela até tentou trabalhar bem nas suas expressões, encontrou bom domínio das palavras nas cenas que exigiu diálogos dela, mas infelizmente ela não convence como uma atriz mesmo conseguiria fazer, e isso é algo que alguns diretores não entendem que se querem dar oportunidades tudo bem, mas não coloque a pessoa logo de cara sem nunca ter feito nada de atuação para ser a cara de seu filme, claro que ela está longe de algumas atuações péssimas que temos no cinema, mas não chama a responsabilidade para si em momento algum, e isso é um erro. Até mesmo a jovem estreante Alena Pitts tentou ser mais expressiva que Priscila ao fazer sua jovem Danielle, mas diversos momentos seus, a garotinha aparentava estar perdida em cena, fazendo no máximo algo que haviam lhe pedido, mas sem saber para onde ir logo depois de falar algo, e isso é estranho de se ver na tela. Quem tenta salvar o longa em diversos momentos é T.C. Stallings que por já ter feito diversos outros longas religiosos já almeja um currículo invejável dentro da produção ao fazer de seu Tony um personagem cheio de expressividade e disposto a trazer o filme para si, mas infelizmente dentro do texto, seu personagem era o objetivo a ser melhorado e não alguém que determinaria a trama, então suas cenas foram boas, mas precisaria ter mais dele para que o filme decolasse. Agora a grande responsável pela gritaria toda do filme, ao menos na versão dublada (quem conseguir ver o filme legendado, por favor fale se também é o mesmo berreiro) é Karen Abercrombie, que fez de sua Clara, uma senhora com expressões fortes e que em alguns momentos até diverte com suas dancinhas, mas acaba gritando demais e pela quantidade de filmes religiosos no currículo poderia ter feito algo mais sofisticado e interessante na frente da tela. Os demais são mais enfeites ainda, tendo uma ou outra cena falada que encaixe na trama, mas nada a ser destacado.
Quanto da cenografia, escolheram bem as casas para as locações, fazendo parecer que toda a casa americana possui um closet minúsculo que cabe somente uma cadeira para oração, e o restante da casa, mesmo a protagonista sendo uma corretora de imóveis, não importa para nada. Claro que isso ajuda bastante a economizar no orçamento da direção de arte, mas ao invés das cenas mais elaboradas nos escritórios farmacêuticos que poderiam ser resolvidas em escritórios simples, não trabalharam mais para que as mansões ficassem mais realistas por dentro do que apenas na imagem de fora, e claro que apenas papéis pregados na parede não fazem algo memorável num quarto de oração, e poderiam ter trabalhado mais com o lance da Bíblia em si, mas como tudo aqui foi singelo, vamos considerar que a produção cênica acabou sendo enxuta e simples para não ostentar nada. Quanto da fotografia, ainda vou arrumar um iluminador que faça um closet tão pequeno iluminado mais do que uma cena na rua, pois isso é erro técnico dos mais simples de se ver numa edição e que dá para ser corrigido, mesmo que tenha atrapalhado tudo, então não colou os tons escolhidos e certamente não dava para arrumar depois na finalização, ou seja, não deu certo a direção de fotografia para termos sequer uma cena cativante visualmente.
Bem pessoal, antes que venham me atacar, já frisei isso em outro post de longa religioso e volto a falar, não tenho fixação por qualquer religião, acredito e muito em um Deus, ou força espiritual maior e que todos devam ter muita fé naquilo que crê, para isso até dirigi um curta metragem que você pode ver nesse link, e portanto como crítico que vê tudo que sai no cinema já vi longas espíritas, longas evangélicos, de umbanda e do que mais aparecer, e acredito que cada filme tem sim seu público alvo determinado, mas bem antes disso ao ser lançado numa rede de cinemas, o longa deva ter consistência de filme e poder levar uma mensagem para todos os que forem assistir, o que acabou não ocorrendo aqui. Dessa forma, se você não for uma pessoa dessas que frequenta cultos gritados, não entre mesmo numa sessão desse filme, pois a chance de incomodar-se com o que verá é altíssima, não chegando nem aos pés dos outros filmes do gênero, mas como disse no começo, não posso nem considerar esse como filme mesmo, então não recomendo ele para ninguém. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam dois longas nessa semana para conferir, então abraços e até breve.
PS: A nota será em função da boa produção cênica e pela dinâmica familiar bem bacana na competição de pular cordas, pois acredito que se o filme tivesse focado mais nisso, e no relacionamento religioso da família, seria um longa lindo e que traria a mesma mensagem, sem precisar da cena final de gritaria.
2 comentários:
Eu não assisti, mas no IMDB todo mundo elogiou. Vi muitas estrelinhas amarelas por lá.
Olá Amigo... no IMDB é gratuito o cadastro assim como qualquer site, e assim sendo, os fanáticos religiosos entupindo de notas altas, sobe as estrelinhas... Não duvido de "Os Dez Mandamentos" no IMDB ficar com 5 estrelas!!! Abraços!
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