Quando vamos assistir um longa baseado em alguma biografia, já vamos sabendo que na maioria das vezes procuram enaltecer as qualidades do personagem principal e tudo que ele sofreu para chegar ao sucesso. E isso é um fato que nem exigimos que o filme nos entregue, pois é de praxe, mas quando tentam nos enganar mostrando apenas isso, sem dar o algo a mais que faça o filme realmente valer a pena, mesmo as situações acontecendo de forma envolvente, fica parecendo que o filme foi entregue faltando partes. E infelizmente isso é o que ocorre com "Joy - O Nome do Sucesso", pois prepararam tanto o ambiente para destacar tudo o que a personagem principal sofreu para conseguir chegar ao topo do sucesso, deixando que Jennifer Lawrence dominasse a tela completamente, que esqueceram que os demais personagens precisariam aparecer e chamar o mínimo de atenção também, ou que pelo menos mostrasse mais da sua carreira de sucesso e não só os tombos, ou seja, temos sim um bom filme, com uma boa ideia, mas que pecou em ser singelo demais, e isso não cativa o público para que saia motivado a continuar insistindo em seus projetos, como tanto fez a biografada, mas apenas com a mensagem de que não desistindo se consegue se for insistente. E certamente se tivessem focado mais no sucesso que conseguiu depois sem ficar com a apelação dramatizada familiar, o filme seria daqueles que o público sairia do cinema com um gás imenso.
O filme nos mostra a emocionante jornada de uma mulher que é ferozmente determinada a manter sua excêntrica e disfuncional família unida em face da aparentemente insuperável probabilidade. Motivada pela necessidade, engenhosidade e pelo sonho de uma vida, Joy triunfa como a fundadora e matriarca de um bilionário império, transformando sua vida e a de sua família.
Fazer amizades dentro de um meio que muitos sequer só pensam no próprio umbigo é algo bem complicado, mas podemos dizer que o diretor David O. Russel e os atores Jennifer Lawrence, Bradley Cooper e Robert De Niro constituem quase que a mesma família após três filmes juntos, nem sendo mais questão de amizade, o que é algo bem bonito de se ver, mas que já está ficando um pouco desgastado nas telas, afinal não vemos mais aquele brilho e impacto que víamos nos seus primeiros filmes, e junto de uma história mesmo que sofrida de uma mulher que sofreu demais para conseguir o sucesso, acabou ficando leve demais para chamar a atenção, de modo que até comovemos em alguns momentos da história, mas nada que faça você vibrar com as conquistas (tirando claro o momento do primeiro acerto). Acredito que Russel nem tenha mais que falar o que quer de Jennifer, pois ela já sabe de cor e salteado como o diretor gosta de suas aparições, e isso é algo que facilmente se nota na tela, pois a jovem parece se dirigir e chamar a atenção bem mais do que qualquer um em qualquer momento. Não digo que isso seja ruim, mas como todos fazem parte da situação, caberia chamar mais atenção para cada detalhe dos outros personagens, e principalmente daria muita liga se desenvolvessem a convivência de Joy e Neil, do que a família maluca da garota, e isso o diretor poderia ter resolvido facilmente, junto com a roteirista.
Falar da atuação de cada um é algo até fácil demais, pois Jennifer Lawrence dominou o longa inteiro e fez dele seu porto seguro para mostrar o quão boa é de interpretar diversas facetas com os diversos momentos de sua Joy, e isso claro que vem lhe garantindo indicações à diversos prêmios, os quais alguns até está levando. Robert De Niro está tão deslocado na trama como pai da moça, que cada vez que seu Rudy entra em cena, ficamos pensando é esse mesmo o cara que ganhou já dois Oscar e fez "Poderoso Chefão"? Pois mesmo mostrando mais afinidade com a primeira filha, acaba sempre sem angulação nos olhares e isso não é legal de ver. Teoricamente, ou melhor logo de início somos apresentados a Diane Ladd como Mimi, a narradora da história, mas há uma quebra de roteiro tão fora de moda lá pelo meio do filme, que faz dessa escolha da direção algo tão errado, que ainda devem estar se perguntando por que raios foram fazer isso, e infelizmente sua personagem embora sempre alegrinha, não chama atenção nenhuma. Colocar alguém apenas para assistir TV o filme todo e em alguns momentos soltar algumas pérolas filosofais de vida é algo que não consigo imaginar de ver em longa algum, mas aqui deram esse cargo para Virginia Madsen com sua Terry, ou melhor mãe da protagonista, e convenhamos que gastaram dinheiro a toa com o cachê, e ficou péssimo de ver. Édgar Ramirez até tenta ser um ponto chave agradável como o ex-marido que mora junto Tony, e possui bons momentos, mas como a perspectiva de seu personagem fica sempre de lado, não chama atenção alguma, e mesmo na cena do mercado aonde aparentemente ele teria algo forte para dizer, apenas sai andando e logo em seguida nada foi importante de ver, ou seja, falharam com ele, e ele não empolgou também. Isabella Rossellini é uma tremenda atriz italiana que geralmente chama a atenção nos papeis que faz, e sua Trudy até teve uma personalidade forte e chamativa para convencer, de modo que ficamos bastante de olho nas suas participações, mas o modo que entra nas cenas foi algo muito picotado (assim como o longa inteiro) e acaba não chamando muito a responsabilidade das cenas fortes para si, o que é uma pena. E para finalizar, não menos importante Bradley Cooper, que sempre carismático consegue puxar a câmera para sua atuação na maioria dos filmes, e com seu Neil não é diferente, agradando bastante nas poucas cenas que aparece, e esse é o maior problema do filme, pois seu personagem é muito bom, e acabou ficando apagado demais sabe-se lá por qual motivo, mas acredito que o principal seja por ter alguma grande divergência na biografia que optaram por não mostrar, afinal o personagem é um grande nome da TV Fox, e o longa que é distribuído pela Fox, deve ter preferido amenizar isso.
Assim como a maioria dos longas que dirige, Russel prezou bastante pelo visual da trama, e de um modo acertado, tivemos boas locações e até elementos cênicos bem característicos para mostrar o começo dos canais de vendas pela TV (que certamente merece um longa a parte) e claro colocar toda a simbologia dos personagens com muitos elementos cênicos, destacando claro para a criatividade de Joy desde os primórdios. Destaque também para o figurino e cabelo, claro da protagonista em diversos momentos, que valem a pena serem vistos detalhadamente, mas tirando isso, a simplicidade domina. Mesmo sendo gravado em sua maioria com cenas em momentos de inverno, fotografia não funcionou tanto visualmente como costuma agradar longas gravados nessa época, principalmente por manterem cores neutras nos demais personagens e isso em geral deixou o longa marrom demais.
Enfim, não chega a ser um filme que deva ser desprezado, mas está muito abaixo dos demais do diretor, dando somente destaque mesmo para Jennifer Lawrence, e assim sendo, somente algumas boas sacadas cômicas do início devem empolgar o público. Portanto não posso dizer que recomendo o filme, mas deve agradar quem gosta de coisas mais leves. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam muitas estreias dessa semana para conferir, então abraços e até breve.
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