Se vai ter um longa que as opiniões serão bem divergentes ("quase uma piada pronta com o nome da série") vai ser o terceiro filme da série "Divergente", denominado "Convergente". Primeiro por ser mais uma adaptação de um único livro dividido em dois filmes("Convergente" e "Ascendente"), e segundo e mais forte, por ser focado completamente em determinado público mais jovem, fazer com que quem não goste de longas com temáticas do estilo vá ao cinema somente para criticar qualquer vírgula que saia do lugar. Digo isso, pois mesmo o filme repetindo diversos pontos que os outros já focaram, a trama consegue envolver, divertir e até mostrar diversos outros assuntos que estão em pauta no momento (como justiça pelas próprias mãos, rebeliões contrárias ao movimento comum, e até mesmo alienação por meio forçado), mas claro que pela ótica mais juvenil, e isso incomoda e muito diversos pensadores que acreditam que só pessoas de longa idade podem refletir alguns assuntos. Então, quem for preparado sabendo que a história não se encerra nesse longa, e também gostar de tramas joviais com muita ação, certamente vai sair satisfeito da sala, mas se for esperando algo "cult" (o que o longa não passa nem perto e nunca quis atingir) certamente vai sair reclamando de tudo que verá na sessão. Portanto, compre um bom combo de pipoca e curta, pois vai valer a pena, e infelizmente vamos ter de esperar mais 14 meses para ver a conclusão do que fizeram com o restinho de livro que deixaram (e pelo o que andam falando ficou bem pouco).
O longa nos mostra que a sociedade baseada em facções, na qual Tris Pior acreditou um dia, desmoronou, destruída pela violência e por disputas de poder. E após a mensagem de Edith Prior ser revelada, Tris, Quatro, Caleb, Peter, Christina e Tori deixam Chicago para descobrir o que há além da cerca. Ao chegarem lá, eles descobrem a existência de uma nova sociedade, e Tris terá de lidar com novos desafios, aonde se vê mais uma vez forçada a fazer escolhas que exigem coragem, fidelidade, sacrifício e amor.
Antes de mais nada, volto a frisar para os talifãs que o filme é baseado no último livro da série, ou seja, não vai ter tudo o que vocês leram lá, e principalmente, vão mudar muita coisa, afinal para uma história de um livro virar dois filmes, os roteiristas precisaram ser bem criativos para transformar ambos em algo que não canse o público (e ainda conquiste mais fãs para o próximo filme). Dito isto, posso falar com toda certeza que um dos acertos foi manter a direção de Robert Schwentke, que já havia trabalhado bem em "Insurgente" e não destoaria em nada do que já fez na segunda parte da série (apenas fugiu da direção do último capítulo - o que será bem estranho), e ao trabalhar praticamente os mesmos assuntos, agora com uma pitada diferente, ele deixou claro que a revolução é um ponto que deve ser sempre discutido, e que não importa a forma que seja colocada em um filme, ou na vida, sempre vai trazer adeptos para ambos os lados, aí vai variar do espectador, ou da vontade de um roteirista, decidir qual lado vai vencer. A simbologia da trama é bem sutil, e agrada pela boa dinâmica, mas claro que há inúmeros furos de roteiro que poderiam ser resolvidos com um pouquinho mais de pensamento lógico tanto por parte dos roteiristas, quanto por parte da direção em arrumar (apenas um exemplo simples dando um leve spoiler, quando a nave cai, sem proteção alguma o caboclo consegue atravessar o deserto radioativo inteiro machucado e ficar 10, tá bom!!!), mas preferiram deixar pelo bem da ficção, e isso é algo que incomoda demais várias pessoas, principalmente os críticos, que acabam dando notas baixas pela falta de cuidado.
Sobre as atuações, um fato claro é que Shailene Woodley está desgastada na franquia, pois sua Tris no primeiro filme passava toda a preocupação da escolha, saiu-se bem com as cenas de ação e tudo mais, no segundo longa tentaram jogar ela como um elo forte, mas diferente do que ocorreu com Jennifer Lawrence que foi crescendo em "Jogos Vorazes", ela já não parece mais tão forte como uma líder deveria fazer, de modo que nesse terceiro filme, por bem pouco, ela acabou raspando de ficar tão insossa nas idas e vindas até o topo do prédio para conversar com David, que até Tori acabaria sendo mais importante no filme, mas voltou ao final para os bons momentos, e agora é esperar o que ela vai fazer no próximo, pois já disse isso várias vezes em outros filmes que ela atuou, e volto a dizer que expressão é algo que ela sabe fazer bem, mas precisa estar empolgada com o personagem, e dessa vez, certamente ela não empolgou com o que fez. Há boatos de que como sobrou pouca história do livro "Convergente" para o próximo filme, o roteiro acabe utilizando alguns trechos do livro "Quatro" que se baseia mais na história do personagem de Theo James, e vendo o quanto ele foi mais importante nesse terceiro filme, se duvidar até com mais tempo de tela que a protagonista, não duvido que isso seja uma verdade absoluta (mas só saberemos no ano que vem mesmo), mas independente dele ser o protagonista forte no próximo longa, aqui ele soube fazer o trivial dos demais filmes: ser o olhar para as mulheres que forem assistir ao filme, correr, pular, atirar para criar ação, e em momentos mais dramáticos fazer drama de forma expressiva, então o resultado foi positivo para o seu lado. Agora produtores de Hollywood, deem um papel de bom moço comovente logo para Miles Teller, pois o jovem já está virando um daqueles atores que o público pega ódio e vai torcer para morrer na primeira bala perdida de um filme, e se nos dois primeiros filmes o público já estava nervoso com seu Peter, aqui ele conseguiu atingir o ápice da vilania com bons diálogos e principalmente com boas expressões que vilões devem ter. Ansel Elgort até tentou trabalhar bem em algumas cenas de seu Caleb, mas o personagem não é daqueles que chamam tanta atenção, e somente em duas grandes cenas foi necessário trabalhar, e ele fez bem, pois é um bom ator, mas ainda não foi dessa vez que ele mostrou que iria agradar tanto quando fez "A Culpa é das Estrelas". Dos personagens novos, o destaque claro é em cima de Jeff Daniels, que até incorporou uma postura interessante para seu David, com diálogos bem focados e tudo mais, mas entregou tão fácil seu posto de vilão para Peter, que acredito que eliminaram coisas suas demais do livro no filme, e isso soou estranho. O ator sueco Bill Skarsgård fez caretas demais com seu Matthew, e isso não é algo positivo de se ver, de modo que poderia trabalhar mais a expressão nas diversas cenas em que aparece, mas sempre aparentava estar com dor de barriga. Gostaria de ter visto mais cenas de Octavia Spencer, afinal ela é uma grande atriz e sua Johanna está sendo jogada de lado desde o filme passado, e mesmo estando num confronto grande aqui, deixaram ela de lado novamente, preferindo uma Naomi Watts razoavelmente perdida com sua Evelyn.
Outro detalhe que merecia ser melhorado, aqui tivemos mais cenários computadorizados do que nos demais filmes da franquia, e poderiam ter pecado menos nas composições estranhas, pois cada cena digital acabava introduzindo tantos elementos cênicos que maquiados junto do cromakey ficaram absurdos e até destoando dos elementos reais, e isso não é bom de se ver. Claro que vão falar, mas como passar o conceito futurista da trama sem ser digital? Não reclamo de fazerem um filme inteiramente digital, mas estamos falando de algo que tem um orçamento monstruoso, afinal é uma franquia de sucesso, e poderiam ter caprichado mais nos detalhes, não apenas ter elaborado cenários estranhos e impregnando cores diferentes como acabaram fazendo. E desse modo, a trama até cria bons momentos dentro da cenografia criada, mas merecia algo melhor que envolvesse mais o público, e não fosse apenas símbolos jogados em cada área do filme. Tudo bem que já vimos os lugares diferentes de Chicago, a destruição da cidade por parte da guerra, e queríamos algo a mais do deserto radioativo, da organização isolada que até possui um visual interessante, e principalmente da cidade que possui um visual incrível de cima, mas que é mostrado apenas uma sala fechada, ou seja, economizaram demais nos recursos. A fotografia até trabalhou com angulações bem abertas para tentar mostrar algo a mais, mas sempre ficou amarrada no conceito digital e isso não engloba nem metade do que o filme anterior ousou.
Enfim, saí da sessão falando que achava melhor que o segundo filme, mas ao escrever acabei achando tantos defeitos que a nota vai ser inferior à que dei para o segundo longa!!! Ou seja, ainda acho que esse novo filme trabalhou melhor as situações, mas explorou pouco ao gastar "menos" nos recursos visuais e na capacidade dos atores para chegar a um ápice maior para o próximo filme. Claro que vai existir muitos fãs reclamando, afinal sempre que mexem com livros há aqueles que queriam tudo fielmente exposto na tela, e aqui não foi o caso, e também vamos ter aqueles que vão reclamar de ser uma história apenas para jovens e que o filme roubou salas de longas artísticos e tudo mais, mas como gosto de grandes produções, achei o resultado empolgante e me agradou bastante, então recomendo ele para todos. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais posts sobre os outros dois longas que apareceram pelo interior, então abraços e até mais.
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