Acho interessante quando um roteirista possui uma ideia mirabolante de mostrar seu amor por algo(uma pessoa, um período da história, um determinado local e até mesmo uma cidade), ainda mais quando a proposta de melhoria para a cidade no caso é algo bacana de se ver. Mas, quando transformam isso em algo novelesco demais, chega a doer só de pensar, e "Amor em Sampa" funcionaria completamente como uma novela ou série de vários capítulos em horário nobre na Globo (afinal tem um elenco completo de diversas atrações da emissora), mas como filme apenas chega a incomodar as situações mostradas na telona. Não digo que é algo ruim, mas poderia ser algo completamente mais leve e agradável de ver, principalmente pelo musical interessante que foi colocado para os personagens, e que por mais incrível e estranho sem muitas rimas, funciona. Ou seja, não é um filme ruim, mas não funciona como cinema, a menos que você goste de novelas na telona.
O longa nos mostra que Cosmo é um taxista que ama rodar por São Paulo. Um dia, ao encontrar Mauro em um bar, recebe uma proposta inusitada: gravar depoimentos de passageiros em seu táxi, nos quais as pessoas falariam sobre o que gostam em São Paulo. A ideia faz parte de uma campanha publicitária idealizada por Mauro, que pretende levantar a auto-estima do paulistano em relação à cidade. Paralelamente, a aspirante a atriz Carol e sua amiga Mabel chegam atrasadas a um teste para uma peça teatral. Lá conhecem Matheus, um diretor mulherengo que logo se interessa por ambas. Há ainda a empresária Anis, que trava um duelo de poder com o ambicioso Lucas, e também o casal formado por Raduan e Ravid, que pretende em breve oficializar a união.
De certa forma podemos dizer que é um filme bem família, não tanto pelo conteúdo mostrado, já que nas entrelinhas há coisas que vemos muito nas novelas, mas que teria idade para ver, mas sim pela família Lombardi/Riccelli, afinal temos o roteiro de Bruna Lombardi que é casada com o diretor Carlos Alberto Riccelli, que são pais do outro diretor Kim Riccelli, e todos são os protagonistas da trama!!! Não digo que isso é ruim, pois a história que Bruna fez foi boa, e sua atuação está bem interessante (principalmente por mostrar que está inteirona com um corpão que muitas mulheres irão invejar totalmente), e a direção dos Riccelli também está correta dentro da perspectiva de uma novela musical, mas incomoda demais ficar tudo preso a isso. Enfim, a ideologia é muito boa, mas ficou histórias demais flutuando, interligadas por algo, mas que não conseguem fazer a comoção como um longa deveria fazer, portanto o trabalho da equipe foi bem feito, mas certamente para a mídia errada, quem sabe se trabalharem mais a ideia e transformarem numa serie mais longa com cada grupo mais desenvolvido, aí sim teremos algo interessante para ver e ficar feliz.
É fato ver o quanto o elenco todo se dispôs para a trama, pois cantar situações é muito mais difícil do que cantar uma canção, mas algumas canções embora tenham ficado bem encaixadas com a trama, aparentavam estar soltas demais, e isso de certa forma incomoda demais em um musical. Vamos começar pelo diretor e protagonista da primeira parte Carlos Alberto Riccelli, que para quem não o conhece tanto, nem sente o fator direção impregnado no seu modo de atuar, mas quem for ao cinema sabendo disso, verá que a todo momento seu taxista Cosmo se policia para estar bem no enquadramento, além de fazer as caras certas para a câmera de um modo um pouco forçado demais, e isso não é errado, pois um diretor pode pedir isso para o ator, mas infelizmente soou falso e não comum como aconteceria numa situação usual, que é o que o longa desejava. Rodrigo Lombardi foi do seu modo, um publicitário com uma proposta bem louca atrás de seu objetivo de tanto conseguir transformar Sampa num lugar mais verde, quanto de conseguir um amor para seu Mauro, e por mais duro que tenha ficado no seu momento de cantoria, ele foi bem tranquilo e agrada, mas poderiam ter cortado mais cenas dele atrás do amor no roteiro, pois algumas soaram falsas demais com a rapidez que tudo ocorreu, ou como disse, numa serie mais alongada poderiam trabalhar melhor isso. Eduardo Moscovis colocou seu Lucas com uma determinação tão forte e impactante, que de certa forma até torcíamos para que ele desse muito certo com a protagonista de alguma maneira, e essa persuasão é algo bem interessante de ver, mas ocorreu com ele o mesmo problema de Lombardi, mas de uma forma diferente, pois não é mostrado o que ele realmente é e quer com a empresa, e isso só em algo mais alongado daria para ser mostrado. Bruna Lombardi como disse acima está mais linda do que nunca, e chega a ser até um incômodo colocarem a empresária Anis, super-bem-sucedida como uma mulher mais linda ainda, não que isso seja ruim, mas é muita coisa favorável para uma única pessoa, e ela fez boas expressões e encaixou muito bem na personalidade que a personagem pedia, mas volto a ser repetitivo, pois merecia mais tempo com ela em cena. Embora caricato demais, o personagem de Tiago Abravanel, Raduan, ele combinou bem com o personagem de Marcelo Airoldi, formando um par até que interessante de ver, mas soou exagerado demais e um pouco jogado na trama para ambos, e isso não é legal de ver, mas o show musical que deram foi algo muito bom de ver. O triângulo Bianca Müller, Letícia Colin e Kim Riccelli embora seja algo comum de ver no mundo das artes, soou estranho demais pelo estilo do diretor de teatro aparentar não ser mulherengo e terem colocado isso para forçar o estranhamento, e claro que quando só estão as meninas com os "quase" as sacadas funcionavam bem melhor. E para fechar tenho de dar um certo destaque para a personagem de Miá Mello, pois São Paulo está lotado de Lara's e ela fez tão bem que chega a impressionar seu estilo de atuação, que havia ficado faltando no longa em que foi protagonista, mas aqui agradou e muito no que fez.
Sobre o visual cenográfico, estamos falando de São Paulo, que é quase um país inteiro em uma cidade, então são tantos lugares bons para filmar que poderiam ter escolhido até alguns melhores, mas no contexto geral mostraram bem a ala mais rica da cidade, digo isso, pois a periferia ficou bem isolada, sendo quase inexistente na trama (diria quase 99,9% inexistente). Porém trabalharam bem nos lugares em que foram, colocando diversos elementos cênicos pertinentes à cada cena, para que o filme tivesse um conteúdo maior, e volto a afirmar, que o filme merecia ser mais ampliado, e aí sim veríamos menos erros em tudo, como acabei apontando no texto inteiro. E claro que a equipe de fotografia trabalhou bem, reduzindo em diversos momentos o campo visual para dar efeitos de fundo, e isso é legal de ver, mas as cenas abertas foram tão bonitas de ver, que poderiam ter mantido mais o estilo e agradar mais.
Enfim, não posso dizer em momento algum que é algum ruim de ver no cinema, mas é um filme controverso, que como disse não chega a funcionar como cinema mesmo, mas talvez mais para frente vejamos ele como um espetáculo maior e com isso acabaremos ficando mais contentes com o que iremos ver, mas aqui o encaixe geral foi bem errado e não posso recomendar muito a trama, mesmo que alguns momentos tenha me agradado bastante. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã volto para conferir a última estreia da semana nos cinemas, então abraços e até breve.
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