Acho que nunca na história de um filme, um subtítulo fez tanto sentido como em "Batman Vs Superman - A Origem da Justiça", pois vamos fazer justiça com o nome e dizer que esse foi apenas o começo de algo que a DC tenta há anos consolidar que é a ligação de todos os seus personagens no cinema, e aqui finalmente isso funcionou com todo louvor, explicando cada detalhe do que virá pela frente nos próximos longas, mas claro que não ficaria só nisso, afinal temos de ter motivo para o título, e diferentemente do que costuma acontecer em longas que envolvem super-heróis, aqui o colorido é deixado completamente de lado, entrando numa esfera tão densa (pra não dizer tensa), que o nível dramático do roteiro certamente, se exibido na época certa das nomeações, seria lembrado nas indicações dos sindicatos à premiações. E se temos um filme bem roteirizado, um diretor que sabe trabalhar bem com grandes orçamentos, produtores que não gostam de perder 1 dólar, e bons atores, como algo poderia dar errado? Pra quem gosta de um excelente drama, a felicidade vai ser monstruosa, e a resposta vai ser não tem como dar errado, agora para quem for esperando só pancadaria, ação e muita dinâmica, a chance de decepção pode ser significativa. Mas como sou do primeiro time, posso dizer com todas as letras, que superou minhas expectativas, e agora é esperar que não estraguem o bom começo que fizeram desse "novo" universo que fomos apresentados, e vou falar mais sobre cada ponto (sem spoilers) mais para baixo.
O longa nos mostra que O confronto entre Superman e Zod em Metrópolis fez com que a população mundial se dividisse acerca da existência de extra-terrestres na Terra. Enquanto muitos consideram o Superman como um novo deus, há aqueles que consideram extremamente perigoso que haja um ser tão poderoso sem qualquer tipo de controle. Bruce Wayne é um dos que acreditam nesta segunda hipótese. Sob o manto de um Batman violento e obcecado, ele investiga o laboratório de Lex Luthor, que descobriu uma pedra verde que consegue eliminar e enfraquecer os filhos de Krypton.
Antes de mais nada, a trama é daquelas que possui tanta dramaticidade envolvida, com referências cruzadas à histórias de deuses, simbologias pesadas e contextuais para trabalhar e mostrar a personalidade de cada personagem, que David S. Goyer e Chris Terrio devem ter entregue para Zack Snyder um roteiro maior que muito livro épico conhecido por aí, e com uma habilidade ímpar, o diretor conseguiu manter a mesma essência densa do começo ao fim, trabalhando cada parte com um começo/meio/fim, sem que "muitas" pontas ficassem abertas para serem resolvidas depois (tá os novos personagens só aparecem em mini-vídeos, mas estão no momento certo, e usados para o contexto certo, afinal ainda não é o filme da Liga da Justiça), e esse bom timing que o diretor soube usar deu nuances para que os fãs (e até não fãs) vissem os prós e os contras de torcer para cada lado da história e, junto de câmeras mais proximais, criar vínculos com cada um, o que é algo pouco usual em longas de muita ação e que funcionam sempre bem em dramas (que é o gênero, aonde o filme se encaixa melhor). Agora se tenho de citar defeitos, fica aqui meu protesto contra o ponto de virada, pois foi a coisa mais fraca que já vi em anos (tudo bem que a cena é linda, mistura flashback, slow-motion, e diversos tipos de linguagem), mas nem se fossem "meio' amigos virariam amigos tão facilmente, ainda mais com toda a rixa que estava rolando, então arrumem isso nos próximos filmes, senão vai ficar feio. Porém tirando esse detalhe, o restante posso dizer com toda certeza que foi um dos maiores acertos que Zack Snyder já teve na carreira, pois consolidou a parte artística boa que fez em alguns filmes menores, com uma mega produção correta que certamente lhe vai render muito.
Sobre as atuações, vou começar dessa vez diferente, pelo vilão Lex Luthor, brilhantemente interpretado por Jesse Eisenberg, que se o povo está brigando por #TeamBatman ou #TeamSuperman, o meu é #TeamLex, pois o ator mostrou que não brinca em serviço, e papel dado, é papel cumprido, colocando todas as características necessárias para que o público o ame (pela ótima interpretação) e o odeie (por tudo o que faz), juntando delírios, loucura, expressões fortes em cada cena que seu personagem aparecesse, mas se tenho de destacar uma fica a dica para a que faz junto de Superman em cima do prédio, ali a vontade que temos é de aplaudir o ator e o personagem, mas ainda vamos aplaudir mais ele em outros longas, e isso é o que importa. Inicialmente, essa era para ser a continuação de Superman, mas como o primeiro filme já não foi bem das pernas e o ator também não seja algo que valesse mais um filme, resolveram já atacar algo diferente, e embora Henry Cavill mostre que manteve um corpo de Superman, ele falha demais em trejeitos e parece falso em tudo o que faz (tudo bem que pode ser uma alta implicância que tenho com o personagem de apenas um óculos diferenciar Clark Kent de Superman para todos ao redor de onde trabalha), e o ator mesmo trabalhando o impacto forte de ser um extraterrestre considerado deus por muitos, não expressa um ar superior nem se rebaixa para mostrar indiferença, ou seja, ele acha que é normal suas atitudes e tudo bem, e isso é errado de se fazer, pois o personagem acaba sendo maior do que o ator consegue atingir, e infelizmente agora não dá para mudar mais. Uma coisa certa sobre o filme é que muitos estavam curiosos para ver se Ben Affleck iria estragar mais um super-herói, principalmente após Christian Bale ter mostrado um dos melhores Batman de todos os tempos, mas o ator que é conhecido por se dar muito bem com personagens que exijam um conteúdo mais dramático, acabou acertando a mão e dando uma personalidade bem interessante para o estilo de vida de um Wayne mais velho e disposto a mostrar que vai lá e faz com muita luta e equipamentos, e trabalhando feições mais fortes e uma voz mais seca, acabou agradando bastante. Muito se falou sobre Gal Gadot não ter o porte físico que uma Mulher Maravilha precisava, mas a atriz mostrou que tem postura e classe para se passar como uma dama da sociedade quando não está de uniforme, e quando vai partir para a pancadaria mesmo, arrumaram um traje que acabou lhe dando curvas sensuais bem interessantes, claro sem decepcionar nas coreografias para que a ação não ficasse falsa, ou seja, teve uma boa introdução bem introspectiva (de maneira bem leve para ser semi-apresentada), que vamos ver melhor no ano que vem em seu filme solo. Agora outro grande acerto ficou a cargo de Jeremy Irons, caindo como uma luva na personalidade de um Alfred mais disposto a ser um grande amigo/conselheiro/técnico do que um simples mordomo da mansão, e o ator trabalhou bem os momentos mais cômicos da trama, sempre dando induções contraditórias à vida amorosa de Wayne, de modo que foram poucos, mas ótimos momentos. Embora Amy Adams e Diane Lane com suas Louis e Martha estejam bem encaixadas na trama, dessa vez ficaram tão em segundo plano que não posso nem falar se vi qualquer trejeito expressivo nelas, e isso é ruim, pois elas são bem usadas, mas se removerem todas as cenas delas, é capaz que o filme passe o entendimento completo apenas com a subjetividade de suas personagens, e assim sendo, é um erro delas de não chamarem atenção. Como disse acima, Ezra Miller, Jason Momoa e Ray Fisher, apenas dão o gostinho bem rápido de seus personagens Flash, Aquaman e Cyborg, então não esperem ver nada além de um "oi" na tela.
Quem certamente teve muito trabalho no longa foi a equipe de arte, pois se em filmes de heróis que possuem muita ação, já necessitam criar diversos elementos alegóricos para representar cada momento, imagina então em um mais calmo e dramático!!! E aqui, não nos decepcionaram em nada, colocando detalhes e mais detalhes nos acessórios, carro e nave do Batman, além claro de uma batcaverna bem estilosa e lotada de adereços que juntos formam tanto a personalidade do novo Batman, quanto mostra coisas a serem usadas em outros filmes (volto a dizer que teremos muitos outros filmes nos próximos anos que serão em linha cronológica, antes que os acontecimentos desse de hoje). Além disso tivemos ótimas cenas nos ambientes da LexCorp também repleta de elementos, e claro as dentro da nave de Zod, que mesmo destruída ainda dá para o gasto. Mas o visual mesmo denso é mostrado quando todos estão nas ruas mesmo, com um céu sempre chuvoso e fechado, dando a ambientação correta que o filme deseja, e claro mais espaço para que a equipe de efeitos especiais pudesse brincar e colocar tudo o que desejasse na tela, desde o monstrão Apocalipse, passando por diversos raios e explosões, e claro os voos do Superman (que ainda me incomoda o barulho de decolagem). E usando e abusando de tons escuros, a fotografia teve o cuidado de não forçar demais o preto e esmaecer demais as cenas de forma que detalhes não fossem vistos, e isso é um ótimo ponto positivo para a equipe, pois costumam colocar detalhes em locais tão escuros que só por milagre se vê tudo, e aqui, está tudo ao nossos olhos, mesmo que de forma mais sombria e densa, que tanto desejavam fazer. Sobre os efeitos visuais, posso dizer que foram em quantidades leves, mas muito bem feitos, porém deixaram bastante a desejar com o 3D, colocando uma ou outra cena em perspectiva, mas que facilmente seria vista sem óculos, e fica notável as cenas que foram filmadas com câmeras Imax, mesmo que não se assista numa sala com a tecnologia, pois o efeito visual é o único que funciona a tridimensionalidade, ou seja, repito o que digo em diversos filmes, se quiser economizar pode ver tranquilamente nas salas comuns (apenas procure uma com um som bem potente, afinal o longa pede isso).
Como falei que o som deve ser visto em salas potentes, tenho de falar mesmo que um pouco sobre a parte sonora da trama, pois o longa está cheio de explosões, assovios, trombadas e tiros, e essa sonoridade toda faz parte do contexto do filme, e claro que junto da trilha sonora mista de dois gênios das composições: Hans Zimmer e Junkie XL, é quase possível viajar pelo longa somente vendo o longa sem falas, ouvindo apenas a sonoridade.
Enfim, é um ótimo filme que possui certos defeitos, os quais pontuei acima, mas ainda assim supera qualquer expectativa que tivesse sido criada, e sendo assim vale o ingresso. Claro que vamos ter aqueles que estavam desesperados demais e são extremamente fãs, que ficarão decepcionados com algumas coisas, além claro dos Marvel-fãs que terão de falar somente coisas ruins para enaltecer o outro lado da briga, mas se você não faz parte desses dois times, e colocando um adendo, gosta de bons dramas pesados, pode ir conferir tranquilamente o longa que a certeza de gostar é alta. Detalhe que vale a pena ser dito, por não ser um filme da Marvel, não possui cenas pós-créditos, então pode ir embora da sala tranquilamente quando começar a subir as letrinhas sem culpa alguma. E um segundo detalhe, que acaba sendo uma opinião pessoal apenas, colocaria mais 2 segundos na cena final, pois quem não reparar direito não verá o que acontece. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com a outra estreia dessa semana, então abraços e até logo.
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