Sempre que vou conferir um documentário, fico com um pé atrás de as entrevistas acabarem ficando monótonas e repetitivas enaltecendo ou pontuando algum defeito da pessoa biografada, mas como "Eu Sou Ingrid Bergman" é quase uma autobiografia, já que usa a maior parte de cartas escritas pela atriz e vídeos feitos por ela e seus familiares, a trama acaba ficando tão gostosa de assistir, e flui de uma forma tão incrível, que ao final quase ficamos tão íntimos ao ponto de dizer que conhecíamos tudo o que a atriz gostava de fazer tanto nas telas e palcos, quanto com a família. E assim sendo, mesmo que você fale que nunca viu um filme sequer dela (o que acho bem difícil, já que fez 53 longas e ganhou 3 Oscars e 4 Globos de Ouro, entre outros prêmios), a trama vai lhe proporcionar ótimos momentos para conhecer um pouco mais da vida e do trabalho dela, que ao final com certeza você dará um ótimo suspiro e sairá feliz com tudo o que foi mostrado.
Usando os diários íntimos de Ingrid Bergman, além das cartas enviadas às suas amigas, o documentário traça todo o percurso pessoal e profissional da atriz, incluindo seus diversos casamentos, a relação controversa com os filhos, o escândalo de adultério, as mudanças para os Estados Unidos, França e Inglaterra os principais filmes e prêmios recebidos na carreira.
A grande sacada do diretor e roteirista Stig Björkman foi usar todo o vasto material que tinha em mãos para saber como colher as entrevistas e montar um filme que funcionasse tanto como um documentário bem trabalhado, como quase um vídeo de família, aonde a pessoa se apresenta e mostra para os demais seus trabalhos, viagens e momentos felizes junto com a família. E por mais incrível que possa parecer, e claro que foi um grande feito, a atriz filmava demais sua vida pessoal, tendo diversos registros interessantes para serem mostrados, de modo que se alguém quiser qualquer dia fazer um filme ficcional sobre a atriz, basta pegar esse documentário e em questão de minutos terá um roteiro completo para trabalhar, afinal como foi uma grande estrela do cinema, além de seus registros, sempre havia algum paparazzi atrás e juntando tudo, o resultado que nos foi entregue ficou incrível de ver, com muita vivência sendo contada por todos os entrevistados, sendo a maior parte os filhos da atriz(Roberto Rossellini, Isolta Rossellini, Isabella Rossellini, Pia Lindström), e com uma narração em primeira pessoa maravilhosamente feita por Alicia Vikander.
Não costumo me alongar muito nos textos sobre documentários, mas devo frisar a ótima trilha sonora que acompanhou toda a trama, dando leves pontuadas para enfatizar cada momento, que junto de imagens que praticamente diziam tudo o que acontecia ali, mas claro, que auxiliado por algumas vezes pela boa narração das cartas e do diário da atriz, o filme tem quase vida própria, de modo que acho difícil hoje que alguém tenha tanto material guardado assim para que alguém possa um dia contar sua vida sem precisar ficar criando com base no que os outros irão falar.
Ou seja, geralmente a maioria dos longas documentais são criados pelos depoimentos, e o diretor acaba formando sua própria opinião sobre a pessoa documentada, mas aqui, Ingrid deixou pronto para que fosse mostrado quem ela mesma achava que era, deixando apenas brechas para que os demais complementassem. E sendo assim, recomendo demais o filme para todos, pois foi agradabilíssimo assistir, e se tenho de reclamar de algo, seria apenas a falta de inserções negativas de sua personalidade, por exemplo outros artistas vivos de sua época que tivessem gravado alguma entrevista reclamando de algo seu, pois como costumo dizer, um documentário biográfico precisa de uma certa imparcialidade para não ficar apenas como uma homenagem póstuma para a pessoa. Mas tirando esse detalhe, que é mais uma reclamação pessoal, o longa é maravilhoso e gostoso demais de assistir.
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