Sei que não dá para falar muito de filmes que conseguem segurar a tensão pela história contada sem soltar algum spoiler, então vou tentar falar bem pouco desse novo episódio chamado "Rua Cloverfield, 10", que para variar foi filmado quase que completamente em sigilo e dessa vez quem for conferir verá que foi bem fácil guardar sigilo do longa, já que 95% do filme se passa em um bunker de 4-5 cômodos minúsculo, com apenas 3 pessoas e praticamente sem efeito especial nenhum, ou seja, muito mais fácil do que as cenas de pessoas correndo com uma câmera no meio de uma cidade. Não posso afirmar que é um filme genial, afinal para muitos acabará sendo cansativo demais, mas a tensão causada pelo longa é tão forte que certamente você verá suas mãos suadas e com toda certeza o texto do pôster vai fazer muito sentido para tudo o que verá, além claro de "explicar" de modo bem leve no final, o que foi o bichão do primeiro filme, que ficou bem no ar e foi a grande sacada da primeira trama ao não explicar nada, já que a sensação de não saber nada foi o que segurou o público, e aqui as poucas informações conseguem criar a tensão.
O longa nos mostra que uma jovem sofre um grave acidente de carro e acorda no porão de um desconhecido. O homem diz ter salvado sua vida de um ataque químico que deixou o mundo inabitável, motivo pelo qual eles devem permanecer protegidos no local. Desconfiada da história, ela tenta descobrir um modo de se libertar — sob o risco de descobrir uma verdade muito mais perigosa do que seguir trancafiada no bunker.
Posso confessar que em 2008 não senti a mínima vontade de ver "Cloverfield - Monstro", pois não me afeiçoava o estilo "registros de câmera na mão que são achados depois", e acabei largando sem ver o filme, afinal na época ainda não tinha essa proposta que tenho hoje de ver tudo que é lançado nos cinemas, mas.... como agora possuo essa premissa, peguei ontem quarta-feira sabendo que seria lançado esse novo filme, e fui conferir a história, afinal não ia chegar nos cinemas sem saber nada, e tirando o bicho estranho, e os efeitos mal-feitos, acabei gostando bastante do que vi, e claro, me empolguei para conferir a estreia que seria um dos últimos da semana para ser conferido. Dito isso, o que posso deixar bem claro para todos, é que mesmo quem não viu o primeiro filme, vai assistir esse segundo e gostará muito do que verá, pois embora tenha a ligação nos últimos 10 minutos com o que rolou no outro filme, e que provavelmente rolará num próximo, o restante é algo completamente diferente que causa bem mais tensão do que um monstro verde estranho, afinal existem outros tipos de monstros soltos por aí. O trabalho do diretor estreante em longas Dan Trachtenberg mostra que aprendeu muito anteriormente para assumir o cargo de responsabilidade entregue pelas mãos do produtor J.J. Abrams, pois como todos bem sabem JJ não gosta de perder dinheiro, e aqui seu "pouco" investido certamente era desejado um retorno imenso (15 milhões foram gastos e em um mês de exibição nos EUA já arrecadou-se 70 milhões), e com ótimos ângulos de câmera (graças aos deuses do cinema, o estilo de câmera desesperada correndo foi abortado aqui) e um trabalho clássico de boa dosagem entre interpretação dos atores com ótima conectividade da história, vão fazer até os que reclamaram do primeiro filme, gostar do que verão aqui e talvez até reverem o primeiro com outros olhos, ou seja, algo muito bem feito e que agrada na medida pelo bom trabalho do roteiro escrito com a direção precisa.
Um dos defeitos do primeiro filme é a falta de conexão entre público com o elenco pouco carismático, pois o jovem é insistente em querer ir atrás de sua amada, mesmo que pra isso precise atravessar todo o caos que está acontecendo e os amigos ainda seguem ele nessa jornada, além disso são muitos atores e que apareciam sempre no meio da câmera desajeitada. Aqui esse problema foi corrigido com maestria total, pois ficamos apenas com três atores e que deram o seu máximo para todas as cenas. Que John Goodman é daqueles atores que conseguem agradar em cheio quando lhe entregam um bom papel todos sabíamos bem, mas que conseguiria trabalhar ótimas expressões e ser um daqueles personagens que o público passa a odiar durante toda a projeção com seu Howard, certamente isso nunca seria esperado, e a cada nova descoberta que conseguimos junto com a protagonista sobre ele, ficamos na cruel dúvida de se ele é do bem ou do mal, e o que faríamos no lugar dela, e isso vai corroendo nossa mente com uma força, que poucos atores trabalhariam tão bem. Mary Elizabeth Wolsen vem assumindo um papel melhor e mais carismático que o outro, e será questão de tempo até que pegue um papel bem expressivo para explodir, e aqui sua Michelle demonstrou tanto medo, quanto coragem no semblante de maneira que logo em sua terceira ou quarta cena já nos pegamos torcendo para que consiga seus objetivos, e isso não é algo fácil de conseguir nem com um carisma de personagem de animação, quanto mais de um personagem que acabamos de conhecer há 15 minutos, e com toda certeza isso se deve aos bons trejeitos da atriz. John Gallagher Jr. funciona até que bem como elemento neutro da história com seu Emmett, e de certo modo funciona como uma válvula de dúvida para o público em diversos momentos, mas o ator não fez muito por merecer seus momentos de destaque em algumas cenas. Basicamente o elenco é esse, mas também tivemos uma pequena participação especial ao telefone na cena inicial, pois a voz de Ben é de Bradley Cooper, e após saber disso muitas moças vão ficar indignadas da moça estar abandonando o ator tão cobiçado por outras atrizes.
Agora o ponto chave da trama foi o ótimo design de produção, pois construíram um set incrível para representar o bunker na fazenda do protagonista, com direito a junkie box, prateleiras abarrotadas de alimentos, uma sala de jantar até que bem aconchegante, filmes clássicos em DVD e VHS, um quartinho bem característico de sequestros em filmes e claro diversos outros elementos cênicos bem exóticos de se manter dentro de um cubículo, ou seja, a equipe trabalhou bem nos detalhes e claro que ao sair de lá o filme retorna à sua base mostrando efeitos especiais até que bem melhores do que no filme original, agora basta saber se vão mesmo continuar pelo que é mostrado, ou se vão colocar mais algum outro lugar que tenha ocorrido também os ataques, pois quem não se ligar, o filme se passa exatamente no momento seguinte ao do primeiro filme, porém em outra cidade, e quem sabe vão mostrar mais algumas cidades também antes de um grande fechamento. O destaque da fotografia intimista foi bem claro aqui, pois ao invés de termos uma câmera desesperada, o diretor de fotografia optou em trabalhar mais os ângulos com algumas leves iluminações contrárias dos pequenos abajures, o que deu um charme meio retrô para a trama, mas nas cenas fechadas dentro das tubulações a densidade de iluminação também chama muita atenção pela pequena lanterna.
Enfim, é um filme bem interessante que vai surpreender muita gente, mas que deixa no ar um gostinho de que já poderiam ter avançado mais algumas passagens, e não deixar para que um terceiro filme feche a conexão completa. Veremos se J.J. vai anunciar logo uma continuação ou se vai deixar acontecer que nem esse feito completamente às escuras (com até mesmo os atores sem saber que faziam parte de uma continuação) para que somente daqui 7 anos apareça revelando alguma novidade. Ou seja, recomendo o filme, mas veja ele sem pensar exatamente na continuação, pois a chance de ser melhor é maior ainda. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até breve.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...