Olha, se você for algum diretor e roteirista e quer agradar o Coelho, faça filmes sobre esportistas, pois vai ser difícil (só se destruírem tudo mesmo) não gostar do que irei ver na tela, se arrepiar com os momentos finais (mesmo sendo sempre clichês ao extremo), e vibrar/emocionar com o acerto (ou até mesmo o erro) que o protagonista conseguir fazer na tela. E "Voando Alto" além de conseguir trabalhar bem o âmbito motivacional que todo filme do gênero deve fazer, baseou-se a história real de um atleta disposto à competir uma Olimpíada num dos esportes mais malucos que é o salto de esqui, pois vamos falar sério, só malucos realmente saltam de uma plataforma de 90m de altura à mais de 110km/h voando no ar por vários segundos até ter seu belo pouso na neve! E trabalhando bem a personalidade persistente do protagonista, e mostrando ângulos bem interessantes de ver (usando o recurso que usam realmente nas Olimpíadas hoje), o filme cria tensão, tem boa dose de comicidade e agrada bastante. Claro que muitos vão reclamar do excesso de clichês, mas isso só vai incomodar mesmo quem não for fã de longas esportivos, pois o restante vai vibrar na maioria das cenas.
O longa nos mostra que com o sonho de participar dos Jogos Olímpicos, Eddie Edwards contava com poucas chances e muitos problemas: não tinha ninguém que o financiasse e, principalmente, enfrentava um problema na visão que o obrigava a usar óculos de grau por baixo dos óculos de proteção. Além disto, passou boa parte da infância tendo que lidar com problemas no joelho. Ainda assim, a paixão pelas Olimpíadas fez com que ele tentasse todo tipo de esporte. Eddie não queria ganhar uma medalha, mas simplesmente participar do evento. Até que, após ser dispensado da equipe de esqui, percebeu que teria uma chance na categoria de salto sobre esqui, já que a Grã-Bretanha não possuía uma equipe no esporte há décadas. Para conseguir a tão sonhada vaga nos Jogos Olímpicos de 1988, ele conta com a ajuda de Bronson Peary, um ex-esportista que enfrentou problemas de disciplina em sua época de atleta.
O ator inglês Dexter Fletcher não é muito conhecido, afinal geralmente faz papéis secundários em diversas produções, e até possui outros dois longas como diretor, mas agora com um filme mais dinâmico e com foco claro no que desejava passar (que é toda a questão motivacional de nunca desistir, e persistir para alcançar seus sonhos/metas), ele provavelmente passe a ser mais notado, pois soube trabalhar bem com sua câmera, colocando ângulos pouco usuais e que deram uma perspectiva maior para o roteiro dos estreantes Sean Macaulay e Simon Kelton, pois a história em si, embora seja bem focada e desenvolvida, possui poucos momentos marcantes na trajetória, porém ao ser dinamizada pelas ótima cenas de ação que o diretor optou por trabalhar (muito usada agora com os novos recursos de câmeras potentes leves e que os esportistas andam usando para gravar melhor as expressões de seus saltos), o filme simplesmente decolou e arrepiou a cada nova descida do protagonista pela rampa. Claro que poderia reclamar demais da falta de elos mais fortes na trama, para que tivessem reviravoltas, pontas para refletirmos e tudo mais, mas aqui o diretor e a equipe de roteiristas foram coesos no único fato que importava: a alta vontade de Eddie competir em uma Olimpíada, não precisando ganhar nem nada, mas querendo estar lá fosse até para uma partida de par ou ímpar, e isso foi completamente bem passado e agrada demais.
Wolv... ops, digo Hugh Jackman está desesperado para tirar o mutante de suas interpretações, e tendo mais um longa para cumprir de seu contrato, vai tentar mixar diversas produções completamente diferentes em seu currículo para que o público pare de chamá-lo pelo nome do mutante, e aqui seu Peary, embora ainda mantenha todo o estilo canastrão que estamos acostumado a ver ele interpretar, conseguiu mostrar uma tentativa simpática de fluidez e garra para o seu personagem, claro ainda foi algo muito próximo e ele fez bem, mas queremos ver logo uma performance que realmente pudéssemos chamar de diferenciada, afinal ele é um bom ator, e certamente sabe fazer outro tipo de personagem. Taron Egerton é daqueles atores bem interessantes que sempre temos de estar atentos à tudo que venha fazer, pois consegue unir personalidade nos trejeitos e criatividade para não cair sempre no usual, e seu Eddie é único, com expressividade determinante e vontade própria para agradar mesmo que para isso caia quantas vezes forem preciso, além de que aceitou se "enfeiar" para ficar idêntico ao verdadeiro Eddie na época da Olimpíada, de modo que ao mostrar as fotos no final da época que o jovem competiu, fica difícil saber se não foram fotos produzidas ou se são reais mesmo devida a alta semelhança, e sendo assim ele já detonou em "Kingsman" no ano passado, começou bem esse ano, e vamos aguardar o que vem nos seus próximos trabalhos que não são poucos. A dupla formada por Jo Hartley e Keith Allen funcionou bem como os pais de Eddie, Janette e Terry, sempre mostrando doçura e robustez se contrapondo para que o jovem ficasse preso e ao mesmo tempo focado com o que desejava, ambos usaram bem de expressões tradicionais e agradaram. Iris Berben também soube ser charmosa nas poucas cenas de sua Petra, e certamente foi uma mulher marcante na vida do jovem, para que fosse inserido tantas cenas suas no filme, pois o foco da trama certamente não era de sua vida como empregado do bar, mas a atriz agradou e fez a personagem ter um simbolismo bem interessante. Embora cada um tenha apenas duas cenas marcantes, Edvin Endre e Christopher Walken conseguiram marcar elas de forma bem crucial com seus Finlandês Voador e Warren Sharp, e sendo assim valem o destaque juntamente com Jim Broadbend sendo tão impactante como um narrador esportivo que tantas vezes vimos em programas esportivos, ou seja, um elenco determinado a agradar, mesmo que em poucas cenas.
Sobre o visual, tenho que certamente dar os parabéns para a equipe técnica para reconstruir as cenas de um campeonato de 1988, aonde tínhamos figurinos de inverno bem determinados com diversas cores chamativas, pistas olímpicas bem enfeitadas igualmente realmente acontecem, e ao escolher bem a locação de treinamento em um lugar marcante a equipe acertou pelo ótimo visual, ou seja, tudo tinha pequenos detalhes para chamar atenção e agradar, mas há também alguns furos, já que na época muitos elementos não eram daquela forma, mas que são tão leves que nem chegam a atrapalhar. Ou seja, um trabalho minucioso para que quando fosse unido à imagens reais da época nas gravações não ficasse algo feio e desconexo de ver. Além claro do bom uso da fotografia para que o branco da neve não estourasse a imagem e cansasse nossa vista, já que 80% do filme é ao ar livre.
Outro grandioso acerto fica por conta da trilha sonora, com grandes clássicos da época, mas sem dúvida alguma o ponto alto ficou pela ligação de "Jump" do Van Halen para uma das cenas mais fortes da trama, e claro que como sou um bom Coelho, deixo aqui o link para ouvir todas.
Enfim, esperava que fosse um bom filme pelo trailer (apesar de ter visto ele apenas uma vez, já que a campanha de marketing do longa foi bem fraca), e saí bem feliz com o resultado do que vi. Como é um esporte que pouca gente costuma assistir, dificilmente alguém irá ao cinema sabendo o que verá na tela, o que difere bem de outras biografias, e sendo assim, o acerto é ainda maior. Ou seja, recomendo com muita certeza o filme para todos, e principalmente para amantes de esportes e longas motivacionais de persistência. Claro que vai ter os chatos que vão reclamar de tudo, e também aquela galera que conversa com o filme na sessão, mas releve e tenha uma boa diversão no cinema mais próximo de você. Fico por aqui agora, mas volto em breve com mais uma estreia da semana. Então abraços e até mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...