Nunca fiz uma avaliação da idade média dos meus leitores, mas acredito que a maioria assistiu ao menos um episódio dos desenho das Tartarugas Ninja que passavam nos anos 90 na Globo e depois nos anos 2000 na Record, e se a maioria não empolgou com o pouco mostrado no filme de 2014, agora com "As Tartarugas Ninja - Fora das Sombras" certamente irão curtir cada momento de aparição de novos personagens que vão diretamente bagunçar a memória afetiva da infância para lembrar como era bom conferir aquele desenho, pois agora vocês verão Bebop, Rocksteady, Krang, Tecnódromo, entre muitas outras coisas empolgantes que tinham no desenho e não nos foram mostradas na versão cinematográfica original. Mas só colocar esses diversos elementos significa que o novo filme funciona? Diria que diverte na medida, mas abusa da nossa boa-vontade em explicações óbvias provenientes dos personagens, mesmo na primeira aparição de cada coisa, ou nosso querido Donatello possui algum tipo de vidência ou cortaram coisas demais, pois ele já pega e fala o nome de cada coisa e o que o vilão deseja fazer com minúcias, ou seja, poderiam ter amenizado isso, mas nada que atrapalhe demais a diversão que o longa propõe.
O longa nos mostra que auxiliado pelo Dr. Baxter Stockman, o Clã do Pé planeja libertar o vilão Destruidor exatamente quando ele é transferido para a prisão. Após o plano de resgate ser descoberto por April O'Neal, as tartarugas ninja entram em ação para impedi-lo - só que fracassam graças à iniciativa de Krang, um ser alienígena que planeja invadir a Terra. Para enfrentá-los, as tartarugas contam com a ajuda de um novo combatente: Casey Jones, um policial que estava no camburão que conduzia o Destruidor quando conseguiu escapar.
Mesmo mantendo o produtor Michael Bay, e os roteiristas Josh Appelbaum e André Nemec, é notável a diferença entre a direção de Dave Green e Jonathan Liebesman, que fez o primeiro filme, pois se Liebesman trabalhou mais a história, criou uma tensão e usou os recursos digitais para divertir, aqui Green já descartou qualquer tentativa de criar uma história coesa (que talvez até os roteiristas tenham criado), e usou todo o dinheiro que Bay pudesse lhe dar para colocar efeito em tudo o que pudesse aparecer na tela, de modo que se o filme teve uns 5 minutos no total de cenas estáticas com alguma prerrogativa foi muito. Não digo que isso é ruim, pois quando vamos assistir a um longa de ação, o que desejamos ver é muita ação, mas como disse no parágrafo inicial, chega a ser apelativo em diversos momentos a falta de explicação para a continuidade da história, e parece bobagem, mas ninguém descobre os planos de um vilão que sequer conhece, e sabe o nome de sua nave do nada, e esse é apenas um dos vários furos de roteiro que a trama nos apresenta. Claro que isso é uma chatice que poucos vão ficar prestando atenção, afinal a ação predomina no estilo de direção de Green, mas poderiam ter trabalhado um pouco mais na história, que junto dos personagens que tanto desejávamos ver na telona resultaria em um filme épico.
Tudo bem que o Demolidor nesse filme não foi tão expressivo e importante como no primeiro longa, mas trocar ator é algo que não funciona muito bem, e se nós brasileiros somos preconceituosos de falar que japonês é tudo igual, aqui o cinema nos dá uma forcinha deixando a troca evidente, pois sai Tohoru Masamune e entra Brian Tee, que até mostrou um bom serviço, fazendo trejeitos fortes nas suas principais cenas e foi condizente com a maldade do personagem na maioria das cenas. Sobre os atores que interpretaram as tartarugas não posso falar muito de expressividade, afinal a computação dominou, mas como usaram muito da captura de movimento, o que posso dizer é que estão chegando num nível de perfeição exemplar para mostrar o envolvimento de cada personagem para com o modo de ser de cada tartaruga, mas vale destacar sempre as boas sacadas interpretativas de Noel Fisher para com seu Michelangelo e a desenvoltura tecnológica colocada para Jeremy Howard brincar ao máximo com seu Donatello, claro que o ator sem dúvida alguma sofreu para imaginar tudo o que acontecia em cena, pois 90% do que mexia não existia realmente, ou seja, temos de tirar muito o chapéu para esses atores que apenas imaginam o que os diretores lhe falam e depois se vê na tela fazendo algo tão bem trabalhado e bacana de conferir. Graças aos deuses do cinema, Will Arnett ficou bem em segundo plano dessa vez com seu Vernon, e voltou como um paspalho total nas cenas em que aparece. Mas para suprir a substituição, dessa vez colocaram alguém mais dinâmico e cheio de técnica de combate para agradar, e entra em cena Stephen Amell com seu Casey Jones que de certo modo agrada no estilo e trabalhou com bastante desenvoltura para brigar com os vilões, o que agrada bastante. Gary Anthony Williams e Stephen Pharrelly deram muita personalidade e diversão para os seus Bebop e Rocksteady, funcionando bem tanto na cena com suas caras, quanto na computação gráfica nos momentos seguintes. E claro para finalizar temos de falar de Megan Fox, que certamente muita gente odeia por ser pouco expressiva em muitos filmes, mas April O'Neal é sua personificação definitivamente, e se no primeiro filme ela já tinha acertado nos trejeitos, aqui fez tudo com tranquilidade e agradou sendo sexy do seu jeito, então fique com as tartarugas e evite brincar com robôs.
Com muito mais computação gráfica que o primeiro filme, aqui é notável a quantidade de cenas irreais e as que foram realmente filmadas com os personagens nos locais, não que isso seja algo prioritário, mas não fizeram questão alguma de amenizar os elementos falsos. Claro que a computação é algo completamente necessário para se criar tartarugas mutantes, uma nave imensa que se monta como um quebra-cabeça, um rinoceronte e um javali imensos correndo pelo cenário, carros voando, um caminhão arremessando tampas de bueiro, navegação em pedaços numa correnteza brasileira, saltos em aviões e por aí vai, mas o trabalho da equipe de computação gráfica não saiu tão impactante como deveria e os defeitos na mistura com os cenários reais apenas filmados (Brasil inclusive, que a equipe apenas veio fazer tomadas, mas sem nenhum ator) ficaram desconexos em diversos momentos. Agora se existe algo que a computação pode ajudar e muito é na texturização do 3D convertido, pois muitas cenas acabaram tendo objetos voando pra todo lado e isso a maioria que paga mais caro gosta de ver, porém no conceito de profundidade de campo, pouquíssimas cenas funcionaram como deveriam. Sobre a fotografia, por ser um longa "nas sombras", a equipe usou bons filtros para dar um tom mais escuro e sombrio em diversos momentos, com destaque claro para o esconderijo das tartarugas, mas poderiam ter trabalhado mais nuances que agradaria também.
Enfim, é um filme que diverte pela boa ação proposta, mas que possui defeitos demais para relevar com um ar mais crítico. Portanto se você quer curtir melhor a trama, compre um grande combo de pipoca e evite reparar nos pequenos erros que existem em todas as cenas, pois aí a chance de diversão certamente será bem maior, e claro que mesmo reclamando tanto, ainda recomendo muito o filme por fazer com que eu voltasse à minha infância com a grande inserção de diversos personagens que marcaram época. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...