Chega a ser interessante pensar na ideia de jogar a toalha quando não se tem mais propósito de vida, e com isso pedir uma eutanásia assistida, e acredito que deva ser a última moda na Europa, pois já é o segundo filme que vejo sobre o assunto em menos de uma semana. O problema é que no filme "La Vanité", a opinião já está formada sobre o a assunto, é o que vemos é algo mais duro e de certo modo até que bem feito, pois apenas tentam fazer a mudança de opinião de maneira mais sem sentido e com uma ideologia mais crua do que afetiva, é o filme quase sem ritmo acaba não empolgando para nenhum dos lados. O que acaba sendo quase uma peça dialogada simples e sem muita empolgação para que tivéssemos qualquer torcida. Ou seja, um filme chato e cansativo que não nos motiva a apoiar nenhum dos dois lados, e o fechamento apenas é encerrado sem nenhuma proposta adequada, com uma dinâmica tradicional e comum demais.
O longa nos mostra que David Miller decide dar fim a sua vida. Para isso, esse velho arquiteto doente, recorre a uma associação de suicídio assistido. Mas Espe, a atendente da clínica, não parece estar muito a par do procedimento, enquanto David Miller tenta de todo jeito convencer Tréplev, prostituto russo do quarto ao lado, a ser testemunha do seu último suspiro, como a lei exige na Suíça. Durante uma noite, os três vão descobrir que a afeição pelos outros e talvez o amor sejam os únicos sentimentos que realmente persistem.
É interessante ver que Lionel Baier até trabalhou bem sua esquete, que é baseada em fatos reais, mas não tentou ousar, nem propor algo que o público se questionasse, ficando uma trama bem morna e até usando de uma piada bem ruim para o tema, "sem vida", e isso seja no teatro ou no cinema acaba mais cansando do que funcionando. Claro que alguns podem até filosofar sobre a ideia, mas dificilmente encontrará alguma proposição para o real contexto do filme. Ou seja, mesmo trabalhando em uma cenografia só quase que todo o tempo, afinal só sai disso quando vai mostrar o passado do protagonista em preto e branco e numa cena meio maluca no meio do caminho, o diretor até que quis brincar com a fobia cênica completa da trama, mas poderia ter segurado mais com câmeras proximais que deixassem as expressões dos artistas quase como um filme em primeiro plano.
No quesito da atuação, podemos dizer que Patrick Lapp nos mostrou um David Miller interessante, pois trabalhou bem ao fazer seu estilo de pessoa terminal, sendo claro quanto aos motivos de seu desejo de dar fim a tudo, mas chegou a ser forçado a dramatização que fez da doença, ficando em alguns momentos falso demais, porém no contexto geral agrada. Carmen Maura tentou fazer de sua Esperanza o alivio emocional da trama, dando um frescor para o tema e até trabalhando expressões sofridas para que David desistisse da ideia, mas não dá expectativa com a calma que age, nem é imponente no seu momento mais forte que é a dramatização de sua carta, ou seja, faltou o impacto final para agradar realmente. Ivan Georgiev fez bem o seu papel de Treplev, emocionando nos momentos certos, trabalhou com dinâmica nos pontos chaves e foi bem singelo quando foi preciso, porém não sei até que ponto a ideia da prostituição era necessária para a trama, mas como o longa é baseado em algo real, vai ver foi assim realmente e optaram por não mudar.
A proposta cênica não chega a ser chamativa, pois embora os quadros do motel possam até trabalhar como figuras metafóricas, inclusive vindo o título do longa proveniente de um deles, a trama poderia se desenrolar em qualquer lugar que o impacto seria o mesmo, mas de modo geral foram corretos com a cenografia e simbolicamente tudo ficou agradável de se ver, sem termos nenhum deslize que desconectasse a proposta do longa e sendo assim, a equipe de arte entregou um bom resultado sólido e efetivo. A fotografia não ousou muito, com câmeras mais estáticas e um tom fúnebre do começo ao fim, típico de filmes do gênero, e assim sem ousar em nada, quase dormimos com o que é mostrado.
Enfim, um filme chato, de um tema que precisam realmente desenvolver algo mais caprichado, pois um romance que não foca muito no que é essa coisa maluca que alguns defendem, outros são extremamente contra que é a eutanásia, e outro que fica rodando quase sem sair do lugar sobre quase nada, ainda demonstra o medo que os diretores tem de abordar de uma forma clara e precisa sobre o assunto, mas quem sabe em breve vejamos algo realmente bom e bem trabalhado (antes que venham me recomendar um monte de documentários, prefiro algo mais sutil e ficcional do que a realidade crua mesmo, pois não acho bonito alguém querer se matar). Ou seja, não recomendo o filme para ninguém. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas conferi mais um longa nessa noite, então volto em breve com mais um texto do Festival Varilux de Cinema Francês, então abraços e até daqui a pouco.
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