A busca incessante por respostas é algo que o filme tenta priorizar, e diferentemente do que o estilo suspense policial, se é que posso classificar "Os Cowboys" nesse estilo, a trama acaba sendo mais reflexiva e altruísta do que algo forte e pontuado como deveria ocorrer. Muitos acabarão saindo da sessão com ódio do islamismo, outros vão acabar refletindo mais querendo saber motivos da escolha da garota, mas o fato é que o filme não busca isso, mas sim a tentativa de uma família ao menos ver que a pessoa está bem, sem nem se preocupar mesmo com as respostas e se vão conseguir, mas claro que para isso muitos percalços irão aparecer pelo caminho deles, e aí entra a mágica da direção para conduzir uma história diferenciada.
O longa nos mostra uma extensa planície, um encontro country western em algum lugar do leste da França. Alain é um dos pilares dessa comunidade. Ele dança com Kelly, sua filha de 16 anos, sob o olhar terno da esposa e do caçula Kid. Mas nesse dia, Kelly desaparece e a vida da família desmorona. Alain não vai desistir de procurá-la, perdendo o amor da família e tudo que possuía. Ele é lançado na violência do mundo. Um universo em plena mudança onde seu único apoio será seu filho Kid, que sacrifica sua juventude e embarca com o pai nessa busca sem fim.
É interessante observar o estilo mais cru de direção que Thomas Bidegain procurou fazer, ao mesmo tempo que criava o suspense da trama. E ao trabalhar com sua ideologia sobre o mundo árabe, ele acabou colocando os espectadores também nesse entremeio, transformando a trama em algo mais visceral e reflexivo, fazendo com que alguns até discutissem o longa durante sua exibição, o que costuma gerar controvérsias cena após cena. E ao fazer isso com um roteiro sólido, mas bem incisivo na proposta, o que é meio incomum de se ver nesse estilo, ele de certa maneira acaba trabalhando a ideia toda na tela ao mesmo tempo que vai chocando e incomodando, mas também comovendo e agradando. Ou seja, um filme múltiplo, que de cara podemos achar até bem estranho com a proposta, mas que vai sendo invertido cada vez mais dentro do molde que o diretor optou por nos mostrar.
É interessante observar que o estilo dos atores nem é tão expressivo, e que mesmo dominando as cenas, fizeram trejeitos bem básicos e sem muito dinamismo, mas isso não atrapalhou em nada o desenvolvimento da história e o resultado acaba agradando. François Damiens até trabalhou bem seu Alain, mas forçou expressões duras demais para agradar e mostrar o seu desespero de tal forma que acaba não chegando a lugar nenhum e soando previsível demais na sua cena final. Em compensação, Finnegan Oldfield trabalhou tanto o olhar que na segunda parte da produção não conseguimos nos desconectar de suas cenas, e isso é algo muito agradável de ver em um jovem ator, e claro que seu Kid acaba sendo marcante, mesmo que para isso ele tenha de fazer de tudo um pouco. Em filmes artísticos franceses é raro aparecer algum grande ator americano, mas como a trama necessitava de um americano para cair dentro do contexto, acabaram conseguindo dar uma boa personalidade para John C. Reilly, que certamente teria apenas uma pontinha no filme, já que nem nome lhe deram, mas foi incisivo nas suas cenas e agradou demais sendo bem incluído nos momentos que esteve presente. As mulheres Agathe Dronne e Ellora Torchia não se destacam tanto no filme, mas quando a Nicole de Agathe tem uma cena aonde sua voz não aparece, apenas sua expressividade, fica claro o quanto a atriz é boa nas expressões e poderia ter dado mais ao filme.
É bacana ver a ótima cenografia mostrada, ao se passar por cidades dominadas pelo mundo árabe, e o estilo impactante da Al-Qaeda logo após os ataques das torres gêmeas. E a equipe acabou trabalhando muito bem para representar tudo de um modo bem sutil para não faltar nenhum detalhe, mas que foi de certa maneira bem cru no feitio para que não se elucidasse nada além da proposta. A fotografia foi de uma bela paisagem calma e suave, para um lugar árido, ensolarado e bem fechado de ambientações, e isso soou quase como uma pancada nos espectadores, mexendo bem com tons e focos de câmera, mas o resultado acaba ficando bem forte e duro de se ver, mas que claro chega aonde deveria
Enfim, é um filme razoável que poderia até agradar mais, mas de certo modo nos faz refletir sobre as escolhas que tomamos em nossa vida, e com essa mensagem a trama acerta e conquista o público. Ou seja, é um longa que recomendo ver para refletir mais sobre tudo. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com o texto do outro filme do Festival Varilux de hoje, então abraços e até daqui a pouco.
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