O longa nos mostra que Diane é uma bela mulher com muito senso de humor e personalidade forte. Advogada bem sucedida, ela está recém-separada de um casamento que já não a satisfazia, e agora está livre para buscar a felicidade e um novo amor. Como uma ação do acaso, recebe um telefonema de Alexandre, um charmoso arquiteto que ela não conhece, mas que encontrou o telefone celular que ela havia perdido. Um simples encontro para a devolução do telefone toma um rumo inesperado.
O mais engraçado de tudo é saber que o filme não é "original", pois o longa é uma adaptação do argentino "Coração de Leão - O Amor Não Tem Tamanho", que passou no Brasil em Junho/2014, mas acabou não passando pelo interior, e que o diretor Laurent Tirard resolveu recriar o longa na versão francesa com um ator que vai atormentar a cabeça de muita gente (digo isso por mim, e pelos diversos amigos na sessão que vieram me perguntar depois, o que fizeram com Dujardin que não é um ator pequeno), pois ao ver o nome do protagonista na abertura, todos sabemos quem é o ator, mas ao vê-lo com digamos 70% do seu tamanho original, já ficamos imaginando diversos truque possíveis que o diretor possa ter usado, mas a sacada foi mais simples do que imaginamos, e vou falar dela mais para baixo. Por aqui, o que tenho de dizer é que não vi o longa argentino para saber qual versão gosto mais, mas o que posso afirmar é que a leveza dos preconceitos que Tirard conseguiu trabalhar nos remete muito ao estilo que costuma aplicar em seus outros filmes, e sem precisar de muita dinâmica, ele acabou construindo uma trama envolvente e muito bem feita, aonde os protagonistas deram um show com suas interpretações. Mas é claro que tenho de reclamar de algo, para não dizer que o filme é perfeito, e a brincadeira do cachorro aparecer uma vez foi legal, rimos, acontecer uma segunda vez, divertido, rimos de novo, mas na terceira e quarta vez já começou a ficar apelativo demais.
Sobre as interpretações, tenho de falar que a expressividade facial de Jean Dujardin é incrível, e isso lhe garantiu o Oscar em "O Artista", mas aqui ele teve uma ajudinha para dividir a responsabilidade dinâmica de seu Alexandre, pois somente o rosto é seu, o restante do corpo é de Brice Simien Baron que foi extremamente expressivo e provavelmente usou maquiagem verde no rosto para depois ser eliminada a sua cara, afinal alguns momentos até vemos um certo deslize na movimentação de ambos, mas nada que tenha atrapalhado todo o andamento do filme, e assim sendo, podemos dizer que a parceria dos 1,47 reais da movimentação corporal de Brice (que no filme ainda dizem ser 9 cm a menos) com os trejeitos perfeitos de Dujardin, compuseram um ótimo personagem envolvente e cheio de personalidade para agradar o conteúdo completo da história. Virginie Efira também se mostrou muito conectada com a sua personagem Diane, trabalhando tanto nos movimentos bem colocados, como no modo persuasivo de seus pensamentos, pois em diversos momentos ela mesmo acaba sendo preconceituosa e joga essas dúvidas para o público também que acaba julgando a história, e dessa forma a atriz trabalhou num bate-bola reflexivo que poderia até atrapalhar toda a dinâmica do filme, mas pelo contrário acabou ajudando tanto na concepção que ela desejava alcançar com a personalidade da personagem, como fez o público entrar bem no jogo do filme, o que acaba sendo sensacional de ver. São poucos os momentos dinâmicos de Cédric Kahn com seu Bruno, mas todos foram bem divertidos dentro da proposta e acabam funcionando bem, de modo que qualquer ator cairia bem dentro do personagem, mas a escolha casou bem com o estilo dele. César Domboy faz Benji que é um personagem que até poderia ser dispensado do filme, mas a conexão dele com o pai é tão bonita de se ver nas duas cenas aonde um precisa do outro e o outro precisa do um para uma troca completa de lições que certamente a remoção do personagem estragaria toda a parte mais comovente do filme, e sendo assim, o ator saiu-se muito bem e foi envolvente tanto nos trejeitos como na personalidade que necessitava. Os demais personagens funcionam mais como encaixes, mas não podia deixar de dar destaque para as boas cenas de Stéphanie Papanian como a atrapalhada e quase-psicóloga assistente de Diane, e Manoëlle Gaillard como a mãe de Diane, pois ambas funcionaram muito bem para algumas das melhores cenas cômicas do filme.
Sobre o visual da trama, a equipe não economizou nos carros, nas casas e nas obras que aparecem durante todo o filme, usando de grandes planos abertos para valorizar realmente toda a cenografia despendida para dar contexto tanto ao escritório de advocacia de Diane e Bruno, quanto ao sucesso de empreendedorismo de Alexandre, e sendo assim, a equipe foi forte e mostrou muito serviço no quesito artístico. A equipe de fotografia precisou trabalhar muito com iluminações mais fortes para dar o recorte de cabeça do personagem, e por isso, mesmo nas cenas mais escuras, tudo é bem iluminado, ou seja, não espere nuances com sombras como costuma acontecer muitas vezes em romances, pois aqui não funcionaria, e sendo assim, o tom da trama é bem vivo em tempo integral.
Outra coisa que preciso destacar, é que como toda boa comédia romântica, a trilha sonora escolhida está sensacional de ser apreciada, com músicas bem encaixadas para cada momento da trama, e que não teria como não compartilhar com meus leitores o link.
Enfim, um filme delicioso que agrada demais e recomendo com toda certeza para todos. Possui defeitos? Sim, mas são irrelevantes se juntarmos toda a premissa passada e o estilo agradável que a trama conseguiu mostrar sem pesar a mão em nenhum dos muitos preconceitos que poderiam ser colocados em pauta e funcionariam para rir da mesma forma. Portanto confiram o longa assim que possível, e volto a afirmar que certamente a data de estreia nacional teria de ter sido agora no Dia dos Namorados, mas como não veio agora, vamos torcer para que quem não assistir no Festival Varilux, veja em Agosto se vier para todas as salas. Fico por aqui hoje, mas amanhã tem mais textos no site, então abraços e até breve.
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