Algumas comédias francesas não procuram dizer muita coisa, apenas funcionar como um devaneio cômico, aonde o público acaba rindo pela situação leve que o protagonista nos propõe a seguir e só. E um diretor que gosta muito de fazer essas viagens interessantes e divertidas é Bruno Podalydès, que na maioria das vezes também escreve e protagoniza seus filmes, e em "Um Doce Refúgio" ele nos mostra que após se mostrar cansado de seu trabalho e ser fascinado por aviões, ele decide comprar algo que se assemelha muito a um avião, um caiaque, e resolve sair para navegar o rio em busca de uma realização pessoal sua, mas o trajeto acaba sendo bem curto, funcionando apenas como um afloro reflexivo para voltar aos seus bons momentos. É interessante de ver o filme, pois mesmo sendo simples demais, com quase nada para criar situações, ele acaba divertindo bem levemente pelas gags cômicas em que o protagonista se mete, mas não toma quase nenhum rumo para que saiamos do cinema com algo a mais, apenas felizes por um filme ter nos feito rir.
O longa nos mostra que Michel é um artista gráfico que trabalha com seu irmão Remi, e sempre foi fascinado pela ideia de um dia pilotar um avião. Quando descobre que a engenharia de um caiaque é muito parecida com a de uma aeronave, compra um, sem que sua esposa saiba.
A ideia do longa é interessante e foi bem trabalhada, porém poderia ser mais avançada com diferentes tipos de pessoas nas margens do rio, como acabou acontecendo nos minutos finais do filme, porém a ideia com toda certeza era outra, a de mostrar o "doce refúgio" que deu nome ao longa, e assim os diversos retornos acabam soando gostosos e divertidos dentro da proposta. Claro que o diretor, roteirista e protagonista da trama Bruno Podalydès montou todas as cenas para mostrar seu máximo, trabalhando enquadramentos que dessem boas perspectivas suas, cenas que pudesse beijar praticamente todos em cena, e claro porque não ir para cama com algumas também, mas tudo flui tão bem e de forma serena e divertida que não temos motivo para reclamar do que é feito, apenas poderia ser melhor, mas é uma reclamação mais de desejo do que de algum problema sério que estragasse o filme.
Sobre as atuações, tenho de dizer que Bruno Podalydès nos entregou um Michel bem divertido, afinal artistas gráficos costumam ser pessoas mais fechadas e reclusas, e seus trejeitos acabaram caindo bem dentro da personalidade que o protagonista pedia, ou seja, literalmente ele escreveu o papel para ele. Agnès Jaoui mostrou uma hospitalidade bém grandiosa com sua Laëtitia para com o protagonista e claro que sua desenvoltura contou muito para a criação da personagem dando asas ao imaginário masculino e agradando pela doçura e alegria com todos de seu restaurante/pousada. Vimala Pons fez de Mila, algo bem mais do que uma atriz secundária faria, pois acabou tendo muita história para contar e poucos momentos para vivenciar tudo, claro que a história não era sua, mas a jovem deu uma personalidade interessante de ser vista e acabou agradando. Sandrine Kiberlain começou bem o longa com sua Rachelle, mas acabou sendo pouco usada pela produção, claro que fez bem suas cenas e envolveu dentro do possivel, mas foi algo rápido demais para nos acostumarmos à ela. O irmão do diretor, Denis Podalydes até foi interessante nas poucas cenas também, dando uma personalidade meio banal para seu Remi, que mostra o tom da preocupação do protagonista, mas como um chefe, poderia ter feito algo menos solto demais. Michel Vuillermoz e Jean-Noël Brouté trabalharam bem num estilo mais caricato com a construção de sua balsa, mas seus Christophe e Damien não foram tão bem encaixados na trama como poderiam, mas divertiram com o que fizeram ao menos.
A grande sacada do visual do filme foi a escolha de uma locação completamente paisagística pela alta quantidade de verde, um restaurante calmo e bonito, e um rio bem margeado de árvores para dar sombra e luz na medida certa para os enquadramentos, que daí contando com toda a maluquice dos elementos cênicos que foram colocados acabou dando a comicidade na medida certa que o filme pedia. Ou seja, nada muito requintado, mas que acabou agradando para que o filme funcionasse.
Enfim, é um filme bem simples e divertido, e não temos muito nem que falar sobre ele e também nem muito para reclamar, pois algumas vezes necessitamos de algo simples e bem feito para apenas passar um tempo, refletir na nossa vida em um momento de refúgio, e voltar depois para a realidade, e essa é a proposta da trama. Então recomendo o filme apenas para quem tiver um tempinho sobrando para se divertir e goste de comédias leves, senão dificilmente entrará na proposta e sairá feliz com o que verá. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais filmes do Festival Varilux, então abraços e até breve.
PS: Até poderia dar mais nota para o longa, afinal ele foi correto e divertiu, mas poderia ser muito mais para agradar, e não necessitaria das cenas de nudez.
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