quarta-feira, 20 de julho de 2016

A Andorinha (Die Schwalbe)

Se tem uma coisa que acho meio irônica em alguns filmes é a tal busca pelo passado de uma pessoa, pois nem sempre ir atrás de algo que você desconhece completamente é algo bom, e pode ser muitas vezes amargo e trazer problemas para quem vai mexer em um vespeiro como é o caso de coisas do Oriente Médio, aonde desde algum tempo tudo vem explodindo ou se não explodiu está pronto para explodir. Porém, se não fizerem isso, não teríamos filmes não é mesmo? Então de certa forma a ideologia de "A Andorinha" é bacana e usa boas simbologias para representar o momento em que o Curdistão vive após a queda de Sadam e como foi o fim de sua era, unindo à perseguição da protagonista para conhecer seu passado junto à um desconhecido que traz muitos mistérios em sua história. Ou seja, um filme que prende bastante por poder ter qualquer desfecho e acaba agradando mesmo com um final razoável dentro de tudo o que foi proposto.

O longa nos apresenta Mira, uma jovem suíça em busca de suas raízes, que viaja para o Curdistão iraquiano, onde encontra terrorismo, crimes de guerra e justiça popular - mas também amor. O longa descreve duas tragédias de vida: quando os desejos não se realizam e quando se realizam de fato. Uma jornada pelas paisagens estonteantes do Curdistão e pela realidade política conflituosa da região, aonde acaba trazendo uma nova perspectiva quanto ao assunto tão falado nos noticiários.

Assim como é dito na sinopse, o que o diretor curdo Mano Khalil nos apresenta é uma vertente diferenciada de um assunto que tanto ouvimos nos noticiários e ao trabalhar bem toda a simbologia da busca do passado interligado por tragédias e dosar isso com o floreio da conquista e o encontro do amor entre os protagonistas das histórias, ou seja, ele trabalhou a mão para que o filme ao mesmo tempo que fosse forte, ficasse doce também, e com uma ideia não tão forçada, ele conseguiu segurar bem a presença marcante de cada um e deixar que a história fluísse sem que o público perdesse o interesse, o que é algo difícil de acontecer quando o tema não é tão comum. Além disso, mesmo sendo um longa que tem uma história tradicionalmente jornalística, o diretor floreou bem para que a dosagem ficcional não virasse nem absurda e nem fosse documental demais, e isso acabou dando um sabor gostoso de sentir com o desenrolar da trama, resultando em algo bem trabalhado que até poderia ter um desfecho diferente, mas que agrada muito.

Sobre as atuações, basicamente temos de falar somente dos dois protagonistas, pois dentre os demais atores alguns até tiveram uma aparição maior de tempo, mas pareciam simbolicamente jogados, o que não é legal de ver, e também não aparentavam estar atuando como deveriam, o que mostra um certo despreparo do diretor em trabalhar elenco de apoio. Portanto, vamos ao que interessa, falar claro de Mira, ou melhor, Manon Pfrunder que conseguiu dar leveza para sua primeira personagem em um longa, e mesmo fazendo alguns absurdos que outras pessoas não cairiam tão facilmente, acabou agradando pela boa expressividade. Ismail Zagros foi determinante para o ritmo do filme, pois a todo momento ficamos esperando que seu Ramo conte a verdade ou vá logo para os finalmente, mas também vemos o passarinho verde rodeando sua cabeça, e essa grande incógnita conseguiu amarrar bem a trama aliada claro pelos ótimos trejeitos que o ator conseguiu passar nessa missão, e assim sendo, o ponto positivo recai sobre sua cena final, que poderia ser de outra forma.

Sobre o visual da trama, temos praticamente um road-movie, já que o filme se desenrola por diversas vilas do Curdistão, e com paradas estratégicas puderam mostrar a famosa marca de terra de todos e de ninguém, aonde quem quiser matar o outro fique à vontade, tivemos belas paisagens nas cenas mais abertas e também tivemos tempo para alguns errinhos técnicos com relação ao figurino principalmente, pois os guardas mais pareciam escoteiros armados do que alguém que realmente estivesse numa guerra, claro que isso é algo que o pessoal releva, mas poderiam ter feito de forma bem diferente para agradar mais. Sobre a fotografia, o longa colocou boas nuances de sombras e trabalhou bem nas cenas no interior do carro para dar uma perspectiva mais introspectiva para os protagonistas, além claro da excelente cena noturna com fogo que deu um sombreado incrível.

Enfim, é um filme interessante, muito bem feito, mas que poderia ter um rumo reflexivo ainda melhor se tivesse um fechamento diferente, não que o que mostrou foi ruim, mas talvez mais uns minutinhos para envolver a cabeça agradaria mais. Dessa forma acabo recomendando o filme para quem gosta de longas mais fechados, pois alguns podem não curtir a dramaticidade mais dura da trama. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a primeira crítica da nova semana cinematográfica, então abraços e até breve galera.

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