Se quando a ideologia de "A Era do Gelo" começou, o esquilo Scrat era mero curta-metragem inicial do longa, hoje podemos dizer que a história mesmo por trás do quinto filme, intitulado por aqui de "O Big Bang" é sua. Não digo isso com pesar algum, pois o esquilinho é muito engraçado dentro de sua obsessão pela sua noz e acaba "criando" toda a confusão pela qual os protagonistas originais acabam passando durante toda a trama. Além dessa boa conectividade entre as "duas" tramas, o filme acabou desenvolvendo mais cada personagem, dando um tempo mais certeiro para cada um se mostrar e adequar dentro da proposta toda e isso foi algo bem inteligente por parte da direção, pois se antes todo o foco acaba ficando dentro das trabalhadas de Sid e da forma metódica de Manny e Diego, agora cada um pode mostrar mais suas qualidades e agradar chamando o público para o seu lado pessoal. De certo modo a franquia que perdeu muito foco no quarto filme, voltou com gás total nessa nova produção, e se antes esse era considerado como o último filme da turma, já podemos dizer que poderão pensar sim em mais algum ou alguns, pois tivemos teorias científicas interessantes para ver, boas doses cômicas (tanto na versão original como na versão dublada) e um desenvolvimento mais coerente para que a trama agradasse tanto aos pequenos quanto aos mais velhos, e assim sendo é um filme bem recomendado para as férias escolares.
O longa nos mostra que depois que o esquilo Scrat, involuntariamente, provoca um acidente espacial em sua incansável perseguição pela noz, um enorme meteoro entra em rota de colisão com a Terra, ameaçando o lar de Manny, Diego, Sid e cia. Sem saber o que fazer para reverter a situação, eles terão que confiar em Buck, a elétrica doninha caolha do terceiro filme – único do grupo que realmente tem um plano para evitar o trágico fim de todos. Paralelamente, Manny e Ellie têm que lidar com iminente saída de Amora de casa, ao passo que Diego e Shira pensam em aumentar a família e Sid finalmente parece encontrar o amor.
Embora o quarto filme tenha sido divertido e trabalhado bem algumas ideias, o longa de certa forma acabou não desenvolvendo tantas propostas mais condicionadas que vinham aparecendo desde o primeiro filme (mesmo que com uma cronologia invertida devidamente estranha humanos -> dinossauros -> big bang -> o que veremos no próximo???), e aqui o diretor Mike Thurmeier, que assumiu o barco após o brasileiro Carlos Saldanha, criador da série, decidir que só iria ganhar dinheiro produzindo os filmes e não mais dirigindo, conseguiu voltar bem com a proposta familiar bem encaixada e dar contexto para que a trama se desenvolvesse, não ficando disposta apenas à uma aventura desenfreada. Claro que isso para os pequenos vai passar despercebido, já que todos vão apenas conferir o grande colorido e a diversão irreverente da trama, que aqui com muitos efeitos elétricos acabam chamando atenção em demasia, mas para os pais que forem levar os filhos, ou aqueles que vão mesmo por gostar de animações (dessa vez felizmente algumas redes optaram inclusive por trazer cópias legendadas para os que gostam de ver versões originais, em Ribeirão Preto no caso, em Imax 3D inclusive no UCI) vão se divertir muito com cada boa sacada inserida, para as piadas ligando mídias sociais e até abusando de ideias científicas que muitos julgavam inúteis na época da escola. Ou seja, com um roteiro mais completo e um design cênico bem trabalhado, é garantida a diversão para todas as idades e mostra que o diretor conseguiu acertar seu rumo.
Como disse, cada personagem teve seus bons momentos para chamar a atenção, e dessa vez por ter assistido em sequência a versão dublada e a legendada, pude comparar o carisma e as piadas inseridas na trama por cada personagem. O trio principal (Manny, Diego e Sid) que é mantido desde o primeiro filme é bem conexo em ambas as versões (com Diogo Vilela/Ray Romano, Márcio Garcia/Denis Leary e Tadeu Mello/John Leguizano trabalhando bem suas entonações) e agradam com as perspectivas mais diversas, Manny está enfrentando a saída de casa da filha para um genro tão desastrado quanto ele, Diego pensando em aumentar a família, mas com seu ar de malvado fica na dúvida se é uma boa opção, e Sid com toda trapalhada que sempre se mete está em busca de finalmente encontrar seu amor e mostrar no que realmente é bom em fazer, e com toda essa dinâmica o filme nem precisaria de outras tramas, mas é claro que não deixariam apenas nisso, e pensando nisso voltaram com a doninha maluca Buck do terceiro filme que aqui está mais pirado ainda e agrada bem com o carisma que acaba criando pela insanidade (nesse caso a versão dublada em português teve algumas nuances melhores), e também tivemos o desenvolvimento dos dino-aves, como são chamados a família de uns pássaros estranhos, que agradam bem na desenvoltura de cada um tendo um estilo próprio, e o vilão bonzinho Roger que no nacional foi dublado pelo youtuber Windhersson Nunes até teve bons trejeitos, mas ao ver a versão original com Max Greenfield é notável que a personalidade é completamente diferente e os trejeitos também, claro que ele deixou mais sua cara e isso é bacana de ver, mas em alguns momentos o foco é outro, e poderia ter exagerado menos. A preguiça Brooke também agradou tanto na voz de Jessie J como na versão nacional de Ingrid Guimarães, porém na hora da cantoria jogaram para a americana e optaram por não dublar a música, o que talvez agradaria também se conseguissem dar um bom tom, afinal a atriz brasileira é boa em musicais também, mas deixaram para apenas mostrar o tom suave de ambas. Enquanto a comicidade de Scrat sem falar nada se desenvolve muito bem pelo espaço, na terra as piadas mais "sujas" ficaram a cargo claro da Vovó Preguiça, e da dupla Eddie e Crash que também tiveram piadas bem modificadas nas duas versões, e embora na nacional sejam mais conectadas com o público jovem, na americana ficaram também bem engraçadas de se ver. Ou seja, em ambos os filmes a ideologia segue para um rumo só e agradam bastante, mas na original apelam menos e ainda assim divertem com boas sacadas e trejeitos mais bem colocados para as vozes que realmente nos chamam a atenção, enquanto na nacional destoam um pouco dessa comicidade mais singela.
Sobre o visual da trama, foram bem coerentes com as ideias físicas e estruturais para não passar "tanto" vexame, e claro que com muitas cores e texturas, a trama acaba agradando demais em cada cena, seja por pequenos elementos cênicos bem interessantes (a cena do bar com os amigos tomando um drinque feito pelos porquinhos foi perfeita) até a grandiosidade do espaço sendo formado, ou mais para o final com a colônia hippie Geotopia cheia de elementos abstratos bem bacanas de ver na tela, ou seja, um trabalho artístico minimalista que não se ateve tanto a trabalhar com texturas demais, mas soube dosar cada ponto como se fosse único para que o público enxergue detalhes. Claro que com muitas cores e diversos elementos voando pela tela, o 3D funciona muito bem tanto em perspectiva de profundidade quanto saltando aos olhos do público e isso faz com que o ingresso numa sala Imax compense para quem gosta de brincar com tudo o que aparece. Com toda certeza poderiam ter abusado ainda mais, mas já foi uma boa diversão o conteúdo completo usado, e principalmente por não ser apenas cenas inúteis usando da tecnologia, dando ares de que pensaram no que poderia ser usado para funcionar bem.
Enfim, é um filme bem bacana que agrada na comicidade proposta e mostra que quem sabe ainda podem fazer mais alguns filmes da série, só não sei para que rumo poderiam atacar agora, mas veremos em breve com a bilheteria o que podem anunciar. Ou seja, recomendo que todos vejam a animação seja para se divertir ou para levar alguém para se divertir, pois se muitos ficaram em cima do muro com o longa anterior, dessa vez a unanimidade de felicidade certamente vai ser maior. Como tenho de pontuar, poderiam ter trabalhado mais os personagens da colônia, pois foram apenas apresentados rapidamente o líder Shangri Lhama e Brooke, deixando que o restante apenas aparecesse em cena, e ali certamente o filme teria rumos interessantes de se ver, mas talvez se alongasse demais. Bem é isso pessoal, essas foram as estreias da semana, mas felizmente a próxima começa mais cedo na terça com o Festival Suíço do SESC iniciando e também com uma pré-estreia na quarta, então abraços e até lá.
PS: Quem tiver com tempo veja as duas versões para comparar, pois é bem legal ver que temos praticamente dois filmes usando apenas da forma expressiva de cada personagem com os dubladores de seus países.
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